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Chapéu
Campanha dos Bancários 2024

Tecnologia em benefício de todos: em mesa com Fenaban, bancários defendem jornada de 4 dias

Imagem Destaque
Da esquerda para a direita: as coordenadoras do Comando, Neiva Ribeiro e Juvandia Moreira, e a integrante do Comando, Tatiana Oliveira, do Sindicato dos Bancários do Pará

A segunda mesa de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2024 debateu as reivindicações da categoria para a renovação das cláusulas sociais. A mesa, entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (federação dos bancos), foi realizada na manhã desta terça-feira 2, na sede da Fenaban, em São Paulo.

Um dos principais pontos destacados pelo Comando foi a reivindicação da jornada de 4 dias, sem redução dos salários. A demanda foi apontada como prioridade por 42% dos bancários e bancárias durante a consulta nacional, um percentual considerado expressivo para um assunto que é relativamente recente no debate nacional. Estudos comprovam que a redução da jornada aumenta a produtividade, melhora a saúde do trabalhador e gera emprego.

“Os bancos têm lucrado muito com a tecnologia, e de uma forma equivocada e negativa para a sociedade, pois estão reduzindo postos de trabalho e fechando agências físicas. Deixamos claro na mesa que os ganhos advindos dos avanços tecnológicos não podem ficar apenas com as empresas, prejudicando os trabalhadores. As vantagens da tecnologia têm de ser democratizadas com toda a sociedade, e uma forma de democratizar esses ganhos seria a redução da jornada para 4 dias semanais”, destacou a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, uma das coordenadoras do Comando dos Bancários.

“Para além de todos esses dados, pesquisas apontam que a jornada reduzida para quatro dias semanais tem potencial de reduzir a emissão de gases de efeito estufa em até um quinto. Um novo mundo está se apresentando com a revolução tecnológica. Ou continuamos, como está, com redução empregos e reforçando a crise ambiental. Ou tomamos medidas novas para enfrentar esses problemas, como a redução da jornada semanal, onde toda a sociedade ganha”, pontuou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, a outra coordena do Comando.

Segunda mesa entre Comando e Fenaban discutiu jornada de 4 dias e teletrabalho

Vantagens para todos

Os representantes dos bancários apresentaram dados de um projeto piloto que está sendo implementado no Brasil e que mostrou ganhos de produtividade para as empresas, aumento da satisfação e melhorias na saúde dos trabalhadores.

“A pesquisa mostra que todos ganham com a redução da jornada, pois aumenta a produtividade e melhora a satisfação e a qualidade de vida dos trabalhadores. O trabalho não pode mais ser adoecedor, e a tecnologia não pode mais ser usada para aumentar a sobrecarga, para causar burnout, como tem acontecido, especialmente na categoria bancária. Hoje em dia estamos brigando por esse tempo de qualidade para nós, com nossa família. Os ganhos disso em produtividade, em criatividade, na redução dos custos em saúde pública são enormes. Esperamos que a Fenaban analise esses dados com atenção. Já fomos pioneiros em várias conquistas que depois foram adotadas por outras categorias. Podemos mais uma vez ser os primeiros a alavancar uma mudança extremamente positiva e necessária para o país”, acrescentou Neiva Ribeiro.

Dados do projeto piloto

O projeto piloto está sendo coordenado pela FGV, a 4 Day Week Brazil (parceira local da 4 Day Week Global) e a Reconnect Happiness at Work & Human Sustainability.

O projeto envolve 21 empresas e 280 trabalhadores e trabalhadoras que, desde janeiro deste ano, têm testado o modelo 100-80-100 (acordo em que os trabalhadores recebem 100% de seu salário, trabalhando 80% do tempo regular, mas mantendo 100% da produtividade). E os primeiros resultados são muito positivos tanto para as empresas quanto para os empregados.

Para as empresas: 61,5% relataram melhoria na execução de projetos; 44,4% melhoria na capacidade de cumprir prazos; 58,5%, melhoria na criatividade e inovação; e 33,3% melhoria na capacidade de angariar clientes.

