São Paulo – Mesmo com uma sucessão de denúncias envolvendo a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), o governo segue defendendo a nomeação dela para o Ministério do Trabalho. A briga na Justiça já completou um mês. O Planalto chegou a marcar a cerimônia de posse duas vezes, e teve de suspendê-las, por decisão judicial. A pasta está sem titular desde 27 de dezembro, quando Ronaldo Nogueira (PTB-RS) pediu exoneração e retomou seu mandato na Câmara.
Além do impedimento legal – o Judiciário entendeu que o fato de a ministra nomeada ter sido condenada em ação trabalhista fere o princípio da moralidade administrativa –, Cristiane enfrenta novas denúncias, publicadas no fim de semana, de associação para o tráfico (jornal O Estado de S. Paulo), e assédio sobre funcionários quando era secretária municipal no Rio (programa Fantástico, da TV Globo). O vídeo em que ela aparece em um barco, com supostos empresários de torso nu, piorou a situação política da deputada.
Em rede social, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, pai de Cristiane, chamou a matéria do Estadão de "panfleto" e chamou o programa da Globo de "mesquinho". E reagiu: "Por que destruir a vida política promissora de uma pessoa dedicada em tudo que faz e que está preparada para exercer o cargo de ministra?".
Na segunda-feira, 5, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que a indicação será mantida. "O governo continua insistindo no reconhecimento da privativa prerrogativa do presidente Temer prevista na Constituição de nomear os seus ministros", declarou. "Nós não vamos solicitar que o PTB faça qualquer outra indicação", acrescentou.
Também hoje, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) declarou que irá ajuizar ação popular para que ela não assuma o cargo. Por enquanto, a posse está suspensa por decisão liminar da presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.