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Depoimento em CPI confirma trotes violentos na USP

Linha fina
Flora Goldemberg, que presidiu o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina, também admite pacto de silêncio no Show Medicina
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São Paulo - A CPI que investiga violações dos direitos humanos e demais ilegalidades em universidades paulistas começou os trabalhos na terça 6 colhendo o depoimento de Flora Goldemberg, presidenta em 2013 do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Caoc) da Faculdade de Medicina da USP. Ela confirmou a prática de trotes violentos e de pacto de silêncio no Show Medicina.

A Comissão foi instalada na Assembleia Legislativa de São Paulo após denúncias de atos de violência sexual em universidades, principalmente durante recepção aos calouros e em festas como o Show Medicina. Relatos apontam para abuso moral, coação, discriminação de gênero e orientação sexual, intolerância étnica e religiosa, dentre outros.

Ao ser questionada pelo deputado José Bittencourt (PSD), Flora Goldemberg (foto) confirmou casos de trotes violentos, como amarrar uma corda no saco escrotal e simular um empurrão de uma árvore ou a chamada "lavagem cerebral", afogamento na água do vaso sanitário.

Sobre os estupros, ao ser questionada pelo presidente da CPI, Adriano Diogo (PT) (foto), disse ter solicitado sindicância para o caso da estudante de medicina Pamela, que ocorreu enquanto estava na presidência do Caoc. Afirmou, entretanto, não ter acompanhado o processo administrativo até o final.

Flora explicou que o Show Medicina, promovido anualmente pelos veteranos do clube Atlética, é a apresentação de um grupo de amigos que resolvem se reunir durante um mês e meio para mostrar um "espetáculo satírico medieval" sobre os fatos que ocorrem na faculdade. "O intuito é o de mostrar o convívio entre os médicos, não existe agressão direta nem violência; ninguém lá é criminoso".

Apesar de descartar as agressões diretas, confirmou um pacto de silêncio no Show Medicina e admitiu ter se sentido ofendida na encenação em 2014, em que a protagonista Geni, da obra de Chico Buarque Ópera do Malandro, foi usada para ataques homofóbicos contra os que denunciaram as barbaridades que ocorriam no âmbito da faculdade.

Flora confirmou também a existência de "piadas agressivas e exposição de pessoas de forma inadequada" durante o Show Medicina, onde trabalhou dois anos como "costureira": "é como se fossem dois clubes, um do Bolinha e outro da Luluzinha; as meninas, costureiras, confeccionam roupas e purpurina e não participam do processo criativo do show, não sabem o que acontece lá dentro".

A CPI tem prazo de funcionamento até 15 de março.


Redação - 7/1/2015

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