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Plenária da CUT/SP aborda mídia e reforma política

Linha fina
Dia intenso de debates em Guarulhos destacou, também, a crise da água em São Paulo, a Copa Do Mundo e teve homenagem para o professor Carlos Ramiro
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São Paulo - Se você não cuidar, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as pessoas que estão oprimindo. A frase de Malcom X, lutador assíduo das questões raciais, foi apresentada pelo sociólogo e assessor da CUT Nacional, Alex Capuano, nesta quinta-feira 29 durante a oficina "Comunicação: como disputar as redes sociais", ao citar o poder da mídia no Brasil, durante a 14ª Plenária Estatutária da CUT São Paulo, no Centro Cultural Adamastor, em Guarulhos.

O primeiro dia de debates tratou também do plebiscito popular para reforma política, Copa do Mundo e o desabastecimento de água em São Paulo. Houve, ainda, homenagem ao professor Carlos Ramiro de Castro, falecido em 5 de setembro de 2013. A plenária termina na sexta 30, com o debate do projeto político e organizativo da CUT/SP e a eleição da delegação que participará, em agosto, da 14ª Plenária Nacional da CUT.

> Homenagem ao lutador do povo Carlos Ramiro
> "O Brasil já ganhou com a Copa"

Na oficina sobre comunicação, foi lembrado que no país, dez famílias controlam cerca de 80% dos veículos. São elas: Abravanel (SBT); Carvalho e Dallevo (Rede TV); Civita (Abril); Frias (Folha de S. Paulo); Macedo (Record); Marinho (Globo); Mesquita (O Estado de S. Paulo); Saad (Bandeirantes) e Sirotsky (Rede Brasil Sul - RBS).

Alex Capuano afirmou que os partidos Democratas, PMDB e PSDB são donos de 54,9% dos meios de comunicação e citou dados do grupo Donos da Mídia. "No Brasil, 271 políticos são sócios ou diretores de 324 veículos de comunicação, entre TVs, rádios, revistas e jornais. Isso é contra o que diz a Constituição, pois os parlamentares não poderiam controlar os veículos e a informação", pontuou.

A saída, pode esta na intenet. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o país registrou 67,9 milhões de internautas. Desses, aproximadamente 61 milhões utilizam a rede Facebook. "A militância virtual precisa de criatividade e bom humor", afirmou Capuano.

A dica do sociólogo é que os dirigentes precisam estar atentos para comentar, curtir, debater, informar e compartilhar informações que rebatam as notícias dos veículos hegemônicos de comunicação. Contudo, alertou, "é preciso estar atento para não fazer postagens machistas, racistas, homofóbicas e discriminatórias. As redes servem para construirmos novos valores".

Ao final, a bancária e secretária de Comunicação da CUT São Paulo, Adriana Magalhães, que coordenou a mesa e as intervenções da plenária, lembrou das conquistas obtidas pela classe trabalhadora e do empenho que subsedes, sindicatos e militantes precisam ter. "Construímos parcerias nos últimos anos e temos feito um esforço de pautar os veículos sobre temas que fazem parte da luta da classe trabalhadora. Isso exige o nosso envolvimento de forma permanente ".

Adriana também lembrou que a TVT, em breve, poderá transmitir a sua programação no canal 44 UHF, em HD, com geração a partir da Avenida Paulista. O novo canal digital aberto alcançará 20 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.

Reforma Política - O grupo Mistura Popular abriu com alegria e música a oficina sobre o Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

O coordenador Raimundo Bonfim, da Central dos Movimentos Populares, afirmou que a necessidade da reforma política não é de hoje. "Muitas foram as tentativas e propostas para mudar as estruturas de poder a partir das mobilizações dos movimentos e é inegável que nos protestos de junho essa bandeira estava colocada pela juventude".

Há quase um ano, a presidenta Dilma Rousseff propôs a abertura de uma Constituinte. "Essa proposta foi negada pelos grupos elitistas do Congresso".

Os movimentos social e sindical têm organizado comitês em todo Brasil. São mais de 400 grupos espalhados pelo país, organizados em bairros, regiões e nos estados. No último dia 24 de maio, 1.110 militantes do campo e da cidade participaram do Curso dos Mil de São Paulo, na quadra dos Bancários, no centro da capital paulista.

A proposta de mudança nas estruturas, afirma Bonfim, não se refere a questões apenas eleitorais. "O plebiscito luta pelo financiamento público de campanha eleitoral, mas também por uma maior representação de mulheres, negros e indígenas nas cadeiras do Congresso e participação efetiva do povo em conselhos e em outros espaços de poder".

Os sindicatos cutistas, que participaram da 14ª Plenária, assumiram o compromisso de fortalecer, dialogar e ampliar a participação no Plebiscito até a votação popular. As urnas serão montadas entre os dias 1º e 7 de setembro de 2014 em todo o país. A consulta popular fará uma única pergunta à população: “Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?”.

> Acompanhe informações pelo plebiscitoconstituinte.org.br

Semi-Árido - A última oficina realizada na quinta 29 tratou sobre a questão da água na região metropolitana de São Paulo e Campinas. O assessor da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Edson Aparecido da Silva, também coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental, disse que "vivemos numa região pior que o semi-árido nordestino".

Segundo Edson, a crise da água não afeta só as pessoas no consumo, mas também os empresários e a produção. "É importante que a CUT debata os males da escassez deste recurso que podem afetar a classe trabalhadora".

Classificação feita pela Organização das Nações Unidas (ONU) indica que o nível de água abundante é quando a disponibilidade hídrica é de 20 mil m³ por habitante/ ano. A situação é crítica quando está abaixo de 1.500 m³ por habitante/ ano. O estado de São Paulo, com 2.468 m³ por habitante/ ano, encontra-se abaixo do recomendado. Pior do que isso é o reservatório da Bacia do Alto Tietê, em estado crítico, com apenas 201 m³/habitante/ano.

Os governos do PSDB não transformaram em soluções práticas, ressalta o especialista, uma série de estudos e orientações que foram feitas há anos. "A Sabesp deveria ter começado desde outubro do ano passado um processo de racionamento oficial da água, mas não fez porque é uma empresa administrada por gestão público-privada. Quantos menos água as pessoas consomem, menos receita os acionistas privados no Brasil e em Nova Iorque terão", explica.

Sobre o volume morto, que é água estocada na terra, abaixo do nível de captação das comportas, a ideia do governo é tirar 180 bilhões de litros de água numa primeira etapa e depois mais 100 bilhões, de um total de cerca de 400 bilhões de litros. "A crise da água vai começar e piorar se não chover no estado. Esse é o risco que corremos e o governo tem a obrigação de debater isso com a população, pois não existe uma gestão adequada das águas em São Paulo", conclui Edson.

O nível dos reservatórios do Sistema Cantareira, em maio deste ano chegou a 8% segundo dados da Sabesp.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, às 9h, a CUT fará mobilização junto com os movimentos sociais para denunciar a falta de diálogo e de planejamento do governo Geraldo Alckmin (PSDB) na crise da água no estado de São Paulo, que impacta diretamente a população. A atividade terá concentração na estação Pinheiros do metrô, à Rua Sumidouro, próximo à Praça Victor Civita.

O presidente da CUT/SP, Adi dos Santos Lima, apresentou o Boletim #Vaitercopa, o que não vai ter é água em São Paulo, produzido pela Central em parceria com os movimentos populares. Em breve, será disponibilizada a versão digital da publicação.

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Vanessa Ramos, da CUT/SP, com edição da Redação - 30/5/2014

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