São Paulo – No começo de dezembro, o presidente do Santander, Sérgio Rial, encarnou o showman ao deslizar de rapel durante o Encontro Anual promovido pelo banco, que contou com apresentações de Ivete Sangalo e Fafá de Belém. A uma plateia composta por milhares de funcionários, o CEO comemorou o lucro projetado de R$ 10 bilhões em 2017 e cobrou crescimento de 20% em 2018.
O clima de diversão se dissipou alguns dias depois quando a diretoria do banco passou a implementar pontos da reforma trabalhista de Michel Temer que prejudicam os trabalhadores: demissões em massa, imposição do fracionamento de férias, e mudanças na forma de compensação de horas extras sem qualquer negociação coletiva. Além disso, anunciou alteração das datas dos créditos do salário e do 13º.
A isso soma-se a defesa de Rial à reforma da Previdência, que dificultará o direito à aposentadoria e rebaixará os valores dos benefícios.
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Demissão em massa – Desde que Sérgio Rial exibiu sua performance midiática, no começo de dezembro, o Santander demitiu cerca de 200 funcionários somente na base do Sindicato, que engloba São Paulo e outros 15 municípios da região metropolitana. Agora, a demissão em massa é permitida pela nova lei trabalhista.
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Horas extras – Antes, o banco dava o prazo de um mês para compensação da hora extra. Caso não fosse possível compensar nesse prazo, o banco pagava o período a mais trabalhado com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal de serviço. Valendo-se da reforma trabalhista, o Santander já impôs negociação individual para este tema, e ainda estenderá o prazo de compensação para seis meses, com o objetivo de não remunerar o tempo a mais trabalhado. Uma ilegalidade, já que a Constituição Federal determina negociação coletiva com o Sindicato para implementar mudança dessa natureza.
Fracionamento das férias – Outra mudança embarcada na nova lei trabalhista é a negociação individual entre funcionário e empregador com relação às férias, que poderão ser fracionadas em até três períodos – desde que nenhum deles seja menor do que cinco dias.
Ambas essas alegadas negociações individuais serão uma ilusão, pois estarão submetidas a uma correlação de forças desigual. Valendo-se da prerrogativa de poder demitir ou prejudicar a carreira do funcionário, o gestor poderá impor a compensação de horas extras ou o período de férias da forma que melhor interessar ao banco.
Ganância sobre o seu salário – Como se não bastasse a pressão e o excesso de trabalho para atingir o lucro projetado de R$ 10 bilhões em 2017, o presidente do banco coloca como meta para 2018 aumento de 20% sobre esse montante.
E pretende lucrar ainda mais em cima do trabalhador, retardando a data do crédito do salário, do dia 20 para o dia 30; e do décimo terceiro, que era adiantado em março e novembro, e passará a será pago em maio e dezembro. Com isso, o banco ganhará mais 10 dias, todos os meses, para especular no mercado financeiro com a folha salarial, e outros três meses para ganhar em cima do 13º dos empregados.
Plano de saúde – Soma-se a tudo isso, o aumento da mensalidade dos planos de saúde em 20%.
Diante de todas essas mudanças prejudiciais, cabe a pergunta: o presidente do banco, Sérgio Rial, é bom para quem? Para os trabalhadores? Ou para os acionistas e executivos, que terão aumento dos lucros e dos bônus em cima da exploração e da retirada de direitos dos funcionários?
Violador de direitos em escala global – Não é só no Brasil que o Santander costuma desrespeitar os direitos dos seus trabalhadores. Nos Estados Unidos, o banco comete prática antissindical ao impedir que os empregados se organizem em sindicatos. O resultado disso é que os trabalhadores norte-americanos do banco espanhol recebem por hora de trabalho menos do que a média nacional.
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Por isso, lutam pelo direito de se organizar como categoria e reivindicam do Santander um acordo de neutralidade por meio da qual o banco se comprometa a não interferir no direito à sindicalização.