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Sede do Santander é palco de ato contra demissões

Linha fina
Protesto foi desfecho de série de manifestações em âmbito nacional que durante duas semanas reivindicaram também a contratação de mais funcionários e a redução do valor das tarifas cobradas dos clientes
Imagem Destaque

São Paulo – A jornada nacional de luta dos trabalhadores dos Santander teve sua apoteose em frente a sede nacional do banco, em São Paulo, nesta terça-feira 27, após mais de duas semanas de mobilizações e protestos em todo o país.

> Fotos: galeria da manifestação na Torre

As cópias de 25 mil cartas assinadas por clientes insatisfeitos de todo o Brasil pedindo a contratação de mais funcionários e a redução do valor das tarifas deram três voltas ao redor do imenso prédio que abriga a diretoria executiva e a presidência do Santander no país.

Uma comissão de dirigentes sindicais entregou à diretora de Recursos Humanos, Vanessa Lobato, as milhares de cartas endereçadas ao presidente do banco, Jesus Zabalza, reivindicando a revisão da atual gestão do banco.  Vanessa se comprometeu a levar o pleito da reunião a Zabalza.

> Leia comunicado dos trabalhadores sobre as cartas

“Ao assumir o posto, no ano passado, o atual presidente declarou à imprensa que implantaria a mesma política adotada quando comandou o banco no México: redução de custos por meio das demissões, mas aqui não é o México. Respeite quem é responsável por 20% do lucro mundial do Santander”, afirmou a secretária de finanças do Sindicato, Rita Berlofa.

“O banco é uma concessão pública e como tal deve atender aos anseios da sociedade, que deve vir com o aumento do número de postos de trabalho, a diminuição das tarifas e a concessão de crédito barato”, afirmou o dirigente sindical Ramilton Marcolino.

Gestão equivocada – Os bancários apoiaram a manifestação e mostraram reprovação quanto a visão empresarial adotada no banco.

“É uma gestão burra, voltada para a redução de custos, ao invés de ser direcionada à satisfação do cliente”, ponderou um bancário. “O banco tem que colocar em prática aquilo que prega, que é atender bem, ao invés de demitir quem atende”, completou.

“A pirâmide aqui é inversa”, opinou outro. “Muito executivo para pouco bancário na linha de frente”, completou.

Humilhação – Outra bancária faz questão de transparecer a desmotivação. “Os altos executivos recebem quase R$ 500 mil por mês, enquanto muitos bancários ganharam R$ 2.200 de bônus (PPG), sendo que deste total, R$ 1.700 são garantidos pelo acordo coletivo de trabalho do Santander. Ou seja, tem gente que ganhou só R$ 500 reais de bônus do banco, enquanto os diretores tiveram aumento de quase 50% nos seus ganhos. É um insulto, uma humilhação”, desabafa.

A redução de custos por meio do corte de serviços, como transporte e limpeza, é outro motivo de revolta dos funcionários.

“A retirada dos fretados é uma das principais reclamações dos meus colegas aqui na Torre", relatou uma funcionária. "É um lugar de difícil acesso, o trânsito aqui é horrível em qualquer horário, a estação de trem fica longe. Avisaram sobre o fim dos fretados dois dias antes [do serviço terminar]. Simplesmente falaram para a gente se virar", completou.

Demissões – Mas nada se compara a insegurança gerada nos funcionários por causa das demissões.

“A sensação que temos é que podemos ser demitidos a qualquer momento. Não fazemos planos financeiros a longo prazo porque não sabemos se vamos continuar no banco”, conta uma funcionária.

Durante o ato, a secretária de finanças do Sindicato, Rita Berlofa, ressaltou que o Santander não demite nas américas e nem mesma na casa matriz, ao passo que ano brasil em 2013  foram eliminados mais de 4.800 postos de trabalho e somente no primeiro trimestre deste ano foram mais 970 empregos a menos.

"Os trabalhadores aceitam o desafio de fazer deste banco o maior do país desde que a direção nos dê condições para isto, fazendo deste banco o melhor para se trabalhar. neste sentido, é preciso parar imediatamente com as demissões, e contratar mais bancários para atender melhor o cliente”, afirmou Rita Berlofa (ao lado, de verde).


Rodolfo Wrolli – 27/5/2014

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