São Paulo - A Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos foi lançada em São Paulo, na manhã de sábado 1º, no hotel Holiday Inn, em São Paulo, onde aconteceu o 33º Conecef e o 28º CNFBB, com a presença de quatro parlamentares.
Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários, lembrou que, no dia 13 de junho, houve um lançamento em Brasília da Frente Parlamentar Mista, coordenada pelo senador Lindenberg Farias (PT) e pelo deputado José Carlos Nunes (PT). “A gente vinha pedido que houvesse uma frente parlamentar, pois nas ruas a gente já fazia a luta. Essa frente é fundamental, pois é um braço da nossa luta em defesa dos bancos públicos dentro do Congresso Nacional, o que potencializa nossa força. Naquela data, combinamos que lançaríamos a frente em todos os estados. Hoje é a vez de São Paulo.”
Roberto esclareceu ainda que essa luta não é a luta dos bancários de bancos públicos contra os bancários de bancos privados. “Nós acreditamos que os bancos públicos são ferramentas de distribuição de oportunidades. Ou seja, o sistema financeiro público, corrige distorções do capitalismo. Ele não visa apenas o lucro, ele está gerenciado pela distribuição de recursos em locais necessitados. A defesa que estamos fazendo está absolutamente correta. Nós temos que empoderar nas ruas os setores da sociedade que têm sido protagonistas que são as mulheres e os jovens.”
Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, disse que há duas formas de destruir uma empresa pública. “Privatização e o desmonte aos poucos, com fechamento de setores e desmantelações em seqüência. O Banco do Brasil fechou quase 800 agências, a Caixa está indo no mesmo caminho. Isso é desmonte, eles quebram para privatizar. A gente já viu isso, o governo de São Paulo fez isso com o Banespa e com a Nossa Caixa. E a gente sabe o quanto é importante os bancos públicos, como eles foram utilizados no governo Lula e no governo Dilma. Esse são instrumentos importantes da economia, de desenvolvimento das políticas públicas. Nós temos que defendê-los, defender nosso país. Defender o Brasil é defender os bancos públicos, defender os bancos públicos como instrumento de política anticíclica, uma ferramenta para desenvolvimento econômico com distribuição de renda.”
O senador Lindenberg Farias revelou que assumiu a tarefa de presidir a frente, porque essa não é a luta só dos bancários. “Não existe projeto de Brasil sem bancos públicos. A gente tem de fazer uma grande campanha e mostrar para toda a população a importância desses bancos. Não existe investimento no Brasil sem bancos públicos. Os bancos privados não emprestam ou emprestam com juros exorbitantes. Manter os bancos públicos preservados é fundamental para que em outro momento consigamos fazer esse país crescer novamente.”
Para o senador petista, passamos pela segunda ofensiva neoliberal, que é ainda mais perigosa que a primeira, da década de 1990. “É tanta coisa acontecendo que a gente tem de dificuldade de responder. É tanta coisa de uma vez só e com violência, como a criminalização dos movimentos sociais. Nós estamos vivendo uma fase no capitalismo de uma hegemonia brutal do capital financeiro. Essa hegemonia se apropriou de uma parceria gigantesca da mais valia global. Tudo que é produzido com a exploração do trabalhador, vai para este grupo. E para aumentar isso, vem a flexibilização dos direitos dos trabalhadores. A tese é que de 25% de terceirizados que temos hoje, passemos para 75%”, completou.
Orlando Silva, deputado federal, concordou com o senador. “Eu confesso que vivendo essa experiência da luta política de hoje e o golpe à presidenta Dilma Rousseff é como se o Brasil tivesse entrado num túnel do tempo que nos levou parao passado. A fala dos responsáveis pelo golpe é a mesma da década de 1990. A constituição dessa frente parlamentar, mais do que isso, a integração da frente parlamentar com os movimentos sociais é fundamental para a resistência. Foi com esse tipo de resistência que viramos o jogo na década de 1990 e passamos por 13 anos de um governo popular. Eu tenho convicção que é com a forte unidade dos movimentos populares, com os movimentos dos trabalhadores, que vamos virar o jogo agora. Seguiremos juntos com toda a categoria bancária, pois defender os bancos públicos é defender o Brasil.”
