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Pochmann: o que salvou foram os bancos públicos

Linha fina
Colunista da Rede Brasil Atual compara os modelos de Dilma e Aécio para o sistema financeiro e tributário
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São Paulo – Segundo o economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann, a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à presidência da República defende o mesmo receituário adotado nos anos 1990, marcado pela drástica redução do papel dos bancos públicos e crescente presença de bancos estrangeiros, apostando que a livre concorrência garantiria uma redução no custo dos empréstimos e, por consequência, da taxa de juros para o consumidor.

Para ele, tais medidas criaram um quadro reverso porque o esvaziamento dos bancos públicos e a maior presença dos bancos privados estrangeiros criou um "maior oligopólio” e “uma certa acomodação em torno de taxas de juros cada vez maiores, aumentando o rentismo”.

No combate aos efeitos da crise internacional, desencadeada em 2008, Pochmann destaca a decisão "correta" do presidente Lula de estimular a atividade dos bancos públicos – BB, BNDES, Caixa Econômica Federal – com grande capilaridade, "colocando crédito às grandes empresas e aos consumidores, sustentando muito bem essa crise que veio de fora".

> Bancos públicos impediram país de ir à bancarrota, diz Lula

“A presidenta Dilma tem reforçado esse papel, por exemplo, do Banco do Brasil, de ser um grande banco de financiamento da agricultura brasileira; a Caixa Econômica como um grande banco de financiamento da construção civil, especialmente da moradia popular, e o BNDES como o banco que alavanca o investimento do setor produtivo nacional, com foco crescente nas micro e pequenas empresas”, afirma o professor, destacando a manutenção da política de contenção dos efeitos da crise e o protagonismo do estado no setor financeiro.

Sobre as propostas do candidato tucano de criação de um imposto único em substituição aos atuais IPI e ICMS, o economista recomenda cautela: “A questão do sistema tributário brasileiro precisa sofrer uma mudança, mas uma mudança mais ampla, porque o risco de mudar um ou outro imposto pode desorganizar o sistema tributário”.

Ao comparar os projetos em disputa neste segundo turno, Pochmann é categórico e cita uma tradicional fábula: “É a disputa da formiga com a cigarra. O grupo que fica falando o que vai fazer e o que não se deve fazer e, na verdade, faz pouco. Um time que já jogou no Brasil e nós vivemos, nesta época, o racionamento de energia, no ano de 2001, por conta da falta de planejamento.”


Rede Brasil Atual - 23/10/2014

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