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Câmara: 1,3 milhão cobram cassação de Cunha

Linha fina
Abaixo-assinado foi entregue no conselho de ética da Câmara, pouco antes de o colegiado ouvir lobista confirmar propina ao presidente da Casa: "Pessoalmente entreguei R$ 4 milhões a Cunha"
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São Paulo – O coordenador de campanhas do site de petições on-line Avaaz, Diego Casaes, entregou na terça 26 ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados um abaixo-assinado com 1,3 milhão de adesões pedindo a cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O documento foi recebido pelo presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA). Na mesma data, o colegiado ouviu lobista afirmar que entregou propina de R$ 4 milhões a Cunha.

A entrega ocorreu pouco antes do início da sessão e provou tumulto na sala do conselho. O deputado federal Laerte Bessa (PR-DF) atacou o coordenador da Avaaz, chamando-lhe de “palhaço, babaca, vagabundo” e tomando dele um cartaz de convocação para assinatura da petição. Os deputados Chico Alencar e Glauber Braga, do Psol do Rio de Janeiro, defenderam Casaes.

No documento entregue, a Avaaz defende que “o processo de cassação contra o deputado Eduardo Cunha é uma prova dos nove para nossa democracia”. “É por isso que hoje, 1,3 milhão de pessoas pedem ao Conselho de Ética que atuem com urgência e responsabilidade para garantir que ninguém esteja acima da lei. Esta é a única maneira de sairmos da crise política atual e darmos um passo histórico em busca de um Brasil mais limpo e democrático”.

A campanha pela cassação de Cunha foi aberta em outubro do ano passado, mas não tinha conquistado um grande número de adesões até o início deste ano. Após a votação da proposta de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na Câmara, no dia 17, as assinaturas aumentaram exponencialmente, indo de 330 mil, no início do mês, para 1,3 milhão no dia 20.

R$ 4 milhões para Cunha - Após a entrega, em depoimento no conselho, Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, confirmou o repasse de dinheiro oriundo do esquema de propina na Petrobras a Eduardo Cunha. Baiano disse que os pagamentos eram feitos em espécie e que os repasses ocorreram em 2011 e 2012.

“Houve reunião de Júlio Camargo (empresário) com Cunha para tratar diretamente desses valores, no dia 18 de setembro de 2011, no Leblon onde ficou acertado o pagamento de US$ 5 milhões. Pessoalmente entreguei R$ 4 milhões para Cunha", disse aos deputados do conselho.

Baiano é apontado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, como operador de recursos para o PMDB no esquema de pagamento de propina em negócios irregulares envolvendo a Petrobras. Baiano confirmou aos deputados as informações iniciais prestadas por outros delatores do esquema, o doleiro Alberto Youssef e o empresário Júlio Camargo. De acordo com Camargo, Cunha cobrou o pagamento a Baiano de subornos atrasados no valor de US$ 15 milhões, para viabilizar a contratação de dois navios-sondas do estaleiro Samsung, representado no Brasil por Camargo.

Questionado pelo deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo contra Cunha, se tinha conhecimento de repasse de propina a Cunha em contas no exterior, Baiano disse não ter conhecimento de que houvesse repasse de dinheiro para contas no exterior. Segundo Fernando Baiano, os valores eram entregues pelo doleiro Alberto Youssef e depois ele levava a quantia para Cunha. “A pessoa que recebia a propina era um funcionário do escritório de Cunha no Rio de Janeiro, chamada Altair”, acrescentou.


Rede Brasil Atual, com edição da Redação - 27/4/2016
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