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Brasília – Divulgação feita na quarta 15 de delação premiada feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que ele afirma ter dado dinheiro de forma ilícita para o presidente interino, Michel Temer, e para o senador Aécio Neves (PSDB-MG) conturbou ainda mais o ambiente político. Embora negadas pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, as informações repercutiram de imediato na comissão especial do impeachment do Senado, onde os parlamentares trataram de criticar Temer e trocar farpas.
Segundo Machado, o presidente interino apoiou, em 2012, a eleição do candidato à prefeitura de São Paulo Gabriel Chalita e o procurou, na época, para pedir recursos oficiais para a campanha. E teria recebido do ex-presidente da Transpetro a resposta de que faria o repasse por meio de uma doação oficial de R$ 1,5 milhão – o dinheiro foi liberado pela empresa Queiroz Galvão, como propina paga pela empreiteira no esquema da Petrobras.
Sérgio Machado afirmou ainda em sua delação: “O Temer sabia que o dinheiro era resultado de propina paga pelas empresas por conta de contratos envolvendo a Petrobras. Sabia que era obtido por meio ilícito”.
Em outro trecho do documento, quando falou sobre acordo firmado entre o PMDB e o PT, Machado contou que Temer só reassumiu a presidência nacional da legenda, em 2014, para controlar a destinação dos recursos do partido. E mencionou uma reclamação feita pelos deputados da bancada do PMDB sobre doação de R$ 40 milhões da JBS distribuída somente para senadores peemedebistas, deixando-os de fora – o que teria causado grande mal-estar no partido.
Diante dessa reclamação, e como forma de evitar uma crise interna no PMDB, segundo o delator, Temer teria resolvido reassumir a presidência para “controlar a destinação dos recursos”. Mas Machado afirmou não ter confirmação, nem formas de provar que essa doação foi feita pela JBS.
Após a divulgação dessas notícias, o ministro da Casa Civil disse que Temer nega que tenha se encontrado com o ex-presidente da Transpetro e que nunca agiu para conseguir recursos para campanhas eleitorais de forma ilegal. O ministro também afirmou que a narrativa de Machado “não fala nem dá a entender qualquer tipo de ilegalidade cometida pelo presidente”, uma vez que ele mesmo diz que o pedido feito pelo então vice-presidente foi para que fossem feitas doações oficiais. Para Padilha, a afirmação de que Temer sabia da origem ilícita dos recursos consiste "numa opinião do delator, não numa acusação ou algo que ele possa comprovar".
‘Suspensão do processo’ - O assunto atrapalhou o andamento da comissão de impeachment, nesta quarta-feira. Um dos primeiros a falar sobre o caso, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o processo de impeachment deveria ser interrompido. "Estamos enfrentando a maior crise da história do Senado e da Câmara. O Ibovespa caiu 600 pontos em quatro minutos após a delação premiada de Machado envolver Temer. E esse é o país que quer afastar a presidente por crédito suplementar, por Plano Safra que não tem autoria. Se Eduardo Cunha delatar, cai o governo todo", acusou.
A fala do senador provocou protestos entre outros parlamentares, como Magno Malta (PR-ES), que citou o nome de vários políticos envolvidos na Operação Lava Jato, incluindo o próprio Lindbergh. Outros senadores abordaram a questão, como Fátima Bezerra (PT-RN), que discutiu com Simone Tebet (PMDB-MT). Ricardo Ferraço (PSDB-ES) iniciou uma briga com Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), só apaziguada pelo presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB).
Já em relação ao senador Aécio Neves, o ex-presidente da Transpetro disse que em 1992 era líder do PSDB no Senado e planejou com o senador um esquema para financiar 50 deputados, por meio de pagamentos ilícitos de empreiteiras e de um caixa 2 que teria sido montado pelo então coordenador de campanha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Dinheiro vivo - Segundo Machado, o próprio Aécio teria recebido, pessoalmente, R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Esses recursos para o PSDB, contou o ex-presidente da Transpetro, além de terem saído do esquema montado por Mendonça de Barros, também foram retirados do caixa 2 da empresa Camargo Corrêa, voltado para campanhas tucanas no período.
Ao saber da divulgação da delação de Machado, Aécio classificou as acusações de “falsas e covardes” e as atribuiu a atitude de quem, a seu ver, “no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar”.
No total, a delação premiada feita por Sérgio Machado e três filhos dele contém 400 páginas e cita 21 políticos. Destes, cinco são do PMDB: além do presidente interino Michel Temer, Jader Barbalho (PA), José Sarney (AP), Edison Lobão (MA) e Romero Jucá (RR) – todos caciques do partido.