Do lado dos trabalhadores, 82,4% disseram ter mais energia para realização de tarefas; 62,7% falaram em redução de estresse no trabalho; 64,9% mencionaram redução do desgaste no final do dia; e 67%, redução de ansiedade semanal. Os trabalhadores relataram ainda muitas melhorias em sua saúde e bem-estar: 64,5% se disseram menos cansados; 46,3% passaram a praticar exercícios mais de três vezes na semana; houve redução de 50% das crises de insônia e um aumento de 27,1% em quem dorme mais de 8 horas por noite.

Os dados apontam ainda para impactos sociais positivos: 78,1% dos empregados notaram aumento de energia para família e amigos; 57,9% estão conseguindo conciliar melhor a vida pessoal e profissional; 85,4% viram melhora na colaboração; e 44%, na relação com o líder ou gestor.

Geração de empregos

O Comando dos Bancários também destacou na mesa que outra consequência positiva da jornada de 4 dias seria a geração de empregos. Levantamento feito pelo Dieese com base em dados da Rais aponta que para parte da categoria bancária que trabalha em média 37 horas semanais, a adoção do modelo 100-80-100 reduziria a jornada para 29,85 horas semanais, o que resultaria na geração de 108.332 postos de trabalho, um incremento de 25% nas contratações. Para os bancários que hoje fazem em média 30 horas semanais, a redução seria para uma média de 24 horas semanais, que levaria a 240.456 novos empregos, um incremento de 55,5%. Já para os trabalhadores da TI, que cumprem em média jornada semanal de 42 horas, a redução seria para 33,38 horas semanais em média, um potencial de geração de 7.212 empregos, 25,2% de postos de trabalho a mais na área.

Teletrabalho tem de ser fortalecido

Outro destaque na mesa foi sobre a questão do teletrabalho. A categoria conquistou avanços na última Campanha, de 2022, entre elas: ajuda de custo (R$ 1.084,29 anuais, que podem ser pagos de uma só vez ou parcelado em até 12 vezes); controle da jornada; direito à desconexão; fornecimento de equipamentos; e garantias de comunicação e contato desses trabalhadores com seu sindicato.

De acordo com dados apresentados pela Fenaban na mesa, atualmente 33% dos bancários estão em teletrabalho, totalizando 143 mil. Sendo que 91% no modelo híbrido, 9% totalmente no modelo remoto. Outro dado importante é que 11,2% dos bancários em home office são pais de filhos PCDs, autistas ou neurodivergentes. Mas o representante da Fenaban disse que, de acordo com os bancos, não há garantia sequer da manutenção do percentual dos bancários que estão em teletrabalho. O Comando, por outro lado, reforçou a necessidade de ampliação.

As coordenadoras do Comando destacaram na mesa que é fundamental que os bancos mantenham e fortaleçam o teletrabalho. E que há, inclusive, uma grande demanda de ampliação do home office pela categoria. “O teletrabalho se tornou uma realidade para os bancários e bancárias. Nossa força e organização fizeram a diferença logo nos primeiros meses da pandemia e conquistamos a regulamentação dessa modalidade já na CCT 2022/2024. Mas precisamos avançar e ampliar esse modelo, principalmente para pais e mães de família, que hoje contam com o regime totalmente remoto ou híbrido na dinâmica de seus cotidianos.”

Outra reivindicação importante dos bancários para o teletrabalho é o aumento na ajuda de custo. Segundo informações de seus próprios balanços, as despesas administrativas dos cinco maiores bancos (com aluguéis, água, energia, gás, materiais, reparação e conservação de bens; segurança e vigilância e instalações) tiveram redução de 17% entre 2019 e 2023 e de 3% entre 2022 e 2023. Por outro lado, os itens que impactam o teletrabalho da categoria (despesas domésticas com ar condicionado, energia elétrica e plano de telefonia móvel, por exemplo) apresentaram alta em seus preços em 12 meses, com INPC ficando em 3,34% a.a. (em maio).

“Os bancos estão entre os setores mais lucrativos da economia brasileira e podem aumentar a ajuda de custo, inclusive há vários bancos que já pagam a seus funcionários mais do que o valor previsto na CCT”, lembrou Neiva Ribeiro.

A Fenaban ficou de estudar os assuntos apresentados e trazer respostas nas próximas negociações.

A próxima mesa de negociação ocorrerá no dia 11 de julho e debaterá Igualdade de Oportunidades.

Confira o calendário:

- 11/07 – Igualdade de oportunidades
- 18 e 25/07 – Saúde e condições de trabalho

Agosto

6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição

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