Para Ivan Valente, deputado federal do PSOL, o momento é de reflexão. “Este evento não é para discutir o imediato, é para discutir o futuro, organizar o enfrentamento e analisar como tudo isso que vivemos vai influenciar no nosso futuro. Esse momento é de discutir grandes questões. Quem comanda nosso país é o capital financeiro e isso precisa acabar. Temos de conscientizar a população que existe um monopólio neste país, que passa pelos grandes grupos de comunicação, que financiaram o golpe de estado do Brasil. Esta frente parlamentar que vocês estão ajudando a criar, só existe de fato se todos os movimentos populares e a sociedade civil passar a entender o papel dos bancos públicos. Os bancos públicos são para fomento, são para ajudar na habitação, na educação. O banco público é para servir ao povo e não ao grande Capital. Se for para eleger um presidente ligado aos movimentos populares e para reverter todas as privatizações feitas desde o FHC e para fazer que as empresas públicas sirvam de fato ao Brasil. É preciso repensar tudo isso para criar uma massa critica para mostrar que outro Estado e outra sociedade são possíveis. E eu espero que esta saída seja pela esquerda.”
O deputado Paulo Teixeira, do PT, afirmou que “nós temos um projeto de país, um país que cresça, que gere emprego para mais de 200 milhões de pessoas, um país que consigamos ter um grande parque industrial, um país que organize seus serviços públicos na área da educação e da saúde, um país que dê segurança para a população, um país profundamente democrático e justo. Nós temos de recuperar a democracia, pois viemos de um clico de crescimento e de inclusão social que acabou. Atacaram a legislação brasileira para impor um enorme retrocesso a constituição trabalhista. É fundamental que nós possamos tirar o Temer do governo.”
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou ser um prazer estar em casa de novo. “Eu revitalizo minhas forças quando eu volto de onde eu vim que é a categoria bancaria. Este é um segmento da categoria, os bancos públicos, de onde saem idéias importantíssimas na luta da categoria do Brasil e da Caixa. O BB e a caixa são os maiores bancos dos Brasil e são públicos. Por isso é extremamente apropriado lançar a frente parlamentar neste local. O golpe se consolidará se deixarmos privatizar os bancos públicos e a Petrobras. Este é o objetivo do golpe.”
Para Emmanuel Souza, representante da CTB, a luta em defesa dos bancos públicos tem de ser feita pela sociedade. “Agora, se nós, funcionários desses bancos, que temos a consciência da importância destes bancos no projeto de país que queremos, não sairmos dos nossos locais de trabalho e formos às centrais sindicais fortalecer essa luta, ela não será vencedora. Nós temos de ter resistência e quanto mais forte seja neste momento, mais curta será a retomada de um projeto de nação que avance.”
Rita Serrano, coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas, acredita que esta é uma frente muito importante. “O trabalho que nós fizemos, há dois anos, contra o PLS 555 – que previa a privatização de todas as empresas públicas do país de uma tacada só – foi vitorioso por conta de organização junto aos parlamentares. Esta frente tem essa função, mas sozinha não irá vencer. Nós precisamos ter organização nos locais de trabalho. Juntos, Banco do Brasil e Caixa contam com quase 200 mil formadores de opinião. Portanto, se cada um dos trabalhadores fizer a sua parte, nós vamos fazer uma campanha grande e vitoriosa. Nós temos a capacidade de luta que poucas categorias no país têm e temos de usar isto da melhor forma possível. Se não fizermos o debate cm os movimentos sociais e com a população, nós não vamos conseguir frear essa conscientização de que tudo que é público não presta e tem de ser privatizado. Nós temos de dialogar com os trabalhadores dos bancos, com os clientes e com todas as pessoas que convivemos em defesas dos bancos públicos.”
Para o membro da Previ Marcel Barros, que representou todas as entidades institucionais, essa não é só uma defesa dos bancos públicos, é uma defesa de projeto de país. “Porque se nós tivermos uma previdência para poucos, um país com contratos de trabalho intermitentes, nós teremos um país de miseráveis. Nós temos de pensar que país vamos deixar no futuro e lembrar todas as lutas que foram feitas para conquistar os direitos que nós temos hoje. Nós temos de pensar no legado para aqueles que virão. Temos de entregar um melhor que recebemos. “