Jucá, Sarney e Jader negaram o conteúdo da delação. Lobão disse que não iria comentar o assunto. E Renan, além de negar envolvimento com o caso, ironizou o fato de a delação ter sido vazada hoje como “um ato muito bom para a democracia no país”, numa crítica implícita à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), órgãos que têm acesso ao conteúdo dessas informações.
Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual - 16/6/2016
Segundo Machado, o presidente interino apoiou, em 2012, a eleição do candidato à prefeitura de São Paulo Gabriel Chalita e o procurou, na época, para pedir recursos oficiais para a campanha. E teria recebido do ex-presidente da Transpetro a resposta de que faria o repasse por meio de uma doação oficial de R$ 1,5 milhão – o dinheiro foi liberado pela empresa Queiroz Galvão, como propina paga pela empreiteira no esquema da Petrobras.
Sérgio Machado afirmou ainda em sua delação: “O Temer sabia que o dinheiro era resultado de propina paga pelas empresas por conta de contratos envolvendo a Petrobras. Sabia que era obtido por meio ilícito”.
Em outro trecho do documento, quando falou sobre acordo firmado entre o PMDB e o PT, Machado contou que Temer só reassumiu a presidência nacional da legenda, em 2014, para controlar a destinação dos recursos do partido. E mencionou uma reclamação feita pelos deputados da bancada do PMDB sobre doação de R$ 40 milhões da JBS distribuída somente para senadores peemedebistas, deixando-os de fora – o que teria causado grande mal-estar no partido.
Diante dessa reclamação, e como forma de evitar uma crise interna no PMDB, segundo o delator, Temer teria resolvido reassumir a presidência para “controlar a destinação dos recursos”. Mas Machado afirmou não ter confirmação, nem formas de provar que essa doação foi feita pela JBS.
Após a divulgação dessas notícias, o ministro da Casa Civil disse que Temer nega que tenha se encontrado com o ex-presidente da Transpetro e que nunca agiu para conseguir recursos para campanhas eleitorais de forma ilegal. O ministro também afirmou que a narrativa de Machado “não fala nem dá a entender qualquer tipo de ilegalidade cometida pelo presidente”, uma vez que ele mesmo diz que o pedido feito pelo então vice-presidente foi para que fossem feitas doações oficiais. Para Padilha, a afirmação de que Temer sabia da origem ilícita dos recursos consiste "numa opinião do delator, não numa acusação ou algo que ele possa comprovar".
‘Suspensão do processo’ - O assunto atrapalhou o andamento da comissão de impeachment, nesta quarta-feira. Um dos primeiros a falar sobre o caso, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o processo de impeachment deveria ser interrompido. "Estamos enfrentando a maior crise da história do Senado e da Câmara. O Ibovespa caiu 600 pontos em quatro minutos após a delação premiada de Machado envolver Temer. E esse é o país que quer afastar a presidente por crédito suplementar, por Plano Safra que não tem autoria. Se Eduardo Cunha delatar, cai o governo todo", acusou.
A fala do senador provocou protestos entre outros parlamentares, como Magno Malta (PR-ES), que citou o nome de vários políticos envolvidos na Operação Lava Jato, incluindo o próprio Lindbergh. Outros senadores abordaram a questão, como Fátima Bezerra (PT-RN), que discutiu com Simone Tebet (PMDB-MT). Ricardo Ferraço (PSDB-ES) iniciou uma briga com Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), só apaziguada pelo presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB).
Já em relação ao senador Aécio Neves, o ex-presidente da Transpetro disse que em 1992 era líder do PSDB no Senado e planejou com o senador um esquema para financiar 50 deputados, por meio de pagamentos ilícitos de empreiteiras e de um caixa 2 que teria sido montado pelo então coordenador de campanha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Dinheiro vivo - Segundo Machado, o próprio Aécio teria recebido, pessoalmente, R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Esses recursos para o PSDB, contou o ex-presidente da Transpetro, além de terem saído do esquema montado por Mendonça de Barros, também foram retirados do caixa 2 da empresa Camargo Corrêa, voltado para campanhas tucanas no período.
Ao saber da divulgação da delação de Machado, Aécio classificou as acusações de “falsas e covardes” e as atribuiu a atitude de quem, a seu ver, “no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar”.
No total, a delação premiada feita por Sérgio Machado e três filhos dele contém 400 páginas e cita 21 políticos. Destes, cinco são do PMDB: além do presidente interino Michel Temer, Jader Barbalho (PA), José Sarney (AP), Edison Lobão (MA) e Romero Jucá (RR) – todos caciques do partido.
Jucá, Sarney e Jader negaram o conteúdo da delação. Lobão disse que não iria comentar o assunto. E Renan, além de negar envolvimento com o caso, ironizou o fato de a delação ter sido vazada hoje como “um ato muito bom para a democracia no país”, numa crítica implícita à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), órgãos que têm acesso ao conteúdo dessas informações.
Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual - 16/6/2016