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Brasília – Depois de fazer suspense sobre o tema da entrevista coletiva que marcou para esta terça 21, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) frustrou as expectativas dos que esperavam que ele anunciasse a renúncia ao cargo. Cunha não apenas repetiu que não vai renunciar como reiterou que apresentará novos recursos contestando a votação do relatório do Conselho de Ética da Câmara, que pede a sua cassação. Mesmo a declaração de que ele não vai aderir à delação premiada não foi tida como suficiente para ser considerada uma novidade para os colegas parlamentares. Na avaliação dos colegas, ele passou uma imagem de que está cada vez mais sozinho e sem muitas formas de manter os argumentos que sempre apresenta.
“Ele quis aparecer e criar um fato novo, mas não apresentou qualquer novidade. Sem falar que ninguém acredita que alguma negociação sobre delação premiada vá ser definida agora”, afirmou o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA). A fala de Araújo foi repetida por várias bancadas partidárias, que citam como exemplo o caso do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, resistente à delação, e agora, um dos adeptos do instrumento.
O entendimento de muitos deputados que acompanharam, da Câmara, a entrevista, foi que Cunha queria acalmar os colegas que ainda fazem parte do seu grupo aliado, cada vez mais enfraquecido, sobre algum temor de delação – numa forma de conseguir manter votos a seu favor na sessão que decidirá pela sua cassação.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que integra o grupo de apoio ao deputado afastado, contestou as declarações. Disse que Cunha, ao contrário, demonstrou força ao reunir toda a imprensa e que “se enganam os que pensam que ele está derrotado”. “Ele é daqueles que lutam até o fim”, afirmou.
Já o relator do parecer que pede a cassação de Cunha no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que o intuito da entrevista, a seu ver, foi evitar ficar fora dos holofotes e sair um pouco das reuniões em reservado. Rogério disse que não há preocupação por parte do Conselho em relação a qualquer recurso a ser apresentado. Segundo ele, o colegiado do órgão tem todas as formas de comprovar que foram seguidos os devidos trâmites.
Mas o depoimento de Cunha foi considerado para muitos uma continuidade das notas que ele tem divulgado nas últimas semanas. “Estou aqui para dizer, como vocês estão percebendo, que não renunciei. Não tenho crime praticado e vou contestar a votação do relatório que pede minha cassação por erros observados no rito de tramitação da matéria”, afirmou, logo no início da entrevista.
Promessas e ameaças - A entrevista teve dois pontos que chamaram a atenção. A acusação de Cunha de estar sofrendo cerceamento do seu direito de defesa e a denúncia de que recebeu do ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, Jaques Wagner, o compromisso de que o PT votaria a favor dele no Conselho de Ética. Perguntado sobre o motivo pelo qual não tinha feito tal denúncia antes, o deputado afastado disse que não tinha provas por que se tratou de uma conversa a dois e, por isso, preferiu evitar tratar do assunto. O ex-ministro Jaques Wagner não se pronunciou sobre a denúncia.
Por fim, também chamou a atenção a afirmação de Cunha de que recebeu várias ameaças de morte depois que acolheu o pedido de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff, mas preferiu também não divulgar isso “para evitar se vitimizar”.
“Ele tenta se vitimizar desde sempre, não apenas hoje. Vejo a entrevista como mais uma forma de manobrar dentro do estilo ao qual este senhor estava acostumado a agir, só que desta vez ele não conseguiu convencer nem mesmo os que ainda o apoiam”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).
A deputada Erika Kokay (PT-DF) reclamou que a TV Câmara tenha transmitido ao vivo, por um dos seus canais alternativos (acessíveis na TV digital), a entrevista de Eduardo Cunha. Para a deputada, existem várias votações e discussões de temas importantes para o país sendo realizadas na Casa e não é justo que um dos órgãos da Câmara ainda dê tanto espaço para um deputado que está afastado das suas funções.
“Vi a entrevista como o gesto de um parlamentar que está nitidamente enfraquecido e tentou mais uma alternativa para criar um factoide e se manter no cargo. Ele não vai conseguir. Até seus aliados admitem que o reinado de quebras regimentais e de desrespeito aos preceitos da Constituição pela presidência da Câmara durante as votações está chegando ao fim”, disse Chico Alencar (Psol-RJ).
