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Organizar jovens é desafio do movimento sindical

Linha fina
Ampliar a participação dos jovens e garantir a paridade de gênero são objetivos para o próximo período, apontam dirigentes
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São Paulo - “Quem dará continuidade às conquistas, com os valores e princípios da CUT? O nosso jeito de fazer as coisas atrai a juventude?”. Com esses questionamentos, a secretária de Imprensa da CUT São Paulo, Adriana Magalhães, abriu o debate sobre os jovens no sindicalismo na mesa “Políticas afirmativas da CUT/SP”, na manhã de sexta 30, último dia da 14ª Plenária Estatutária, em Guarulhos.

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As discussões contemplaram, ainda, as ações e bandeiras da Central ligadas às mulheres, à população LGBT e trabalhadores com deficiência, com a participação de Sonia Auxiliadora, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, e João Batista Gomes, secretário de Políticas Sociais da CUT/SP.

Para Adriana, o desafio de organizar a juventude no movimento sindical deve ser uma preocupação constante dos dirigentes, para formação de novas lideranças capazes de construir os próximos 30 anos da Central. Ela criticou a falta de diálogo com os jovens, principalmente da periferia, que são maioria nos postos de trabalho terceirizados e precarizados. “Nosso discurso é conservador e esse não é o diálogo que deve ser feito com essa faixa etária. Se é difícil fazer essa conversa dentro da própria família, imagina nos locais de trabalho”.

A dirigente defendeu o aprofundamento da reflexão e a discussão de temas como a descriminalização da maconha e o alcoolismo, a violência e a mortalidade juvenil que atingem principalmente os negros/as das regiões periféricas, e a qualidade da educação pública para politizar os jovens. “Se não há um professor militante, não se discute política e nem orientação sexual nas escolas”.

Adriana destacou experiências de sindicatos cutistas, dentre as quais a realização de festivais de cultura e hip hop, encontros intergeracionais e intercâmbio com movimentos sociais, como o MST. “São formas de oxigenar e fazer com que a CUT seja um instrumento de mobilização e participação da juventude. Viemos para o movimento sindical pela semente da indignação e nossa politização se deu ao longo do processo”, observa Adriana.

Discutir a raiz do problema – O secretário de Políticas Sociais da CUT/SP fez um balanço das ações do último período, ressaltando o papel dos coletivos para promover avanço nas pautas e conquistas. “Sem diálogo nos sindicatos, não há como levar a discussão para outros locais e nem chegar à raiz do problema para intensificar o combate à discriminação e à homofobia”, diz Gomes.

No Coletivo Estadual da Pessoa com Deficiência da CUT São Paulo, o secretário pontuou como desafio o cumprimento da lei de cotas de contratação nas empresas a partir de 100 funcionários que, por conta da falta de fiscalização pelo Ministério do Trabalho e Emprego, ainda gera dificuldades na garantia desse direito.

Gomes destacou, ainda, que os membros do coletivo estão engajados nas discussões da Lei Complementar nº 142/2013, que dispõe sobre aposentadoria especial para pessoas com deficiência. Para o dirigente, os sindicatos devem se apropriar do tema, pois, apesar da legislação aprovada pela presidenta Dilma, há problemas com os peritos do INSS na avaliação de quem reivindica o benefício.

Igualdade de gênero - A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, Sonia Auxiliadora, ressaltou que o mundo sindical precisa mudar seu pensamento e sua ação. "A paridade não é mais uma regra a ser cumprida. Deve ser encarada como um desafio, em sua complexidade".

Para Sonia, um novo modelo de sociedade se constrói com igualdade entre homens e mulheres. "Qual será o debate real que faremos agora sobre a composição da nossa próxima direção? Que cargos nós ocuparemos? Porque já comprovamos que temos mulheres capazes de assumir qualquer posto de comando de direção".

Outro desafio citado pela secretária é o da responsabilidade compartilhada. "Temos feito esse debate nos espaços de luta, inclusive internos. Perguntamos aos companheiros se eles dividem as tarefas do dia a dia com as suas companheiras".

A dirigente afirma que está na hora de o movimento sindical reconhecer o potencial de crescimento que as mulheres têm. "Se fizermos as nossas políticas voltadas para as diferenças de gênero, teremos maior igualdade. A inclusão da juventude e das mulheres precisa ser encarada. Esse debate deve ser de todos e todas, entre as diferentes categorias", concluiu.


CUT/SP - 2/6/2014

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