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Sindicalistas angolanos fazem intercâmbio no Brasil

Linha fina
Dirigentes bancários do país africano trocam experiências com seus pares brasileiros e participaram da festa dos 90 anos do Sindicato
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São Paulo – A comemoração pelos 90 anos do Sindicato na Quadra, na terça 16, contou com a presença de uma ilustre delegação – a dos dirigentes do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários de Angola (SNEBA). Eles estão no Brasil para trocar experiências e adquirir conhecimento de como é feito o sindicalismo bancário no Brasil.

Os dirigentes africanos (na foto, com o presidente Lula) estão baseados em Santo André, onde fica a sede do Sindicato dos Bancários do ABC. “A proposta é que eles conheçam o berço do novo sindicalismo brasileiro e saiam daqui levando na bagagem como é o cotidiano do movimento bancário praticado aqui no ABC e no Brasil, tanto no dia a dia administrativo como no trabalho externo, realizado junto à base”, explica o presidente da entidade, Eric Nilson.

Angola é uma ex-colônia africana de Portugal que conseguiu sua independência em 1975, alinhando-se ao bloco dos países socialistas no contexto da Guerra Fria. Logo em seguida, um sangrento conflito civil teve início, encerrado somente em 2002. Hoje, é um dos países que mais crescem economicamente no mundo. Em 2012, o PIB do país avançou 6,8%.

Reorganização sindical – O vice-presidente do SNEBA, Filipe Makengo, conta que a estrutura da entidade é moderna e abrangente – com atuação em todas as 18 províncias do país –, e o atual movimento sindical bancário é recente. “Após a proclamação da independência, nós começamos a viver um regime de partido único. Tínhamos também um sindicato único, que abarcava todo o setor. Após o fim da União Soviética, nos anos 90, os bancários entenderam que teriam de fazer a reinauguração do seu sindicato”, explica.

A reestruturação do SNEBA ocorreu em 1996. Hoje sua estrutura conta com seis elementos efetivos – presidente, vice-presidente e cinco secretários. A entidade é de âmbito nacional, com representação em todas as províncias. “Desde o ano passado nós estamos fazendo um movimento de reimplantação do nosso sindicato nas sedes dos bancos. Atualmente estamos presentes em cinco”, explica Makengo.

Desafios – A classe bancária em Angola é composta por 18 mil funcionários que trabalham em 23 bancos, dos quais quatro são públicos, incluindo o Banco Central do país. O maior é o BPC – Banco de Poupança e Crédito, com cerca de 300 agências em todo o país.

Aproximadamente 50% dos bancários são associados ao SNEBA. Ao contrário do Brasil, os dirigentes sindicais em Angola não são liberados pelas empresas para exercer a atividade sindical, tendo que conciliar as duas funções.

Makengo conta que aproximadamente 45% dos bancários angolanos são jovens com menos de 45 anos e o principal desafio enfrentado por eles é a falta de estabilidade no emprego, já que a rotatividade é muito grande, assim como o índice de desemprego, rondando os 26%.

“Isso significa que as pessoas têm de lutar para garantir a segurança no emprego e a garantia do seu futuro, de forma que o desafio do sindicato é realizar um trabalho de aproximação e de conscientização com a base, para que os trabalhadores saibam que não devem ser desprezados pelos bancos. A nossa visão é garantir e fortificar o movimento sindical para que possamos enfrentar os próximos desafios.”

Exemplo – Makengo acredita que o sindicalismo bancário brasileiro é uma escola e um exemplo a ser seguido. “Essa aproximação com o movimento sindical do setor financeiro brasileiro tem de persistir, pois assim nós poderemos alavancar o nosso sindicato, e essa é a razão pela qual nós queremos manter relações mais estreitas e profícuas com os companheiros do Brasil”, afirma o vice-presidente do SNEBA.


Rodolfo Wrolli – 17/4/2013

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