Durante evento em Brasília nesta terça-feira 12, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez uma declaração elitista ao comentar o dólar alto, que fechou em R$ 4,35. “Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. [Era] todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada. (...) Vai passear em Foz do Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeira do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu, vai passear o Brasil, vai conhecer o Brasil. Está cheio de coisa bonita para ver””, disse Guedes.
Essa não foi a primeira declaração polêmica de Guedes que, ao lado de Sérgio Moro, é um dos ministros mais “celebrados” do governo Bolsonaro. No dia 2 de fevereiro, o ministro chamou servidores públicos de parasitas. Já quando comentou sobre a questão do meio-ambiente em Davos (Suíça), no Fórum Econômico Mundial, Guedes culpou os pobres que, para ele, “destroem o meio-ambiente porque precisam comer”. O ministro também já declarou – ao comentar ofensas dirigidas por Bolsonaro à primeira-dama da França, Brigitte Macron – que “a mulher é feia mesmo”.
Para a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, Guedes ataca pobres, trabalhadores e mulheres para tirar o foco da sua incapacidade de alavancar a economia brasileira.
“Guedes escancarou na sua fala todo o seu preconceito de classe. Mostrou que pertence e representa uma parcela da chamada elite brasileira que não se contenta apenas em ter privilégios, mas que também entende que esses privilégios devem ser exclusividade sua. Não aceitam pobres em aviões, não admitem que o filho do porteiro ingresse na mesma universidade que seus filhos, não querem ver o trabalhador frequentando os mesmos lugares que o patrão”, diz Neiva.
“Na sua fala, mesmo que sem querer, Guedes admitiu que em governos passados as empregadas domésticas tiveram uma ascensão social que as permitiu, entre muitas outras coisas, viajar para Disney. Ou seja, admitiu que a população mais pobre, os trabalhadores, melhoraram de vida em governos passados, o que claramente não ocorre no governo Bolsonaro”, acrescenta.
De acordo com a dirigente, Paulo Guedes segue a cartilha do próprio presidente Bolsonaro e outros membros do governo, que se utilizam de agressividade verbal e frases polêmicas para tirar o foco da opinião pública da incapacidade administrativa do governo e outros escândalos.
“Enquanto Guedes ataca trabalhadores e mulheres, não apresenta um projeto sólido para alavancar a economia real, para melhorar a vida da população. O Brasil fechou 2019 com 11,6 milhões de desempregados. Dos empregados, 41,9% estão na informalidade, sem qualquer direito. A saída de dólares do Brasil somou US$ 44,7 bilhões em 2019, o maior volume de recursos retirados do país em 38 anos. O dólar está nas alturas, a gasolina também. No funcionalismo, a revolta com os ataques aos direitos e políticas privatistas é generalizada, com grandes greves em curso ou em vias de eclodir. Enfim, o governo é um desastre e, para desviar o foco da própria incompetência, membros de destaque destilam preconceito e ódio de classe em declarações públicas. Mas, para além dessa estratégia, a boca fala do que o coração está cheio. E o de Guedes é cheio de preconceito e privilégios”, conclui a secretária-geral do Sindicato.