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Em defesa da Petrobras e contra a corrupção

Linha fina
“Se alguém se meteu com corrupção, tem que se apurar e, se comprovar, tem que punir severamente, no entanto, paralisar as instituições é um crime contra a nossa gente”
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São Paulo – Sexta-feira, 13 de março de 2015. Um dia que já entrou para a História. Para exorcizar os fantasmas do golpismo e do entreguismo, dezenas de milhares de cidadãos deram uma impressionante demonstração de força e mobilização ao defenderem, mesmo debaixo de fortes temporais, a Petrobras, a democracia, os direitos dos trabalhadores e a reforma politica.

> Cem mil na Paulista em defesa do Brasil

Em São Paulo o ato teve início justamente em frente as sede da estatal, localizada na Avenida Paulista, e contou com a participação de cerca de 100 mil cidadãos, segundo os orgnizadores. Petroleiros, funcionários e dirigentes sindicais fizeram questão de deixar claro que a companhia - envolvida em um escândalo de corrupção -,  e o país não podem ser punidos pelos desvios de alguns.

“Se alguém se meteu com corrupção, tem que se apurar e, se comprovar, tem que punir severamente, no entanto, paralisar as instituições [empresas] é um crime contra a nossa gente”, afirmou João Morais, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligado à CUT. “Não existe crime de pessoas jurídicas, o crime é de pessoas físicas. Se o dono da OAS cometeu um crime, se o diretor ou o gerente cometeu, que pague por isso, agora paralisar as grandes empresas nacionais significa miséria, desemprego e desgraça para o nosso povo”, completou.

Ele se referia às ações de improbidade do Ministério Público Federal encaminhadas ao juiz federal Sergio Moro, cobrando de seis companhias o pagamento de R$ 4,47 bilhões por desvio de recursos da Petrobras. As ações pedem ainda que elas sejam punidas com a proibição de contratação junto ao poder público e a suspensão de acesso a benefícios fiscais e creditícios. As penalidades podem se estender sobre "as empresas ligadas ao mesmo grupo econômico que atuem ou venham a atuar no mesmo ramo de atividade das empreiteiras".

Estima-se que a impossibilidade de as companhiasde envolvidas na corrupção da Petrobras firmarem contratos com o poder público já tenha causado a demissão de mais de sete mil trabalhadores. "Não é possível um promotor, um juiz paralisarem o país. A lei tem que estar a serviço da sociedade. Puna-se as pessoas, defenda-se as instituições, os empregos a nossa economia”, afirmou o coordenador da FUP.  

Roubo de tecnologia – A coordenadora-geral do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, Cibele Vieira, fez uma grave denúncia envolvendo a PriceWatersHouseCooper, firma certificadora contratada pela Petrobras para fazer auditoria externa.

“A investigação da corrupção abriu as portas para escritórios americanos que estão tendo acesso a todas as informações confidenciais da Petrobras. Eles não estão investigando só as denúncias, as obras, eles estão fuçando o mapeamento do pré-sal, eles estão levando a tecnologia de exploração de águas ultraprofundas que só a Petrobras tem. Quem tem que investigar a corrupção é a Polícia Federal, é o Ministério Público. Não tem cabimento [deixar as investigações com] escritório norte-americano contratado pela Price, que esteve envolvida na crise [financeira] de 2008”, afirmou.

A funcionária de carreira da Petrobras Elenira Honorato Vieira fez questão de descer para acompanhar a manifestação. “Os trabalhadores da Petrobras não têm culpa do que está acontecendo. Nós estamos pagando o pato por meia dúzia de corruptos. Tem 80 mil empregados honestos. Nós não podemos aceitar mais isso. Eu sou contra a privatização. Já tentaram isso no passado. Essa crise já está gerando um monte de desemprego. Não tem cabimento.”

Questionada se considera Dilma Rousseff culpada pela corrupção, ela foi categórica: “Não! Eu culpo é os corruptores.”


Rodolfo Wrolli – 13/3/3015

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