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Atos do Dia do Trabalho marcam Fla-Flu pré-eleitoral

Linha fina
Em palanque ao lado de Aécio e Campos, Paulinho da Força pede prisão para Dilma e irrita ministros e presidentes de centrais, que saem em defesa de manutenção de projeto encabeçado pela presidenta
Imagem Destaque
São Paulo – Que os atos do Dia do Trabalho estavam fadados a antecipar embates eleitorais, ninguém duvidava. A lista de convidados dos dois principais eventos, em São Paulo, permitia antever que o palco da Força Sindical seria espaço propício para opositores a Dilma Rousseff criticarem o governo, enquanto da festa de CUT, CSB e CTB se esperava a defesa do projeto iniciado em 2003 por Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas os ataques contra a presidenta promovidos pelo presidente licenciado da Força, deputado Paulo Pereira da Silva, fizeram subir a temperatura dos embates.  “Vocês viram a banana que jogaram no Daniel Alves? Quem merece uma banana é ela. Quem aí sabe fazer o gesto da banana? Vamos dar uma banana para a Dilma”, afirmou Paulinho, num palco para o qual foi convidado um humorista imitando a presidenta.

“A Dilma deveria é estar na Papuda, junto com os outros, pelo que fez com a Petrobras. Destruiu a maior empresa do Brasil”, completou o deputado, em referência aos integrantes do PT condenados no julgamento da Ação Penal 470, o mensalão.

Ao lado do pré-candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves, Paulinho desmereceu o pronunciamento feito na véspera por Dilma, anunciando correção da tabela do Imposto de Renda e aumento de 10% no Bolsa Família.

Adversários – As medidas de Dilma foram alvo também de comentários do candidato tucano à Presidência: “Ela (Dilma) foi ontem (dia 30) à televisão falando que quer dialogar com a classe trabalhadora e hoje está fechada no Palácio do Governo, não veio aqui olhar para vocês, explicar porque a inflação voltou, porque o crescimento sumiu e porque a decência anda em falta no atual governo”, atacou Aécio.

Mais tarde, Paulinho recebeu no evento organizado na zona norte da capital paulista o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, até o ano passado aliado do Palácio do Planalto, e que nas últimas semanas vem ensaiando uma plataforma liberal de governo, chegando inclusive a afirmar que o modelo de crescimento econômico baseado no aumento das vagas de empregos e do consumo está esgotado.

Divergências – No próprio ato da Força houve reações. Os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-geral da Presidência, e Manoel Dias, do Trabalho e Emprego, lamentaram o tom adotado por Paulinho. No palco, Carvalho disse que aquele ato era dos trabalhadores, e não do deputado, e saiu em defesa do governo. “Com muita segurança, olhando nos olhos de todos vocês, podemos garantir que seguiremos lutando pelos trabalhadores. Nós estamos na luta todos os anos. Não apenas a cada quatro anos, como eles. Quem queria privatizar a Petrobras foi Fernando Henrique Cardoso. Quem chamou os aposentados de vagabundos foi Fernando Henrique Cardoso. Quem causou arrocho salarial dos trabalhadores foi Fernando Henrique Cardoso. E ele quer voltar na figura do Aécio”, rebateu, numa linha de pensamento que se repetiria ao longo dia.

Centrais repudiam – À tarde, em entrevista coletiva, os presidentes das centrais que organizaram o ato no Anhangabaú, no centro da capital, somaram vozes à crítica contra as declarações de Paulinho. “Façam uma comparação da trajetória de vida da presidenta Dilma e da trajetória de vida de Paulo Pereira da Silva. Aí vocês concluam de quem a Papuda está mais próxima”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, durante conversa com jornalistas.

Também em entrevista, o ministro Manoel Dias reiterou sua objeção à conduta do deputado. “Temos de consolidar a democracia com respeito. Ela é uma autoridade eleita pelo povo. A divergência tem de ser no campo das ideias, das propostas”, afirmou. Para ele, a manifestação “dá guarida àqueles que querem desmoralizar as instituições democráticas”.

No palco, os presidentes de centrais cobraram reflexão no 1º de Maio a respeito de conquistas obtidas pelos trabalhadores nos últimos anos. A valorização do mínimo, a criação de empregos e o aumento do poder de compra foram citados entre os avanços que deveriam ser levados em conta em outubro deste ano. “A oposição diz que é uma ameaça à economia uma grande oferta de empregos. Por isso que a gente tem de saber nesse 2014 exatamente qual caminho vamos tomar. É importante a gente refletir sobre isso”, afirmou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, em alusão aos gurus econômicos do PSDB, que têm dito que a valorização salarial provoca inflação e que o país estaria melhor com uma taxa de desemprego mais elevada. “A oposição é uma volta atrás. É perda de conquistas, é perda de direitos. Impossível ir adiante com eles. Temos de saber para onde ir. Temos de conseguir mais vitórias, mais conquistas.”


Rede Brasil Atual – 2/5/2014
 
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