Pular para o conteúdo principal

Investimento social eleva condição humana no país

Linha fina
Pnud mostra que programas sociais, valorização do salário mínimo e aumento da oferta de crédito mantiveram país em ascensão no ranking do IDH compilado pela ONU
Imagem Destaque

São Paulo – O Brasil subiu no ranking mundial de desenvolvimento humano em 2013 graças a políticas públicas de investimentos sociais, como programas de distribuição de renda, valorização do salário mínimo e ampliação da oferta de crédito.

Segundo dados divulgados na quinta-feira 24 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), entre 187 países o Brasil ficou em 79º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2013, um posto acima de 2012. Subiu de 0,742 para 0,744 em uma escala de 0 a 1, onde quanto mais elevado for, melhor é. Pela metodologia, o Brasil tem alto desenvolvimento humano por ter nota acima de 0,7.

> Confira o ranking completo

O IDH tem base na expectativa de vida, renda e educação usando dados do Banco Mundial, da Organização Mundial do Trabalho e Unesco. A linha de pobreza está fixada em US$ 1,25 por pessoa por dia.

Em 2013, o país registrou 73,9 anos de expectativa de vida, 7,2 anos de média de estudo, 15,2 anos de expectativa de estudo para as crianças que atualmente entram na escola e renda nacional bruta per capita de US$ 14.275 ajustada pelo poder de compra. O país subiu 36,4% em relação a 1980. Naquele ano, a expectativa de vida correspondia a 62,7 anos, a média de estudo era de 2,6 anos, a expectativa de estudo somava 9,9 anos, e a renda per capita totalizava US$ 9.154.

Salário e renda – O estudo aponta que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e a política de valorização do salário mínimo, por exemplo, fizeram o consumo dos 40% mais pobres continuar a crescer em ritmo maior que a média do resto do país, impedindo o retorno à pobreza após a crise econômica global de 2008.

Andréa Bolzon (foto à esquerda), coordenadora do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, acrescenta que a ajuda às populações mais pobres veio também com a ampliação do crédito, mantendo a formalização do mercado de trabalho por meio do estímulo ao consumo interno.

“No mundo inteiro, existe a tendência de queda do emprego e aumento da informalidade. O Brasil é um dos poucos países a registrar aumento do emprego e diminuição do trabalho informal entre 2007 e 2010”, diz Bolzon. “Ano a ano, a nota do Brasil aumenta. Muito disso tem a ver com as políticas de redução das vulnerabilidades.”

Desigualdade – Se a desigualdade social fosse incluída no ranking, o Brasil estaria em 95º lugar com índice 27,15% menor: 0,542.

A maior diferença está na renda, com 39,7% de média entre ricos e pobres. Na educação é de 24,7%, e de 14,5% na expectativa de vida. Na América Latina e Caribe, são 36,3%, 22,2% e 13,2%, respectivamente.

A cada ano, porém, o Brasil tem reduzido o impacto da desigualdade no IDH. Em 2006, a nota caíra 29,6%.

“O IDH ajustado pensa em oferecer uma análise a mais, um índice de apoio, mas o índice tradicional não deve ser deixado de lado”, explica Andréa.

Entre os Brics, as formas de desigualdade são diferentes. Na Índia, a principal é na educação, com 42,1%, enquanto na renda corresponde a 16,1%. Na Rússia, a desigualdade na renda está em 22,9%, mas praticamente não há disparidade na educação. Na Argentina a queda seria de 0,808 para 0,680, a menor diferença na América Latina. No Chile, país latino-americano com maior IDH pelo critério tradicional (0,822), a nota cairia 19,6%.

IPM – Além do ranking do IDH, o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014 apresentou o Índice de Pobreza Multidimensional, o chamado IPM, para 91 países. O IPM usa dados nacionais (Pnad e IBGE, no caso do Brasil) mais abrangentes, como indicadores de nutrição, mortalidade infantil, anos de estudo, taxa de matrícula e a qualidade do domicílio (gás de cozinha, banheiro, água, eletricidade, piso e bens duráveis).

“O Índice de Pobreza Multidimensional procura não captar apenas a renda, mas as condições materiais de sobrevivência”, diz Bolzon, lembrando que o IPM não permite a comparação entre países por causa da falta de padronização dos dados. “A melhor maneira de comparar o Brasil é com ele mesmo. Os indicadores mostram que há uma evolução significativa na redução da pobreza multidimensional.”

O Brasil reduziu em 22,5% o IPM entre 2006 e 2012 e de 11,2% para 7,4% na fatia dos que estão próximos à pobreza multidimensional. Nos mesmos seis anos, a proporção de pessoas em pobreza severa regrediu de 0,7% para 0,5%, bem como a parcela com privação de bens, de 4% para 3,1%.


Redação com informações de Wellton Máximo, da Agência Brasil - 24/7/2014

seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1