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Bancos divulgam balanço semestral com lucros em alta

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Os resultados poderiam ser ainda maiores se o provisionamento não fosse tão elevado. Os índices de inadimplência tiveram crescimento mínimo, com tendência de queda no segundo semestre
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Esta semana foi inaugurada a temporada de divulgação dos balanços semestrais dos bancos públicos e privados no Brasil. As três maiores instituições financeiras privadas no país – Bradesco, Santander e Itaú Unibanco – tiveram lucro líquido somado de R$ 16 bilhões apenas nos primeiros seis meses do ano.

O lucro líquido do Bradesco chegou a R$ 5,7 bi (crescimento de 2,7%) e só não foi maior porque o banco continua elevando demais as reservas de provisão para devedores duvidosos – PDD (uma reserva com base na expectativa de perdas com inadimplência. Essa reserva entra no resultado como uma despesa e, portanto, diminui o lucro). No 1º semestre deste ano, essa despesa no Bradesco cresceu quase 40% em relação ao mesmo período do ano anterior. O banco justifica a elevação com base na expansão das operações de crédito e na elevação da inadimplência. No entanto essa taxa elevou-se apenas 0,1 p.p. no trimestre, unicamente em função de maior atraso nos empréstimos para grandes empresas, sendo que os atrasos de pessoas físicas, micro, pequenas e médias empresas não apresentou elevação. Uma forma de observar que de fato a despesa de PDD tem sido muito elevada é comparar com o cenário de um ano atrás. Na época, a taxa de inadimplência subiu o mesmo 0,1 p.p. e as operações de crédito cresceram ainda mais do que agora e. No entanto, as despesas de PDD elevaram-se apenas 3%, muito menos do que ocorre neste ano.

Outro destaque para o balanço do Bradesco são os postos de correspondentes bancários do banco, que cresceram 38,3%, passando de 29.263 um ano atrás para 40.476 em junho de 2012.

O Itaú Unibanco apresentou lucro líquido recorrente de R$ R$ 7,129 bilhões no primeiro semestre de 2012, com expansão de 2,5% em relação ao mesmo semestre de 2011. Na comparação do 2º trimestre de 2012 com igual período do ano passado o lucro líquido recorrente do Itaú cresceu 8,1%.

O índice de inadimplência do Itaú das operações vencidas acima de 90 dias apresentou alta de 0,1 ponto percentual em comparação com o índice do trimestre anterior e crescimento de 0,7 ponto percentual em relação a junho de 2011. As despesas com PDD cresceram 26,7% se comparado com o primeiro semestre de 2011, somando R$ 12 bilhões.

Houve crescimento das despesas de pessoal do Itaú Unibanco de 1,3%, devido ao aumento nas despesas com desligamentos e processos trabalhistas relacionados principalmente aos efeitos das reestruturações ocorridas no Itaú Unibanco. O banco reduziu nove mil postos de trabalho entre junho de 2011 e junho de 2012.

O resultado do Santander também foi expressivo, no entanto extremamente afetado pelas despesas de PDD. O lucro líquido gerencial do Santander totalizou R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre de 2012, queda de 4,3% comparado com igual período de 2011.

Quando analisamos as receitas do banco, vemos que todas apresentaram forte crescimento. As receitas de crédito subiram 20,9% em doze meses e 5,2% no trimestre. As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias somaram R$ 4,8 bilhões no primeiro semestre de 2012, alta de 10,7% em doze meses.

O que impactou negativamente o resultado foi a despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa que alcançou R$ 7,8 bilhões neste semestre, com acréscimo de 36,1% em doze meses (ou R$ 2 bilhões) e 27,3% em relação ao trimestre anterior (ou R$ 934 milhões).

O índice de inadimplência está em 4,9% do total da carteira de crédito, mostrando elevação de 0,4 p.p. quando comparado ao trimestre anterior.

De acordo com o relatório do próprio banco: “Com a expectativa de retomada da atividade econômica a partir do segundo semestre, a tendência esperada será uma melhora nos atuais patamares de inadimplência e consequentemente de despesa de provisão”. Além disso, a receita de recuperação de crédito no Santander mostrou crescimento de 65,1% no trimestre. Diante de tudo isso é inexplicável o montante de provisões utilizadas pelo banco.

“A prática de administrar os lucros com o aumento do PDD é antiga nos bancos e tem se acirrado nos últimos meses. O argumento da alta da inadimplência não corresponde com a realidade. Também já denunciamos ao Ministério do Trabalho o alto índice de demissões de funcionários e o estímulo à terceirização, com a contratação de correspondentes bancários”, afirma Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.


Cecilia Negrão
Assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (11) 3188-5212 ou (11) 9485-4868
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