São Paulo – O presidente do Banco Central, o ex-executivo e sócio do Itaú Ilan Goldfajn, fez coro com os banqueiros do país e defendeu as reformas trabalhista e da Previdência, propostas pelo governo Temer e que tramitam a passas largos no Congresso Nacional. As informações fazem parte de entrevista ao Estadão, publicada na segunda-feira 19.
“Podemos ter as reformas e os ajustes avançando, e é só isso que me interessa, sob o ponto de vista do Banco Central. A incerteza nas últimas semanas aumentou. Mas é possível que venha a diminuir, acho que estamos vendo algumas reformas avançando, a trabalhista está saindo da comissão, isso significa que a incerteza diminui. Vamos ter que observar como anda a reforma da Previdência”, afirmou Goldfajn ao jornal.
Em outro trecho, o economista diz: “Para nós, quanto mais ampla a reforma [da Previdência], melhor. Mas não é só a reforma da Previdência. Há reformas e ajustes. Há um conjunto dessas medidas, que são relevantes, não para o BC, mas para o País. A reforma da Previdência é uma reforma fiscal e, por ser fiscal, é relevante. Mas não é a única.”
Para a secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva, as declarações do presidente do BC não surpreendem e reforçam o que os movimentos sindical e social vêm denunciando desde o golpe que levou Temer ao poder. “O que está por trás do golpe são os interesses dos banqueiros e dos empresários. E são eles que estão articulando para fazer avançar no Congresso a reforma trabalhista, que vai acabar com direitos previstos na CLT, e a da Previdência, que vai tornar a aposentadoria um sonho impossível para a grande maioria dos brasileiros. E que já se articularam para aprovar a terceirização sem limites. O governo Temer é um governo classista, com um projeto de reduzir direitos dos trabalhadores e da maioria da população para enriquecer ainda mais os riscos deste país.”
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Ivone lembra que outros banqueiros já defenderam as reformas de Temer, como Roberto Setúbal, do Itaú, e que a publicação on line The Intercept Brasil denunciou a participação de banqueiros e grandes empresários de outros setores na elaboração dos textos das reformas, que tramitam no Congresso. “O Bradesco também defendeu a reforma trabalhista em nota aos funcionários. Ou seja, fica claro que os favorecidos pelas mudanças propostas por Temer na CLT são os patrões, e nas regras da aposentadoria são os bancos, que vão ganhar com planos de previdência privada”, destaca.
Diante disso, a dirigente reforça a necessidade de os bancários e os trabalhadores em geral se mobilizarem no esquenta da greve geral, nesta terça-feira 20, e na grande paralisação nacional prevista para o dia 30. “Só vamos conseguir barrar as reformas parando esse país e indo para as ruas em defesa dos nossos direitos”, conclama.
Reaja! – Além da greve geral e das mobilizações, é preciso manter a pressão sobre os parlamentares também pelo mundo digital, enviando e-mails para alertá-los de que, se votarem a favor das reformas, não serão reeleitos. A reforma da Previdência ainda está na Câmara, então mande e-mails para os deputados. A trabalhista já foi aprovada pelos deputados e agora está no Senado, então, mande e-mail para os senadores.