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Dilma: Mandela levou com paixão o fim do apartheid

Linha fina
Lula recorda 'uma das figura mais extraordinárias que conheci'. ONU elogia 'fortaleza moral' capaz de superar discriminação. Obama ressalta que Mandela fez mais do que qualquer homem é capaz de fazer
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São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff lamentou, em nota, a morte do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, de 95 anos, anunciada na quinta 5. Para a brasileira, o líder que lutou contra a discriminação é “personalidade maior do século 20”.

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“Mandela conduziu com paixão e inteligência um dos mais importantes processos de emancipação do ser humano da  história contemporânea – o fim do apartheid na África do Sul. Seu combate transformou-se em um paradigma, não só para o continente africano, como para todos aqueles que lutam pela justiça, pela liberdade e pela igualdade”, diz o comunicado emitido pelo Palácio do Planalto minutos após o comunicado oficial do governo da África do Sul.

Mandela morreu em casa, para onde havia sido levado em 1º de setembro, após três meses de internação para tratamento de uma infecção hospitalar. Responsável pelo fim do regime de segregação dos negros na África do Sul, conquistou o respeito de adversários e críticos devido aos esforços em busca da paz. Ele foi o primeiro presidente negro do país, de 1994 a 1999, e recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1993.

“O governo e o povo brasileiros se inclinam diante da memória de Nelson Mandela e transmitem a seus familiares, ao Presidente Zuma e aos sul-africanos nosso sentimento de profundo pesar. O exemplo deste grande líder guiará todos aqueles que lutam pela justiça social e pela paz no mundo”, acrescentou Dilma.

Em Diadema, onde participava de evento do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu um minuto de silêncio em memória de Mandela. “Tive a grata satisfação de ter feito parte de uma geração que brigou contra o apartheid. Tive o prazer de me encontrar com o companheiro Mandela em 1994, em Cuba, na comemoração do 1º de maio. Tive o prazer de ser recebido pelo Mandela quando fui candidato e tive o prazer de sentir o significado da conquista da liberdade para um povo".

"O grande legado do Mandela foi fazer com que o povo negro da África do Sul descobrisse uma coisa que parece simples, mas não é. Se a maioria do povo era negra, não tinha o menor sentido a minoria branca continuar governando aquele país. Mandela foi uma coisa boa que de vez em quando Deus projeta nas nossas vidas. O mundo perdeu uma das figuras mais extraordinárias que conheci.”

Logo após saber da morte, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convocou um discurso no qual afirmou que Mandela "fez mais do que se pode esperar de qualquer homem" e desejou que seu legado continue inspirando a humanidade. "Madiba transformou África do Sul e nos comoveu", declarou, na Casa Branca. "No dia em que foi liberado entendi o que um homem pode conseguir com sua esperança, deixando de lado seus medos."

Obama citou as palavras do próprio Nobel da Paz quando foi julgado, em 1964: "Lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Abriguei o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com igualdade de oportunidades. É um ideal que espero viver e conseguir. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer."

Para o presidente dos Estados Unidos, Mandela "viveu por esse ideal e o tornou real" e o inspirou a ingressar na vida política ao protestar por igualdade racial. Obama disse que hoje o mundo perdeu "um dos seres humanos mais influentes, valentes e profundamente bondosos, (...) com uma vontade inflexível de sacrificar sua própria liberdade para conseguir a liberdade dos demais".

Em Nova York, o secretário-geral da ONU,  Ban Ki-moon, afirmou durante entrevista coletiva que Mandela foi “uma inspiração à humildade. Sua luta por igualdade, a justiça, tocou nossas vidas de uma forma muito especial”. Para o sul-coreano, o sul-africano foi o exemplo de que se pode construir um mundo melhor a partir de um exemplo de “força moral” que superou 27 anos de prisão para chegar ao comando de seu país e romper com barreiras étnicas.

“Foi um homem decente. Tão humano. Um grande homem do mundo. Estamos agradecidos com sua contribuição para fazer deste mundo um mundo mais justo. Há muitas pessoas que fizeram isso possível, foi um momento de muita inspiração para mim”, acrescentou Ki-moon. "Estou profundamente triste pela morte de Nelson Mandela, um campeão pela justiça. Ninguém como ele fez tanto pelos valores e aspirações das Nações Unidas."

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, qualificou Mandela como um "herói de nosso tempo". A bandeira do número 10 de Downing Street, residência oficial do chefe do governo britânico, ficará a meio mastro em homenagem ao Nobel da Paz. "Perdemos uma grande luz que tínhamos no mundo. Pedi que a bandeira do número 10 tremule a meio mastro", disse o conservador em sua conta oficial no Twitter.

Já o presidente francês, François Hollande, afirmou que Mandela era “um resistente excepcional” e “um combatente magnífico”. Em comunicado, ressaltou que o líder foi “a encarnação da nação sul-africana, o cimento da sua unidade e o orgulho de toda a África”.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, destacou as mudanças promovidas por Mandela. “Mandela mudou o curso da história para a sua população, para o seu país, para o seu continente, para o mundo. Os meus pensamentos estão com a sua família e com a população da África do Sul”, disse o português, também pelo Twitter.

Segundo o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, a memória do líder da luta contra a segregação racial deve ser reverenciada. Van Rompuy definiu Mandela como “uma das maiores figuras políticas do nosso tempo”. "Honremos a sua memória com o compromisso coletivo com a democracia”.


Rede Brasil Atual, com informações da Agência Brasil, da TeleSur e da EFE - 6/12/2013

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