A OMS (Organização Mundial de Saúde) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Neste sentido, o Sindicato quer saber de você, bancário(a), quais medidas considera importantes para tornar o ambiente de trabalho bancário mais saudável.
Para isso, foi incluída uma pergunta específica sobre o tema na Consulta Nacional aos bancários, que irá apontar as prioridades da categoria e ajudar a construir a pauta de reinvindicações da Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2024.
De acordo com a pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias no Trabalho Bancário” – realizada pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) - 80% dos 5.803 bancários que participaram do estudo tiveram pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho em 2023. Deste total, quase metade está em acompanhamento psiquiátrico.
A coordenadora da pesquisa, doutora Ana Magnólia Mendes, avalia que a presença intensa de discursos e práticas de controle, caracterizadas pelo foco nas metas, o a despersonalização dos trabalhadores, a presença de uma hierarquia rígida e o uso de ameaças como ferramentas de gestão intensifica, por sua vez, a competitividade e o produtivismo nas relações de trabalho e a presença de vivências de violência no trabalho e de sobrecarga.
“Essas relações produtivistas, conforme descrito pela amostra, são caracterizadas pelo foco em metas, pela cobrança por resultados, pela pressão intensificada pela vigilância de resultados e também pela insuficiência de pessoas para realizar as tarefas que contribui para um ritmo de trabalho excessivo”, afirmou Ana Magnólia Mendes durante a apresentação dos dados da pesquisa à Fenaban (federação dos bancos).
“Essas relações produzem as patologias da violência e da sobrecarga, caracterizadas pela presença intensa de vivências de cansaço, desgaste, sobrecarga, frustração, desmotivação, falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, indiferença entre colegas e desconfiança entre chefia e subordinados, as quais aumentam a presença de sintomas de adoecimento marcados por características de transtornos ansiosos”, completou.
Levando em consideração o alto índice de transtornos psíquicos relacionados ao trabalho na categoria e o apontamento da pesquisa de que o modelo de gestão dos bancos – focado na cobrança por metas e competitividade – é um fator de adoecimento, a Consulta Nacional indica algumas medidas para tornar o ambiente mais saudável e pede para que você aponte quais acha mais importantes. São elas:
- Maior participação dos bancários e bancárias na definição das metas e mecanismos de aferição.
- Definição das metas, levando em consideração o porte da unidade, a região, o número de empregados, a carteira de clientes, o perfil econômico etc.
- Caso haja períodos de redução do quadro de trabalhadores na unidade (férias, afastamentos, licenças etc.), as metas devem ser proporcionalmente readequadas para este cenário.
- Estabelecimento de metas de caráter coletivo para as unidades e não apenas individual para cada bancário e bancária.
- Não exposição de rankings individuais de cumprimento de metas.
- Não elevação das metas ao longo do exercício.
- Proibição da cobrança de metas por meio de correio eletrônico, SMS, redes sociais etc.
- Treinamento para cargos de gestão que envolvam valorização dos trabalhadores, respeito à diversidade, cooperação, trabalho em equipe e combate ao assédio moral e sexual.
- Criação de canais anônimos de denúncia contra práticas de assédio moral e sexual, inclusive com participação das entidades sindicais na apuração das denúncias.
Corre lá na Consulta Nacional e dê a sua opinião. Ele é de extrema importância para a construção da nossa pauta de reivindicações da Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2024 e na negociação com os banqueiros.
