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Chapéu
contra precarização

Trabalhadores do Santander lutam por liberdade sindical nos EUA

Linha fina
Gestores do banco espanhol ameaçam funcionários norte-americanos que tentam se organizar como categoria; sem poder de mobilização, empregados do principal centro financeiro mundial ganham menos do que a média nacional
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Foto: Seeb-SP

São Paulo – Os Estados Unidos são o centro do capitalismo financeiro mundial. Um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo. Portanto, os bancários daquele país devem contar com altos salários e uma condição de vida melhor do que a média. Só que não. Lá eles recebem por hora de trabalho menos do que a média nacional e por essa razão lutam pelo direito de se organizar como categoria a fim de reivindicar rendimentos mais altos e melhores condições de trabalho. 

E na segunda-feira 6, bancários e movimento sindical de diversos países do mundo onde o Santander atua deflagraram o Ato em Defesa à Liberdade Sindical e ao Direito à Sindicalização dos Bancários do Santander nos Estados Unidos da América.

Enquanto tentam se organizar em um sindicato, os trabalhadores estadunidenses reivindicam do Santander uma declaração de neutralidade por meio da qual o banco se comprometa a não interferir no direito à sindicalização.

No Brasil, o protesto foi realizado na Torre, como é conhecida a matriz brasileira do banco espanhol, localizada na zona sul da capital paulista. Dirigentes sindicais entregaram à direção brasileira da instituição uma carta a ser endereçada à direção mundial do banco sobre a situação dos trabalhadores nos Estados Unidos. 

Salários baixos – Atualmente, nos EUA, os gestores do Santander ameaçam os bancários que tentam se organizar em sindicatos. Sem poder de mobilização, os empregados do banco ganham salários que não permitem sobreviver dignamente. 

“Queremos a liberdade de nos expressar e nos unir. Queremos negociar melhor qualidade de vida, não somente para nossas famílias, mas também para nossos clientes e comunidades”, declara Peggy Spencer, bancária norte-americana do Santander.

Existem cerca de 2 milhões de bancários nos Estados Unidos sem organização sindical, e um terço deles recebe salário médio de US$ 15 por hora. O salário médio por hora de um caixa de banco é de US$ 13,10. Os representantes de serviço ao cliente – ou quem atende cobrança de dívidas, como é o caso dos bancários do Santander – recebem salário médio de US$ 15,88 por hora.

No Santander, um trabalhador típico recebe somente entre US$ 14 e US$ 20 por hora. Valor muito abaixo de um salário sustentável nos EUA, o que leva muitos dos trabalhadores do banco espanhol a ter de recorrer a programas de ajuda social financiados com fundos públicos. No país, a média salarial é de US$ 24 por hora. 

Quase 15 mil empregados trabalham no Banco Santander e Santander Consumer, que é o maior credor de alto risco (sub-prime) em compra de automóveis nos Estados Unidos. Muitos atuam em ambiente instável e com muita pressão devido à competição entre colegas de trabalho e a um sistema de pontuações submetido a métricas injustas – os gerentes qualificam o desempenho dos trabalhadores dos centros de atendimentos mensalmente para determinar o pagamento de um bônus fundamental para complementação da renda.

“Nos Estados Unidos, o Santander dá um péssimo exemplo de prática antissindical, ao impedir que seus trabalhadores se organizem em sindicatos, um direito humano básico de acordo com a Organização das Nações Unidas”, afirma Maria Rosani, coordenadora da Comissão da Organização de Empresas (COE) e diretora executiva do Sindicato. 

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