“Minha grande frustração foi o fato de Eduardo Cunha não ter dedurado ninguém do seu grupo hoje. Esperava que nesta entrevista, tão aguardada, ele apresentasse denúncias contra, pelo menos, uns dez amigos”, disse o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE).
Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual - 21/6/2016
“Ele quis aparecer e criar um fato novo, mas não apresentou qualquer novidade. Sem falar que ninguém acredita que alguma negociação sobre delação premiada vá ser definida agora”, afirmou o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA). A fala de Araújo foi repetida por várias bancadas partidárias, que citam como exemplo o caso do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, resistente à delação, e agora, um dos adeptos do instrumento.
O entendimento de muitos deputados que acompanharam, da Câmara, a entrevista, foi que Cunha queria acalmar os colegas que ainda fazem parte do seu grupo aliado, cada vez mais enfraquecido, sobre algum temor de delação – numa forma de conseguir manter votos a seu favor na sessão que decidirá pela sua cassação.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que integra o grupo de apoio ao deputado afastado, contestou as declarações. Disse que Cunha, ao contrário, demonstrou força ao reunir toda a imprensa e que “se enganam os que pensam que ele está derrotado”. “Ele é daqueles que lutam até o fim”, afirmou.
Já o relator do parecer que pede a cassação de Cunha no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que o intuito da entrevista, a seu ver, foi evitar ficar fora dos holofotes e sair um pouco das reuniões em reservado. Rogério disse que não há preocupação por parte do Conselho em relação a qualquer recurso a ser apresentado. Segundo ele, o colegiado do órgão tem todas as formas de comprovar que foram seguidos os devidos trâmites.
Mas o depoimento de Cunha foi considerado para muitos uma continuidade das notas que ele tem divulgado nas últimas semanas. “Estou aqui para dizer, como vocês estão percebendo, que não renunciei. Não tenho crime praticado e vou contestar a votação do relatório que pede minha cassação por erros observados no rito de tramitação da matéria”, afirmou, logo no início da entrevista.
Promessas e ameaças - A entrevista teve dois pontos que chamaram a atenção. A acusação de Cunha de estar sofrendo cerceamento do seu direito de defesa e a denúncia de que recebeu do ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, Jaques Wagner, o compromisso de que o PT votaria a favor dele no Conselho de Ética. Perguntado sobre o motivo pelo qual não tinha feito tal denúncia antes, o deputado afastado disse que não tinha provas por que se tratou de uma conversa a dois e, por isso, preferiu evitar tratar do assunto. O ex-ministro Jaques Wagner não se pronunciou sobre a denúncia.
Por fim, também chamou a atenção a afirmação de Cunha de que recebeu várias ameaças de morte depois que acolheu o pedido de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff, mas preferiu também não divulgar isso “para evitar se vitimizar”.
“Ele tenta se vitimizar desde sempre, não apenas hoje. Vejo a entrevista como mais uma forma de manobrar dentro do estilo ao qual este senhor estava acostumado a agir, só que desta vez ele não conseguiu convencer nem mesmo os que ainda o apoiam”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).
A deputada Erika Kokay (PT-DF) reclamou que a TV Câmara tenha transmitido ao vivo, por um dos seus canais alternativos (acessíveis na TV digital), a entrevista de Eduardo Cunha. Para a deputada, existem várias votações e discussões de temas importantes para o país sendo realizadas na Casa e não é justo que um dos órgãos da Câmara ainda dê tanto espaço para um deputado que está afastado das suas funções.
“Vi a entrevista como o gesto de um parlamentar que está nitidamente enfraquecido e tentou mais uma alternativa para criar um factoide e se manter no cargo. Ele não vai conseguir. Até seus aliados admitem que o reinado de quebras regimentais e de desrespeito aos preceitos da Constituição pela presidência da Câmara durante as votações está chegando ao fim”, disse Chico Alencar (Psol-RJ).
“Minha grande frustração foi o fato de Eduardo Cunha não ter dedurado ninguém do seu grupo hoje. Esperava que nesta entrevista, tão aguardada, ele apresentasse denúncias contra, pelo menos, uns dez amigos”, disse o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE).
Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual - 21/6/2016