O Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 18,162 bilhões em 2019, crescimento de 41,2% em relação ao ano anterior. Com o resultado, a rentabilidade ficou em 17,3%, aumento de 3,4 pontos percentuais.
O resultado foi impactado pelo aumento de 2% no resultado de intermediação financeira, que cresceu em razão da redução de despesas de intermediação financeira em 6%. As despesas com Operações de Empréstimos, Cessões e Repases caíram 52%, influenciadas pela redução de despesas com recursos captados no exterior.
Além disso, a utilização de créditos tributários por parte do Banco do Brasil também contribuiu para elevar o resultado, já que o banco passou de um resultado negativo de R$ 4,7 bilhões em 2018 para um positivo de R$ 6,8 bilhões no ano passado. O resultado não operacional também apresentou forte crescimento em função do ganho de capital de R$ 3,5 bilhões obtido pela BB Seguros na alienação de participação no IRB Brasil Resseguros S.A.
“Esse crescimento de 41,2% contraria as recentes declarações do presidente do BB, Rubens Novais, de que vai chegar o momento em que a privatização do BB será inevitável. Aliás, nunca vi um presidente jogar contra a própria empresa que preside desta maneira”, comenta o diretor do Sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
Perdendo mercado
Mesmo com o resultado geral positivo em 2019, Fukunaga alerta que decisões equivocadas da direção do banco fazem com que o BB perca mercado para as instituições privadas.
“A carteira de crédito total teve queda de 2,6% em relação a dezembro de 2018. A carteira de crédito PJ retraiu 10,9% em relação a 2018. Resultado de decisões equivocadas da direção do banco, que em 2016 fez uma reestruturação, centralizando em escritórios especializados todos os gerentes PJ locados nas agências de varejo, o que fez o BB perder até 51% da carteira de crédito de clientes micro e pequena empresa”, explica Fukunaga.
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“Agora, percebendo a estratégia errada que foi adotada, o banco tenta descentralizar o atendimento PJ, entendendo que o relacionamento com esse cliente precisa de proximidade, e pede que gerentes façam visitas, muitas vezes em locais muito distantes da unidade onde estão alocados. Assim, visitas acabam por não ser feitas e a fuga de clientes prossegue - influenciada também pelas taxas e juros do BB, que estão acima do mercado - de forma até mais intensa”, acrescenta.
Menos funcionários e agências
Mesmo com o resultado positivo, o BB reduziu 3.699 postos de trabalho em 2019 e chegou a 93.190 funcionários. O banco lançou o Plano de Adequação de Quadros (PAQ) que teve a adesão de 2,3 mil funcionários.
“O BB tem total condições de contratar mais funcionários. O balanço de 2019 demonstra isso claramente. Contratando, o banco diminuiria a sobrecarga de trabalho, que adoece o trabalhador bancário, e melhoraria o atendimento à população, que já sofreu com a precarização acarretada pelo fechamento de 366 agências físicas no ano passado”, conclui Fukunaga.
As receitas de tarifas e prestação de serviços tiveram alta de 6,5%, chegando a R$ 29,2 bilhões em 2019. Apenas com esta receita, o Banco do Brasil cobre 126% do total de suas despesas de pessoal, incluindo PLR.