Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Seminário

Bancos públicos democratizam acesso ao crédito

Linha fina
Importância das instituições públicas como ferramentas para o desenvolvimento do país e redução da desigualdade foi debatida em seminário organizado pelo Sindicato
Imagem Destaque
Foto: Seeb-SP

 

 

São Paulo – O papel dos bancos públicos como ferramentas para o desenvolvimento do país, democratização do crédito e combate à desigualdade. Esse foi o tema que norteou o debate na quarta mesa do seminário Em Defesa dos Bancos Públicos, promovido pelo Sindicato na segunda-feira 10.

A ex-presidenta da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, abriu as falas destacando que não esperava que tivesse de retomar o debate da defesa dos bancos públicos, especialmente após a crise econômica de 2008, quando essas instituições tiveram papel fundamental na concessão do crédito e manutenção dos níveis de consumo e produção no país.

“Sinceramente, eu não esperava que nós tivéssemos que retomar esse debate da defesa dos bancos públicos. Passamos duas décadas, 1980 e 1990, ouvindo diuturnamente que nós [bancos públicos] éramos ineficientes, que bom era ser privado, ruim era ser público. Com o governo Lula isso mudou e passamos por um processo de fortalecimento dos bancos públicos. E a percepção sobre as instituições mudou, especialmente após 2008, com a resposta rápida e precisa à crise econômica”, enfatizou a ex-presidenta da Caixa.

Maria Fernanda enfatizou ainda que, no governo Lula, a principal diretriz da Caixa não era o lucro máximo, e sim a implementação de políticas públicas e a democratização do crédito. “Os bancos públicos possuem uma lógica alternativa à do mercado. O papel do banco público é alocar crédito em setores nos quais não existe interesse dos privados. Além disso, bancos públicos criam mercados. Estão onde os privados jamais iriam. Em um país desigual como o nosso não é possível gerar desenvolvimento, com inclusão social, inclusão bancária, sem bancos públicos.”

“Temos de defender os bancos públicos porque o Brasil é um país muito desigual, no qual teremos de buscar ainda por muitos anos a democratização do acesso ao crédito, bens e serviços”, concluiu Maria Fernanda Ramos Coelho.

Na mesa do brasileiro – Aristides Veras dos Santos, presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), destacou a importância dessas instituições para a agricultura familiar – responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos pelo brasileiro – e para pequenos municípios. “Os resursos da Previdência Rural, que passam pelos bancos públicos, em 70% das cidades são maiores que o Fundo de Participação dos Municípios. São R$ 150 bilhões em um ano. Só com a Previdência. Todos os créditos do Pronaf [que financia a agricultura familiar] também passam pelos bancos públicos.”

“Contem conosco na luta em defesa dos bancos públicos, em defesa do Brasil, contra as privatizações, em defesa da reforma agrária, de uma agricultura saudável. Vamos juntos, campo e cidade. Precisamos nos unificar cada mais e melhor”, enfatizou Aristides.

União contra o desmonte – O ex-presidente da Previ e da Contraf-CUT, Sérgio Rosa, destacou que o processo de desmonte dos bancos públicos pelo governo Temer é uma forma de expandir a capacidade do setor privado para captar recursos. “O que está por trás disso tudo são os interesses do setor privado, que busca expandir a sua capacidade de captura de recursos e, com apoio da mídia, reverte o Estado e as empresas públicas, incluídos os bancos, em inimigos aos olhos da opinião pública.”

Para ele, a defesa dos bancos públicos passa pelo debate sobre qual a função dessas instituições. “Se a gente não provar que a relação de um banco público com a sociedade é diferente, que ele não deve buscar somente o lucro, como fazem os privados, ficaremos mais frágeis diante dos ataques midiáticos.”

Por fim, Gilmar Mauro, da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), conclamou os movimentos sindicais e sociais a se unirem cada vez mais no enfrentamento ao desmonte do Estado brasileiro.“Não temos alternativa a não ser nos juntarmos. Todas as categorias vão sofrer uma derrota muito grande com a alternativa que está sendo proposta, em nível planetário, para a saída da crise: a quarta revolução tecnológica. Quem trabalha em banco sabe o que isso significa. Mais que isso, propõem um processo de terceirização e precarização do mundo do trabalho (...) Se não enfrentarmos isso, de forma coletiva, seremos derrotados. Vamos estar juntos no dia 28, fortes e unidos na greve geral”.

seja socio