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Sem proposta para o fim das metas abusivas

Linha fina
Em mesa de negociação da Campanha Nacional, Fenaban trouxe respostas com avanços para algumas reivindicações dos trabalhadores, mas ainda insuficientes
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São Paulo – Algumas respostas positivas e outras, essenciais para a categoria, negativas. Na rodada de negociação realizada na quarta-feira 17, a federação dos bancos (Fenaban) trouxe propostas para algumas reivindicações da categoria e alguns pontos avançaram. Mas, para o Comando Nacional dos Bancários, questões cruciais para a Campanha 2014 avançar na mesa de negociação ficaram sem proposta.

> Vídeo: avanços ainda são insuficientes para a categoria

“Importante que tenham avançado em questões como o direito das grávidas em aviso prévio, a proibição de enviar mensagens aos celulares particulares dos bancários, o respeito ao direito dos homoafetivos”, avalia a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Mas para questões fundamentais como o fim da pressão excessiva por metas, assédio moral, demissões injustificadas, mais segurança e medidas para promover a igualdade de oportunidades não tem proposta, os bancos não querem debater. E são pontos cruciais para a categoria que adoece e não aguenta mais as cobranças absurdas por venda de produtos, a sobrecarga de trabalho, as injustiças dos desvios de função e da discriminação com mulheres, por exemplo”, completa a dirigente que é uma das coordenadoras do Comando.

Na sexta-feira 19, a Fenaban deve apresentar proposta global às reivindicações da categoria, inclusive as econômicas. “Vamos aguardar até sexta para ver se os bancos avançam. Eles sabem que sem mudanças na questão das metas, das contratações, além de aumento real, valorização do piso, PLR e vales maiores, a campanha não se resolve.”

> Proposta global da Fenaban vem dia 19

Metas – Mais uma vez os bancos se recusaram a apresentar proposta para uma das principais reivindicações da categoria: o fim das metas abusivas, que mudam de uma hora para outra, e o combate ao assédio moral. Para eles, esses problemas já são contemplados pelas cláusulas Convenção Coletiva de Trabalho que proíbem o envio de mensagens para os celulares dos bancários fazendo cobranças e a de prevenção de conflitos no local de trabalho. Para o Comando não é assim e esse ponto precisa avançar.

Emprego – Outra reivindicação que os bancos se negaram a atender é a garantia de emprego e o fim da rotatividade por meio da qual ampliam seus lucros, demitindo trabalhadores com salários mais altos e contratando menos e com salários mais baixos. Não aceitam nem a possibilidade de o movimento sindical discutir a solução para esse problema banco a banco.

Segurança – A Fenaban propôs colocar em prática mais dois projetos: um em região indicada pelo Comando Nacional dos Bancários e outro pelos bancos. A reivindicação dos bancários foi reforçada: estender para todo o Brasil os itens do projeto-piloto da região de Recife, comprovadamente eficientes para ampliar a segurança de trabalhadores e clientes. Em caso de ampliar para todas as regiões, o Comando cobra que sejam testados também novos itens – além das portas de segurança, biombos e câmeras internas e externas –, como vidros blindados no projetos já existentes.

Igualdade – Os bancos também não aceitaram adotar medidas como o Plano de Cargos e Salários (PCS) para todos com o objetivo de promover a igualdade de oportunidade. Para eles, o PCS não cabe na CCT e não resolveria o problema, “se é que eles existem”. O Comando questionou o que resolve e cobrou uma proposta que altere o grave quadro de desigualdade confirmado pelos resultados II Censo da Diversidade, apresentado na terça-feira 16.

> Bancos continuam discriminando mulheres

CPA 10 e 20 – Os bancos aceitaram custear os exames de CPA 10 e CPA 20, desde que sendo exigido pelas instituições financeiras e se o bancário for aprovado. O pagamento não será feito para todas as tentativas, caso o trabalhador não passe.

13º para afastados – O pagamento do adiantamento do 13º salário na complementação salarial dos trabalhadores afastados foi outra reivindicação aceita pela Fenaban.

Cesta para afastados – Para os bancos não tem acordo: não querem estender o pagamento do vale-alimentação aos bancários afastados, mesmo diante da argumentação do Comando de que quando estão adoecidos os trabalhadores necessitam ainda mais desse direito.

Reabilitação – Será feita uma mudança de redação na cláusula 44 da CCT, que fala em reabilitação profissional e deverá tratar da questão no retorno ao trabalho. A Fenaban também aceitou fazer o debate dos moldes como é feita essa reabilitação, com detecção precoce do problema e realocação no trabalho se necessário. E discutirão com o movimento sindical, por banco, os programas colocados em prática quando do retorno do bancário ao trabalho – quem já tem o programa, deverá adaptá-lo à nova cláusula. Quem não tem, só poderá fazê-lo de acordo com essas mudanças e de acordo com os sindicatos.

Aceitaram, ainda, debater com o movimento sindical o acordo que será fechado com o INSS, antes de apresentá-lo ao órgão, a respeito da reabilitação nos termos da lei.

Cobrança por celular – Os bancos não podem usar o celular particular dos bancários para enviar mensagens, como a cobrança por resultados. A cláusula da CCT que prevê esse direito será aprimorada para deixar claro que é proibido qualquer tipo de comunicação e pressão, seja via torpedo, WhatsApp ou outra ferramenta tecnológica que venha a surgir.

Não revalidação dos atestados – O entendimento da Fenaban é de que os atestados médicos apresentados pelos trabalhadores podem e devem ser revalidados pelo médico do trabalho. Isso, para eles, é papel dos bancos e não tem acordo em mudar. Para os bancários, os atestados não podem ser revalidados pelos médicos das empresas.

Revezamento no autoatendimento – Os bancos disseram não também para a pausa de 10 minutos a cada 50 trabalhados no autoatendimento. Sobre o revezamento dos profissionais que ficam nessa linha de frente, para que possam descansar, ficaram de rediscutir.

Grávidas – Mulheres que forem demitidas e que engravidaram durante o aviso prévio proporcional, serão readmitidas. Os bancos se comprometeram a respeitar a garantia de emprego prevista, sem necessidade de a trabalhadora ter de acionar a Justiça.

Homoafetivos – A opção pela extensão de direitos como o plano de saúde aos casais homoafetivos será feita diretamente aos departamentos de RH ou Gestão de Pessoas e não no local de trabalho. O objetivo é evitar qualquer tipo de constrangimento a quem quiser fazer uso dessa conquista e preservar o trabalhador postulante. A Fenaban se comprometeu, ainda, a divulgar mais esse direito entre os bancários.

Tecnologia – A Fenaban se comprometeu a realizar, periodicamente, seminários para debater as novas tecnologias no trabalho bancário.


Cláudia Motta - 17/9/2014

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