Um idoso de 74 anos foi baleado no abdômen por um vigia dentro de uma agência bancária do Bradesco, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, na manhã da segunda-feira 13. Bancários relataram ao Sindicato que ao menos dois disparos foram feitos pelo vigilante, o que gerou pânico e correria no interior da agência, que estava lotada na hora da ocorrência (10h40). O Sindicato cobrou do banco emissão do CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho), além da liberação imediata dos funcionários, o que foi prontamente atendido.
Imagens das câmeras de segurança da agência divulgadas pelo portal de notícias G1 mostram a vítima se desentendendo com o vigilante logo após passar a porta giratória que dá acesso à agência. Dois vigias começam a discutir com o idoso, que vai para cima de um deles, que recua, tira a arma do coldre na cintura, faz um disparo de alerta e um outro contra o abdômen da vítima, que cai no chão. O idoso foi socorrido pelo helicóptero águia da Policia Militar e levado ao Hospital das Clínicas (HC). Segundo a TV Globo, ele está internado na UTI em estado grave.
Em depoimento à polícia, o vigia alega que o procedimento normal em caso de desentendimento com clientes seria acionar funcionários do banco, mas que não teve tempo hábil de fazê-lo. Ele acrescentou que antes fez um disparo de advertência para o lado, mas que, mesmo assim, a vítima ainda partiu em sua direção. À polícia, disse ainda que mirou na perna, mas acertou o abdômen do idoso. O vigia foi preso em flagrante e indiciado por tentativa de homicídio por motivo fútil e disparo de arma de fogo.
O Sindicato esteve no local para apoiar os funcionários e acompanhar os procedimentos tomados pelo banco: o acompanhamento psicológico para os bancários da agência, a dispensa dos funcionários e a emissão do CAT.
“Devemos debater esse tema dos vigilantes, a forma como são tratados e os treinamentos que eles passam, como defesa pessoal e avaliação psicológica. É uma categoria de extrema importância, e o banco deveria acompanhar minuciosamente se as empresas contratadas estão cumprindo as exigências mínimas legais, para segurança dos bancários, clientes e dos próprios vigilantes. Muitos bancários, inclusive, acharam que o vigilante evitou o pior, pois o cliente, enfurecido, pretendia tomar a arma dele”, ressalta o dirigente Márcio Rodrigues, bancário do Bradesco.
A secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, lamenta o trágico episódio e enfatiza que o investimento em segurança e treinamento de vigilantes tem de ser prioridade nos bancos, além de outras medidas propostas pelo Sindicato nas mesas temáticas de segurança com a Fenaban. “Os bancários da agência estão abalados com o ocorrido e com as proporções que o episódio ganhou na mídia. O vigia, conforme relatos dos trabalhadores, é muito querido deles, e a reação foi totalmente inesperada. Os bancários lamentam o fato dele antes não ter imobilizado o cliente em vez de ter atirado, e torcem pela pronta recuperação do cliente”, ressalta a dirigente.
“O Sindicato tem uma luta histórica para que medidas para proteger a vida e a integridade física e psicológica de bancários, funcionários e clientes das agências sejam tomadas. Os bancos lucram bilhões e devem investir o máximo possível para a segurança de todos. É importante que os bancos façam também campanha explicando para clientes que as portas giratórias, importantes mecanismos de segurança, são acionadas por detectores de metais, sem interferência dos vigilantes”, acrescenta Neiva.