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Para advogada, olhar para negros começou com Lula

Linha fina
Em seminário pela semana da Consciência Negra, palestrante destacou que ações afirmativas iniciadas durante o governo popular e democrático, como o Prouni, foram fundamentais para combate ao racismo
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São Paulo - “O preconceito está pregado em nossa sociedade e temos muito que avançar para conquistar um país mais justo para todos.” Foi dessa maneira que a secretária de Relações Sindicais e Sociais do Sindicato, Maria Rosani, abriu o seminário sobre o negro e o mercado de trabalho nesta sexta-feira 22, na sede da entidade. O evento, que antecedeu a 13ª edição do Cortejo Afro dos Bancários, faz parte das atividades que celebram o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro.

A advogada e mestre em Direito Político e Econômico Alessandra Devulsky (foto ao lado), do Instituto Luiz Gama, traçou um panorama dos negros no Brasil, desde a escravatura, até o governo Lula, com a criação de ações afirmativas como o Prouni (Programa Universidade para Todos). “É só a partir do governo Lula que começa a preocupação em saber quem é o negro no Brasil, como ele vive, e então é criada a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial. A partir de então, políticas de igualdade de oportunidade como o Prouni foram implementadas”, destaca Alessandra, que vê como fundamental o tipo de ação para o combate ao racismo no país.

Criado em 2004, pela Lei nº 11.096/2005, o projeto tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos integrais e parciais em instituições privadas de educação superior. Em 2005, foram oferecidas 112 mil bolsas de estudo entre integrais e parciais, número que chegou a 252 mil em 2013. Desde sua criação, mais de 633 mil alunos atendidos foram negros.

Para Alessandra, ações afirmativas como o Prouni são vistas por grande parcela da sociedade como “modelos diabólicos para tirar do não negro”, enquanto “ações afirmativas só existem diante da desigualdade e são temporárias”, já que o objetivo é justamente alcançar a igualdade.  

A advogada lembrou que esse tipo de ação nas áreas de educação, saúde e assistenciais, como o Bolsa Família, são legítimas, levando-se em consideração que “estão dentro dos altos valores republicanos democráticos do Brasil”.

Mercado de trabalho – Durante o seminário, o dirigente sindical e coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato, Júlio Cesar Santos, apresentou dados sobre os negros no mercado de trabalho e defendeu que o Prouni foi um grande feito para a inclusão de negros no sistema educacional. No entanto, há muito o que se fazer para inclusão desses universitários no mercado de trabalho. “Em 10 anos, negócios criados por negros tiveram crescimento de 29% enquanto dos brancos cresceu 1%”, ressaltou. Para ele, falta vagas de trabalho para os negros, que sofrem com o preconceito para ingressar em empresas, e por isso, abrem seus próprios negócios.

Nos bancos – No sistema financeiro, a presença dos negros é um exemplo da falta de igualdade. Em todo o Brasil, apenas 19% do quadro de funcionários das instituições financeiras é formado por negros. A informação é da própria federação dos bancos.

Segundo a edição de 2012 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, a maior parte dos bancários negros está nos cargos de menor hierarquia. No posto de auxiliares de escritório 30% são negros. Em cargos de gerência, 14%, enquanto apenas 4% estão na diretoria. Segundo Júlio Cesar, mesmo trabalhando na mesma função, eles recebem, em média, 84% do salário dos brancos.

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Gisele Coutinho – 22/11/2013

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