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Vale-cultura faz girar R$ 13,7 milhões na economia

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Bancários são exemplo por conquistar na convenção coletiva cartões que permitem compras de produtos culturais. Setores de livros e revistas foram os que mais ganharam
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São Paulo – Os ganhos trazidos pelo vale-cultura foram divulgados pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, em encontro com representantes de sindicatos de metalúrgicos, na segunda 7. O cartão – cuja implantação em convenção coletiva de trabalhadores se deu, pela primeira vez, com os bancários – já movimentou R$ 13,7 milhões, em seis meses desde sua implantação.

O setor de jornais, revistas, livros e papelaria foi o que mais ganhou com a instituição do vale, hoje distribuído para 215.600 trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos, de todas as regiões do Brasil: foram R$ 12 milhões consumidos com o segmento.

“Quando começamos a falar do vale-cultura, as editoras e a Livraria Saraiva já começaram a se preparar. E foram mesmo beneficiados”, declarou a ministra.

Bem atrás aparece o consumo com cinema, com R$ 1,2 milhão, representando 9,2% do total. O comércio de instrumentos musicais e acessórios ficou em terceiro lugar, com R$ 180 mil gastos, ou seja, 1,3% de todo o montante. A venda de discos, CDs, DVDs e fitas veio logo atrás, com R$ 90,6 mil, o que significou 0,66% do total consumido.

“Os cinemas agora estão mais ágeis. Cadeias como o Cinemark e Kinoplex já entraram”, informa Marta.

Já o teatro, um dos setores que mais reivindicavam o vale, ficou em quinto lugar, com R$ 52,6 mil, parcela de 0,38% do total. Para a ministra, muitos não vendem ingressos por cartão e ainda não se apoderaram do benefício: “Talvez estejam esperando o sistema ter mais musculatura. Se pensarmos em espetáculos mais caros, como um Rei Leão, é possível que reservem uma quinta-feira para o vale-cultura, por exemplo”.

No caso dos bancários, os associados ao Sindicato podem usar o vale e ainda ter desconto em algumas peças teatrais cadastradas.

Ampliação – Os números tendem a crescer, pois estão cadastrados 712.541 trabalhadores, sendo que, desses, apenas 215 mil já têm o cartão.

Para Marta, isso tem ocorrido porque as operadoras e as empresas estão demorando para mandar e distribuir os plásticos. Assim, para ampliação para outras categorias além dos bancários, seria importante agilizar o processo: “Se 200 mil gastaram R$ 13 milhões, imagine o que quase um milhão de pessoas vão consumir. O vale-cultura mexe em toda a cadeia produtiva cultural. E a cultura tem impacto enorme na economia. Ainda não se foca muito nisso, mas o vale tem potencial para atingir 5,1 milhões de empresas do país e beneficiar até 42 milhões de trabalhadores. Isso pode injetar na economia R$ 25 bilhões ao ano”.

Lazer e educação – O vale-cultura não representa apenas ganhos para negócios culturais, mas também aponta para incremento em qualificação e educação para quem tem o direito.

Ao considerar que, em um ano, um trabalhador recebe R$ 600 de vale, de acordo com a ministra durante esse período é possível consumir 40 sessões de cinema ou 35 peças de teatro, 28 livros, 50 entradas em eventos de arte e 12 shows musicais. “É bastante. Isso muda a vida de uma pessoa. É uma qualificação extraordinária, além de ser lazer", afirma.

E como é cumulativo, é possível pagar cursos: “Os beneficiados estão comprando instrumentos musicais. Daqui a pouco vão fazer cursos de música, de artes, etc. E vão investir em educação”, diz.

Equilíbrio – O número de cartões é maior na região Sudeste do país, com 65% do total. No segundo lugar empatam o Nordeste e o Sul, com 11%. O Norte distribui 7% dos cartões e o Centro-oeste, 5%.

“É muito positivo haver equilíbrio no Sul e no Nordeste. Isso não ocorre, por exemplo, com a Lei Rouanet, em que Sudeste e o Sul estão muito além”, avalia a ministra.

O aumento da adesão, para Marta Suplicy, virá com o convencimento tanto dos empregadores quanto dos fornecedores de serviços culturais. “Já estamos mais fortes do que o vale-alimentação, quando foi lançado. E esse era lei. Mas, para realmente conseguirmos um incremento, é preciso colocar o benefício nos acordos de trabalho coletivos”, analisa.

Para os bancários, o vale é uma conquista da Campanha Nacional de 2013. O funcionário deve ganhar até cinco salários mínimos, ou seja, até R$ 3.620. Graças à luta dos trabalhadores, os bancos aderiram e a categoria mostrou, mais uma vez, ser vanguarda na conquista de direitos.


Redação, com informações de O Estado de S. Paulo – 7/7/2014

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