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Chapéu
Desrespeito em São Paulo

Covas ignora milhares de servidores em greve contra reforma da previdência em SP

Linha fina
Trabalhadores reivindicam revogação da lei do Sampaprev, fim da política de aumento anual de 0,01%, reajuste de 10% no salário e chamadas dos concursos
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Foto: Reprodução Facebook

Milhares de servidores públicos municipais protestaram pela revogação da Lei municipal 17.020, que trata da reforma da previdência na capital paulista e cria o Sampaprev, em frente à sede da prefeitura de São Paulo na segunda-feira 4. O prefeito Bruno Covas (PSDB) não aceitou o pedido de negociação dos trabalhadores, feito ainda na semana passada.

A reportagem é da Rede Brasil Atual.

“O prefeito perde uma oportunidade de demonstrar que quer dialogar com os servidores. Temos cerca de 20 mil pessoas aqui. É representativo da insatisfação dos trabalhadores. A greve começou hoje (4) e vai crescer muito”, disse o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), vereador Cláudio Fonseca (PPS).

Ele, no entanto, se mostrou otimista de que Covas reconsidere a postura até a próxima quinta-feira 7, quando está marcada a próxima assembleia e manifestação dos trabalhadores municipais, no mesmo local. “É tempo suficiente para o prefeito refletir e apresentar uma alternativa para esse confisco dos salários dos servidores. Ninguém quer paralisar a cidade”, afirmou Fonseca. As entidades representativas não apresentaram ainda estimativas do alcance da paralisação.

A Lei 17.020 foi sancionada em 27 de dezembro, após aprovação na Câmara Municipal, no meio do período de Natal. Os servidores protestaram contra a medida, que aumenta a contribuição previdenciária de 11% para 14%. E passa a valer o mesmo teto do Regime Geral de Previdência Social: R$ 5.600. A lei possibilita que a prefeitura crie um novo sistema previdenciário por capitalização para os servidores que ingressarem no funcionalismo – o Sampaprev. Para revogar a lei, é preciso que o prefeito encaminhe um novo projeto ao Legislativo.

Para os trabalhadores, trata-se de um confisco, já que desde 2004 os salários são reajustados apenas em 0,01% ao ano, apesar de o gasto com servidores na capital paulista nunca ter chegado perto dos 54% da receita de impostos, como preconiza a Lei de Responsabilidade Fiscal. Em 2017, o gasto com servidores representou 38% da receita. Já a inflação acumulada entre 2004 e 2018 é de 119,5%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os servidores reivindicam o fim dessa política de reajuste anual de 0,01%, além de reajuste de 10% nos salários e chamadas dos concursos realizados.

“Os servidores estão indignados, prontos e dispostos a lutar por tempo indeterminado contra esse confisco dos nossos salários”, afirmou o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira. “É uma pauta que afeta todo o funcionalismo. A posição intransigente da prefeitura vai fazer parar todos os serviços da cidade. O prefeito mentiu dizendo que ia fazer a reforma para não aumentar impostos. O IPTU aumentou, a tarifa aumentou”, completou.

Há uma inédita união entre os sindicatos que representam servidores de diversas categorias em torno da pauta apresentada. Professores, engenheiros, arquitetos, médicos e outros profissionais de saúde, trabalhadores de autarquias e agentes de apoio estavam representados na assembleia de hoje. “Os médicos estão se engajando nas suas unidades, respeitando os pacientes, essa não é uma greve 100%. Os serviços de urgência e emergência, UTI, não serão paralisados de forma alguma. Hospitais, unidades básicas de saúde, junto com os outros profissionais, estamos lutando contra o confisco salarial”, explicou a secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp), Juliana Salles.

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