Pular para o conteúdo principal

Está faltando água? Relate!

Linha fina
Levantamentos reúnem informações para questionar períodos em que população enfrenta escassez ou falta de água; Ministério Público apura omissão da Sabesp no abastecimento do estado de São Paulo
Imagem Destaque

São Paulo – O governador Geraldo Alckmin nega, mas evidências indicam que diversos pontos do estado de São Paulo sofrem com o racionamento de água, sobretudo na região metropolitana, que engloba a capital.  Pelo menos dois levantamentos em curso na internet reúnem informações de consumidores que desmentem a versão oficial do governo estadual, de que o racionamento não existe.

Um dos levantamentos está sendo realizado pelo Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) e pode ser acessado pelo www.idec.org.br/especial/to-sem-agua.

De acordo com a advogada do Idec, Claudia Almeida, os relatos obtidos por meio da campanha até agora deixam a população em estado de alerta. “As informações que temos recebido confirmam que a falta de água em São Paulo não é um fato isolado, há um racionamento que vem ocorrendo de forma mascarada. O racionamento deve ser declarado, para que seja feito de forma igualitária e transparente”, reforça.

Entre 26 de junho, quando a consulta começou, até 10 de julho foram registrados 178 relatos de falta de água. Na maioria dos casos (74%), a escassez acontece no período noturno, seguido por manhã (16%), durante o dia (13%) e no período da tarde (4%). Além disso, 58% dos participantes percebem comprometimento na qualidade de água.

Já em relação à frequência, 76% dos relatos apontam que falta água todos os dias, pelo menos uma vez ao dia. Em seguida, 14% apontam escassez em mais de uma vez por semana e 4 % mais de uma vez por dia. As pessoas que relataram a falta de água residem nas regiões Oeste (30%), Norte (26%), Sul (17%), Leste (18%) e Grande São Paulo (8%).

Faltou água – Em outro levantamento (www.faltouagua.com), o consumidor pode, por meio de um mapa do estado de São Paulo, indicar o local que sofre com o racionamento e relatar o ocorrido. E as denúncias são abundantes e carregadas de indignação.

“Tá faltando água todos os dias, aqui em casa não tem horário com água e outro sem, e isso já faz cinco dias. Há pouco acabou o restinho que tinha na caixa d’água”, relatou uma moradora do Jardim Bonfiglioli.

“Na zona oeste de SP, vem ocorrendo sim, o racionamento de água! Governador mentiroso! Todos os dias, por volta das 20h a água é fechada e só retorna no dia seguinte por volta das 6h!”, desabafou um morador do Jaraguá.

“Parque Novo Mundo falta água das 22h às 6h, quando não falta, a pressão é reduzida”, relatou um morador da zona leste.

“Falta de água é todos os dias. O governador diz que não tem racionamento de água, porque não é na casa dele!”, afirmou outra cliente da Sabesp.

Omissão – O estado de São Paulo passa por uma crise hídrica sem precedentes. O Sistema Cantareira, que abastece cerca de 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, atingiu 18,5% de sua capacidade na sexta-feira 11, mesmo com a utilização do chamado “volume morto” – reserva de água que se localiza abaixo do nível das comportas dos reservatórios. Se esse volume for desconsiderado, as represas do Sistema Cantareira estariam com reservatórios a menos de 1%.

A Sabesp pretende utilizar, até o fim de novembro, 200 bilhões dos 400 bilhões de litros que compõem o volume morto. Contudo, se a seca se mantiver, esse primeiro volume deve acabar em outubro.

A companhia vem redirecionando água dos reservatórios Guarapiranga e Alto Tietê, este também em níveis preocupantes de redução do volume de água, para atender parte da demanda originalmente atendida pelo Cantareira.

Justiça – O Ministério Público cobra explicações do governo do estado sobre remanejamento de água do Sistema Alto Tietê a áreas atendidas pelo Cantareira. O complexo Alto Tietê atende a dois municípios do ABC paulista: Santo André e Mauá.

“Visualmente, constatamos que os dois sistemas têm um baixo volume de água (Cantareira e Alto Tietê). Vamos apurar com o inquérito se houve omissão no gerenciamento ou irregularidade na iniciativa de desviar a água”, afirmou o promotor de Justiça Ricardo Manuel Castro, autor do inquérito.


Redação, com informações do Idec e da Rede Brasil Atual – 16/7/2014

seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1