
João Luiz Fukunaga deixará a presidência da Previ para assumir a diretoria de Relações Governamentais e ASG da EloPar. A holding foi criada em 2015 para viabilizar o crescimento das empresas do grupo, operando como uma plataforma de integração e suporte estratégico para suas subsidiárias.
“A passagem de um quadro do movimento sindical no comando da Previ reforça que os trabalhadores têm plena competência e lisura para fazer a gestão do nosso patrimônio”, afirma Antonio Netto, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, lembrando que Fukunaga também foi diretor da entidade antes de presidir o fundo de pensão dos funcionários do BB.
Ele assumirá o relacionamento institucional do Grupo Elopar com órgãos governamentais, reguladores e entidades do mercado, além de impulsionar a agenda de sustentabilidade e ASG nas empresas do grupo.
O Banco do Brasil indicou Márcio Chiumento, atual diretor de Participações, para comandar a Previ.
Plano 1 e Previ Futuro
No comando de Fukunaga, a Previ foi marcada pela aceleração da estratégia de imunização do passivo do Plano 1. Entre 2023 e 2025, a alocação em Renda Variável caiu de 32% para 18%, com cerca de R$ 30 bilhões desinvestidos e realocados em Renda Fixa. Essa mudança garantiu liquidez e aderência às obrigações do plano, e superou uma meta de redução de alocação em Renda Variável prevista para 2030.
“Realizamos desinvestimento em mais de 50 empresas desde 2024, incluindo a BRF, e reforçamos a carteira de títulos públicos em mais de R$ 19 bilhões nesse período. Somente neste ano foram R$ 7 bilhões contratados a uma taxa média de inflação mais 7,35%. Isso trouxe mais estabilidade para o Plano 1, não apenas agora, mas pelas próximas décadas”, destacou Fukunaga em um balanço da sua gestão divulgado em vídeo.
Mais recentemente foi concluída a participação na venda da participação do fundo na Neoenergia. A operação, ainda segundo Fukunaga, representa valorização de cerca de 20% sobre o valor de mercado dessas ações.
“Isso vai reforçar o caixa do Plano 1 em aproximadamente R$ 12 bilhões. Para defender os direitos dos associados do Previ Futuro, demos continuidade aos diálogos com o Banco do Brasil para aprimorar a tabela PIP, uma conquista histórica do movimento sindical que beneficiou cerca de 60 mil associados da ativa”, pontuou o dirigente.
Incorporados
O agora ex-presidente da Previ enfatizou a busca por soluções para assumir a gestão dos planos de previdência dos colegas de bancos incorporados.
“Também atuamos junto aos órgãos reguladores para debater temas como a marcação a mercado e tributação regressiva e progressiva. Em 2023, esses itens pareciam inalcançáveis para muitos associados. Hoje são uma realidade.”
120 anos da Previ
O dirigente lembrou os 120 anos da Previ, celebrados em 2024 para destacar a história do fundo, marcada pelo mutualismo, pela solidez e pela governança de excelência.
“Minha missão foi contribuir para a evolução desse processo, fortalecendo ainda mais a nossa Previ para que ela continue sendo essa certeza de segurança e amparo para todos nós associados. Saio com a convicção de que trabalhei intensamente para ajudar na construção do futuro de mais 200 mil pessoas que confiam nessa instituição sólida.”
Assista ao vídeo do balanço da gestão de João Fukunaga:
Ataques à Previ
Os ataques do Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Previ também marcaram a gestão de Fukunaga. A partir de um pedido de auditoria por causa de um déficit em 2024 já revertido este ano, os números da entidade foram distorcidos, assim como a lógica de funcionamento de entidades fechadas de previdência complementar.
Em agosto de 2025, contudo, o Plano 1 obteve resultado positivo de R$ 4,17 bilhões no mês e rentabilidade acumulada de 9,25% em 2025, bem acima da meta atuarial de 6,32%, e agora registra um superávit acumulado de R$ 1,48 bilhão.
O Previ Futuro também manteve ótimo desempenho: rentabilidade acumulada de 10,30% no ano, muito superior à meta de 6,23%. Todos os perfis de investimentos superaram a meta atuarial e tiveram desempenho melhor que os planos equivalentes do mercado.
“O tempo provou que a Previ no comando de Fukunaga apresentou resultados positivos, e a investigação feita pelo TCU não apontou nenhuma irregularidade no período. Mas nós lamentamos a tentativa de interferência do modelo de gestão para atacar os direitos dos trabalhadores dos recursos do seu próprio patrimônio”, afirma Antonio.
Trajetória
João Luiz Fukunaga é o primeiro sindicalista a chefiar a Previ desde 2010, quando Sérgio Rosa deixou a presidência. Atualmente, integra os Conselhos de Administração da Vale e do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Funcionário de carreira do Banco do Brasil desde 2008, Fukunaga assumiu em 2012 a direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Em 2022, foi escolhido coordenador nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), atuando diretamente nas negociações entre funcionários e a direção do Banco do Brasil.
