Com o tema “disputar a renda, reduzir desigualdades”, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realizou seminário internacional para celebrar os 70 anos de existência da instituição de pesquisa.
“O Dieese tem uma contribuição muito importante para a classe trabalhadora, assessorando nas negociações coletivas, fazendo pesquisas, apresentando os índices econômicos que ajudam nas negociações com os patrões, nas políticas públicas, e contribui muito com a categoria bancária nas mesas de negociações”, destaca Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
Especialistas de diversos países estiveram reunidos nesta quinta-feira 11 e sexta 12 para debater tópicos como tributação e ampliação da renda para amenizar as desigualdades, e os desafios para alcançar estes objetivos.
Na parte da manhã do dia 11, os economistas Theo Ribas Palomo, do EUTax Observatory (Observatório Fiscal da União Europeia) e Ramón Lopez da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe debateram como a tributação progressiva (cobrar mais impostos dos mais ricos) pode contribuir com a distribuição de renda. A Mediação da mesa foi de Adriana Marcolino, diretora técnica do Dieese.
Na parte da tarde, Thomas Coutrot, do Instituto de Pesquisa Econômica e Social, promoveu a Conferência: Retomar os sentidos do trabalho, ampliar a renda. A mediação foi de Eliana Elias, diretora da Escola Dieese.
No fim do dia, a renda como instrumento de superação de desigualdades de gênero, raça, território e promoção da segurança alimentar foi o tema do debate realizado por Magdalena Leon Trujillo, da Fundación de Estudios, Acción y Participación Social;
Tânia Bacelar, da Consultoria Econômica e Planejamento; e Elisabetta Recini, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. A mediação ficou a cargo de Patrícia Pelatieri, diretora adjunta do Dieese e responsável pela Produção Técnica.
Já na sexta-feira 12, os desafios para a valorização da renda do trabalho no Brasil foram debatidos por diversos líderes sindicais da CUT e de outras centrais.
Em sua fala, a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT destacou que a renda dos trabalhadores brasileiros ainda é baixa causada,dentre outros fatores, pela desvalorização do salário mínimo, principalmente após o golpe de 2016; pela reforma trabalhista, que legalizou a terceirização irrestrita; pela informalidade; e por políticas como a autonomia do Banco Central, que causou sua captura pelo mercado financeiro.
“Acabaram com a TJLP (taxa de juros do BNDES, mais baixa do que a Selic), colocaram uma taxa de juros mais alta, descapitalizaram o BNDES, que é uma ferramenta importante de desenvolvimento, de investimento no capital produtivo. É preciso baixar os juros para que o Brasil cresça gerando empregos e desenvolvendo a indústria, desenvolvendo o setor tecnológico, criando empregos que pagam uma renda maior.”
O evento se encerrou na tarde de sexta-feira 12, com uma homenagem aos 70 anos do Dieese.
“Desejamos ao Dieese muita saúde e vida longa. Parabéns pelos 70 anos de história. Com certeza, muitas das nossas vitórias e das nossas conquistas têm a participação do Dieese. É uma força muito grande para a nossa categoria, para a classe trabalhadora e para a sociedade brasileira”, afirma Neiva.
O que é o Dieese
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) é uma entidade criada e mantida pelo movimento sindical brasileiro. Foi fundado em 1955, com o objetivo de desenvolver pesquisas que subsidiam as demandas dos trabalhadores. e educação voltadas para os dirigentes e assessores das entidades sindicais e os trabalhadores. Graças a um trabalho que beneficia a toda a sociedade, é reconhecido como instituição de utilidade pública.
Sindicatos, federações, confederações de trabalhadores e centrais sindicais são filiados ao Dieese e fazem parte da direção da entidade. Atualmente, são cerca de 700 associados.
O Dieese possui 17 escritórios regionais, cerca de 50 subseções (unidades dentro de entidades sindicais) e atualmente dois observatórios do trabalho (divisões que funcionam dentro de prefeituras, governos estaduais, para subsidiar o poder público com pesquisas e análises).
