São Paulo – Enquanto os trabalhadores brasileiros tiveram direitos aniquilados pela reforma trabalhista e viram os investimentos públicos em áreas como saúde e educação serem congelados por 20 anos, tudo em nome de um alegado “equilíbrio fiscal” e da retomada da economia, o Santander navegou por mares tranquilos e generosos. O banco espanhol não sentiu nem o cheiro da crise e teve lucro líquido gerencial de R$ 9,953 bilhões em 2017, elevação de 35,6% em 12 meses, atingido o seu maior patamar histórico.
O lucro obtido no Brasil representou 26% do lucro global do banco espanhol, que foi de € 6,6 bilhões, sendo a unidade mais lucrativa do grupo. Em segundo lugar vem o Reino Unido com 16% de participação.
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Por outro lado, o Santander, em vez de valorizar seus funcionários, responsáveis pelo excepcional resultado de 2017, foi um dos primeiros bancos a cortar direitos dos bancários, amparado pela reforma trabalhista de Temer, desrespeitando a Convenção Coletiva da categoria e o acordo aditivo dos funcionários do Santander, ambos com validade até 31 de agosto.
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“O desrespeito com os bancários brasileiros, que constroem dia a dia resultados cada vez melhores para o Santander, é gritante. Mal entrou em vigor a nefasta reforma trabalhista, a gestão Sérgio Rial já começou a cortar direitos dos trabalhadores. Impôs de forma inconstitucional, unilateral e sem negociação um Acordo Individual de Banco de Horas Semestral; também sem negociação, alterou a data de pagamento dos salários, do dia 20 para 30 a partir de março, e os meses de pagamento do 13º salário; aplicou aumentos abusivos no plano de saúde dos bancários; e fracionou as férias em três períodos”, critica a diretora do Sindicato e bancária do Santander Maria Rosani.
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Um dia depois do Santander anunciar o resultado de 2017, o Sindicato participou de paralisação nacional contra a retirada de direitos e o desrespeito do banco ao processo de negociação com a representação dos empregados.
“Se não reagirmos a esse ataque agora, assim que terminar a vigência do acordo e da CCT, podem ter certeza de que o banco espanhol vai cortar todos os direitos dos trabalhadores que a nova lei trabalhista lhe permite. Ou cruzamos os braços agora ou vai piorar depois”, avalia Rosani.
Empregos – Em 12 meses o Santander aumentou em 24 pessoas seu quadro de funcionários, que chegou a 47.404 trabalhadores. No mesmo período, a rede de atendimento cresceu uma unidade, alcançando 2.255 agências em todo o país.
“Apesar do saldo ser minimamente positivo, temos visto no Santander um grande número de demissões, inclusive de bancários adoecidos. Um banco que tem sucessivos aumentos vertiginosos do seu lucro, como é o caso do Santander no Brasil, deveria fazer com que as contratações acompanhassem o ritmo de crescimento da instituição. Caso contrário, sobra para o bancário o aumento da sobrecarga de trabalho, das metas abusivas, do assédio moral e do adoecimento. Para o cliente, resta um atendimento cada vez mais precarizado. É isso que vemos hoje no Santander. Tudo em nome da ganância sem limites da gestão Rial”, diz o também diretor do Sindicato e bancário do Santander Marcelo Gonçalves.
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Outros dados – A redução de despesas de intermediação financeira foi um dos destaques no resultado de 2017 do Santander, com queda de 31% nas despesas de captação e de 11% nas despesas de PDD.
As receitas de operações de crédito tiveram alta de 17,2%, alcançando R$ 47,2 bi. Já as receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias tiveram alta de 14%, chegando a R$ 15,6 bi. Apenas com essa receita, o Santander cobre 172% do total das despesas com pessoal. Ou seja, paga todos os funcionários e ainda sobram R$ 6,5 bi.
A rentabilidade do banco atingiu 16,9%, aumento de 3,6 p.p. em 12 meses.
A carteira de crédito total chegou a R$ 272,5 bilhões, alta de 6,1% em 12 meses, com destaque para o crédito a pessoa física e financiamento ao consumo, que cresceram respectivamente 18,3% e 20,4%. O destaque no segmento de Pessoa Física foi o crédito consignado. Já no segmento de pessoa jurídica o crédito foi mais restrito, com o financiamento para pequenas e médias empresas subindo 4,5% em 12 meses e o crédito às grandes empresas apresentando queda de 9,8% no período.
O índice de inadimplência atingiu 3,2% da carteira de crédito, redução de 0,2 p.p. em 12 meses.