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Bolsonaro é <i>persona non grata</i> em sua terra natal

Linha fina
Câmara de Campinas aprovou medida após deputado se irritar com moção de repúdio da Casa à homenagem que fez ao torturador Ustra e afirmar que vereadores são “desocupados” e “otários”
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São Paulo – O deputado federal Jair Bolsonaro se tornou uma persona non grata na própria cidade natal. A Câmara Municipal de Campinas anunciou a medida na terça-feira 15 como retaliação a uma entrevista concedida por ele ao jornal Correio Popular, na qual chama os vereadores da casa de “otários” e “desocupados” por terem aprovado uma moção de repúdio à homenagem que Bolsonaro fez ao torturador Carlos Brilhante Ustra, durante voto a favor do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, vítima de tortura na época da ditadura civil militar no Brasil (1964-1985).

"Essa Câmara Municipal de vocês aí é fraca. Estou me lixando para esses vereadores que votaram isso. Eles não têm o que fazer, são uns desocupados… Esses vereadores são uns otários", afirmou Bolsonaro, acrescentando ainda que considera o torturador Ulstra um “herói nacional”.

Apesar de chamar os vereadores de desocupados, a atuação de Bolsonaro como deputado não vem dando muito frutos. Teve o primeiro projeto aprovado na Câmara só no ano passado, após 25 anos ininterruptos na Casa. Foi uma PEC, Proposta de Emenda Constitucional, que prevê emissão de "recibos" junto ao voto nas urnas eletrônicas. 

O documento aprovado pelos vereadores, e que será encaminhado ao deputado federal, informa: "Diante de tamanha ofensa aos trabalhos desta Nobre Casa Legislativa, discordamos da clara tentativa de desqualificar o Poder Legislativo municipal e entendemos que o parlamentar passa a ser persona non grata em Campinas".

Ulstra – O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra foi o primeiro e único militar reconhecido pela Justiça brasileira como torturador. Entre 1970 e 1974 foi chefe do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), principal órgão de repressão da ditadura militar em São Paulo. De acordo com apurações feitas pela Comissão Nacional da Verdade, no local foram torturadas 502 pessoas e assassinadas outras 50.

O militar foi citado em depoimentos de ex-presos e ex-agentes e admitiu que utilizava o codinome “Dr. Tibiriçá”, citado repetidas vezes por vítimas como o responsável por torturas e outros atos violentos.


Redação 18/5/2016
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