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Doenças mentais superam LER em afastamentos

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Transtornos mentais e comportamentais passam na frente de lesões por esforços repetitivos e se tornam os maiores motivos de afastamento da categoria bancária pela Previdência
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São Paulo – Os bancários estão se afastando mais por doenças mentais que por LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), segundo estatísticas do Ministério da Previdência Social. O fato é inédito e demonstra que o assédio moral e as metas abusivas impactam diretamente na saúde do bancário, causando prejuízos profissionais, familiares e para toda a sociedade.

Assédio moral é o tema escolhido pelo movimento sindical, dentre eles a CUT (Central Única dos Trabalhadores), para o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, 28 de abril. Com o slogan “Assédio moral no trabalho e violência organizacional adoecem e podem matar!”, o objetivo é pressionar os parlamentares a agilizar projetos de lei em trâmite no congresso para coibir a prática, já que o Brasil é um dos únicos países do mundo sem legislação específica.

De acordo com dados de 2013, os transtornos mentais e comportamentais saíram na frente de todas as outras causas de afastamento da categoria, representando 27% do total de benefícios, com um número de 5.042 casos. As doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo vieram em segundo lugar, com 4.589 casos, ou seja, 24,58% do total.

A situação se inverteu em comparação aos dados do ano anterior. Em 2012, em primeiro lugar vinham os afastamentos por doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, com 5.711 afastados, isto é, 27% dos benefícios. As doenças mentais, cujos afastamentos crescem a cada ano, chegavam perto mas ainda estavam em segundo lugar:  elas foram responsáveis, em 2012, por afastar 5.425 bancários, ou 25,7% do total.

> Assédio moral ganhou dimensão nos anos 90

Assédio e metas – Para a secretária de Saúde do Sindicato, Marta Soares, “os dados mostram que a maior causa de afastamento na categoria é o adoecimento mental, que, por sua vez é causado por assédio moral e pelas cobranças de metas abusivas, que trazem sofrimento e adoecimento à maioria dos bancários”.

Por outro lado, em declaração ao IG, em reportagem da quinta-feira 24, Magnus Apostólico, diretor de Relações do Trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), diz que as metas não são responsáveis pelo aumento do assédio moral.

Marta ressata que os bancos sempre se negaram a admitir a relação entre as metas abusivas e o adoecimento. “Eles também se negam a discutir as metas. No entanto, os números e todos os bancários que atendemos provam que o que leva ao adoecimento é esse modo de gestão, com cobrança por metas e o assédio moral, prática perversa em todos os bancos, seja nos departamentos ou agências”, afirma.

Só neste ano de 2014, o Sindicato recebeu 116 denúncias de trabalhadores sobre assédio moral. “O problema é grave e sempre orientamos os trabalhadores a cuidarem de sua saúde e exigirem seus direitos quando adoecidos pelo trabalho”, afirma Marta. “Orientamos também que denunciem as más condições de trabalho e o assédio moral, para que possamos cada vez mais coibir essa prática”, diz.

> Acesse o canal de denúncias sobre assédio moral

A dirigente relata que a luta contra o assédio nos bancos não é recente e já trouxe avanços: “Há anos o Sindicato coloca em pauta a discussão do assédio moral com os bancos e, finalmente, em 2013, foi incluída uma cláusula que institui um Grupo de Trabalho para análise das causas dos afastamentos dos empregados dos bancos”, conta. A cláusula 61ª da Convenção Coletiva da categoria, que vale nacionalmente, estabelece um grupo para analisar em detalhe os motivos de adoecimento dos bancários e tem prazo até 31 de agosto desse ano.

Epidemia - O “Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho” foi instituído em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina nos Estados Unidos em 1969.

No Brasil, em 2012 foram registrados 705 mil acidentes, gerando 14.755 casos de invalidez permanente e 2.731 mortes.

Os números, porém, representam apenas uma pequena parte da realidade, pois se referem unicamente à quem está vinculado à Previdência, não incluindo servidores públicos estatutários e desconsiderando milhões de trabalhadores informais e os autônomos. Também é evidente que, apesar de a legislação brasileira determinar a notificação de acidentes e doenças, as empresas descumprem sistematicamente essa exigência.

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Mariana Castro Alves – 25/4/2014

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