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Propinoduto continuou "sangrando" Estado até 2013

Linha fina
Revista Istoé traz denúncias que já tinham sido apresentadas pela bancada do PT na Alesp ao Ministério Público de São Paulo, em 2008
Imagem Destaque

São Paulo – A edição da revista Istoé nº 2313, que chegou às bancas no dia 21 de março, aponta, como novas, denúncias sobre o cartel do metrô que já haviam sido reportadas ao Ministério Público de São Paulo, em 2008, pela bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa do Estado, segundo o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, líder do PT na Alesp.

A reportagem informa que ao avaliar documentos apreendidos pela Polícia Federal, o Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade) concluiu que o esquema montado durante os governos tucanos no estado não se restringiu ao período entre 1998 a 2008 –ano em que veio a público –, mas prosseguiu até 2013, passando pelos governos  Mario Covas, José Serra e o atual, de Geraldo Alckmin. “Isso não é novidade porque os contratos superfaturados tinham validade até 2013 e não foram suspensos, como solicitado em representação ao Ministério Público, já em 2008”, explica Marcolino.

Batizado de propinoduto tucano, o esquema de corrupção fraudou licitações para aquisição e reformas de trens, construção e extensão de linhas metroferroviárias no estado, e envolveu um cartel de empresas, entre elas as multinacionais Alstom e Siemens, altos funcionários do governo paulista e lobistas.

Sangria – O valor dos contratos, de 1998 a 2013, foi de R$ 40 bilhões. Desse total, cerca de R$ 10 bilhões podem ter sido desviados. Se tivessem sido suspensos em 2008 – quando dos R$ 40 bi restavam ainda R$ 16 bi em contratos – teria sido evitada uma sangria maior dos cofres públicos.

Segundo o parlamentar, o MPE não se pronunciou em relação às solicitações de 2008, e nova representação sobre o assunto foi apresentada ao órgão em novembro de 2013. “Nessa última representação, pedimos o afastamento de quatro secretários de estado envolvidos no propinoduto tucano: Edson Aparecido (Casa Civil), José Aníbal (Energia), Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e Inovação) e Jurandir Fernandes (Transportes)”, diz.

Marcolino encabeça o movimento pela abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o cartel, mas enfrenta a resistência dos deputados do PSDB e da base aliada do governo na Alesp. “Já temos 29 das 32 assinaturas necessárias para a instalação da CPI, que seria a sexta da Casa.” Ele acrescenta que apesar de faltarem apenas três nomes na lista, a tarefa é difícil, já que a maioria dos deputados é de partidos que apoiam o governo Alckmin.

Na Istoé – De acordo com a reportagem da Istoé, o Cade afirmou que o cartel bilionário se perpetuou “até, pelo menos, o momento da realização das operações de busca e apreensão, em julho de 2013”. Diz ainda que todas as cinco linhas do metrô paulistano foram alvo de alguma fraude e a maior parte dos contratos entre as empresas e a CPTM apresenta sobrepreço.

Cita o nome do empresário Arthur Teixeira, acusado de ser o lobista do esquema. Por meio de suas empresas Procint e Gantown, Teixeira teria recebido pagamentos por supostos serviços prestados às empresas envolvidas no escândalo e os repassava a agentes públicos em troca dos contratos superfaturados. Ele nega estar envolvido.

A revista lembra ainda que o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer declarou à PF que entre os beneficiados estavam os secretários do governo Alckmin Edson Aparecido, José Aníbal e Rodrigo Garcia, além do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP). Eles também negam.

Ainda segundo a revista, documentos em poder do Cade indicam, ao todo, 18 empresas e 109 funcionários estaduais envolvidos. O cartel agiu ainda no Distrito Federal e nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.


Andréa Ponte Souza – 25/3/2014
 

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