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Protestos marcam passagem da tocha por São Paulo

Linha fina
Manifestações em todo o estado contra o governo golpista foram escondidos das transmissões televisivas; confira balanço das ações em algumas das cidades
Imagem Destaque
São Paulo - Celebridades do mundo artístico, esportistas que fizeram história, políticos de diversas regiões do Brasil. Desde o dia 3 de maio, um dos símbolos dos Jogos Olímpicos, a chama olímpica, circula em solo nacional, por meio de uma tocha, passando por cerca de 300 cidades e sendo conduzida por mais de 12 mil personalidades.

> Fotos: galeria dos atos pelo estado de SP

Pela tradição, essa chama anuncia a chegada dos jogos à cidade-sede e deve se manter acessa enquanto durarem as competições. Até chegar ao Rio de Janeiro, a cidade-sede desta edição da Olimpíada, a tocha tem percorrido caminhos que passam pelos principais pontos turísticos do Brasil e, ao longo do revezamento, busca mostrar ao mundo como as pessoas têm se preparado para esse evento.

No entanto, como a passagem da tocha ocorre no momento em que o golpe contra um governo democraticamente eleito está em curso, a população aproveita essa ação para protestar contra a ameaça à democracia e aos direitos, visto que as atenções do mundo estarão voltadas para o país.

Em São Paulo, por todas as cidades onde houve o revezando até agora, faixas, cartazes e outras formas de intervenção pelo “Fora Temer” compuseram a cena de passagem da tocha, apesar das emissoras de televisão não mostrarem nada.

No final de junho, Presidente Prudente foi a primeira localidade a receber a tocha. Moradores e representantes de movimentos sindical e sociais, que compõem a Frente Brasil Popular do Pontal do Paranapanema, estiveram presentes para reafirmar a não aceitação do governo golpista.

Nos dias seguintes, a tocha saiu de São Paulo mas retornou no último dia 16 de julho para percorrer o interior, litoral, região metropolitana e capital. Nessas regiões, os gritos de “Fora Temer” não foram diferentes. Ocorreram tanto protestos espontâneos dos moradores do Estado quanto atos organizados pela Frente Brasil Popular.

Em Sorocaba, no dia 17, por exemplo, manifestantes levaram cartazes e entoaram o “Fora Temer” na passagem pelo centro da cidade. Em lugares próximos ao Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba e no Parque das Águas também foram vistos protestos.

Já no dia 20, em Campinas, teve até um grupo de bateria para ajudar na denúncia contra o desmonte dos direitos sociais e trabalhistas promovido por Michel Temer (PMDB) e sua equipe de ministros.

No dia 21, Jundiaí também se preparou para o desfile da tocha. Balões e faixas deram o tom nessa cidade.

Nesse mesmo dia, em Osasco, não sobrou nem para um dos patrocinadores oficiais da Olímpiada. O Bradesco, que desembolsou US$ 300 milhões para ter a marca associada aos jogos de 2016, cortou mais 3.500 postos de trabalho entre março de 2015 e março deste ano, segundo o Sindicato dos Bancários e Financiários de Osasco e Região.

Como a matriz da instituição financeira está localizada em Osasco, não havia momento mais adequado para mostrar a indignação que os trabalhadores têm sentido.

Santos e região tiveram seu momento no dia 22. Por lá, a passagem foi à noite, mas mesmo assim os movimentos estavam a postos para protestar.

A capital paulista recebeu o evento, junto com os protestos, no domingo 24. Ativistas carregavam balões vermelhos com inscrições contra o governo golpista e realizaram intervenções pela Avenida Paulista, um dos pontos de maior concentração de público.

Nessa passagem, outra patrocinadora, a Nissan, também passou vergonha. Muitos brasileiros prestaram solidariedade aos trabalhadores estadunidenses. Nos Estados Unidos, a montadora é acusada por ter funcionários terceirizados e temporários, mas que já trabalham exclusivamente para a empresa há muitos anos. Além de ilegal, isso impede que esse grupo de trabalhadores tenha aumento salarial por não serem contemplados no acordo coletivo. Aliás, a Nissan também é acusada de prática antissindical, pois atua para impedir a participação de seus trabalhadores nos sindicatos da categoria.

Só para a viagem da tocha pelo Brasil, a Nissan, Bradesco e Coca-Cola gastaram juntas R$ 500 milhões, segundo a agência Bloomberg.

Em Suzano o ato ocorreu no dia 26. Por lá, professores da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e grupos da juventude se uniram para marcar presença com faixas e gritos contra o golpe.


Rafael Silva, da CUT São Paulo - 29/7/2016
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