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CUT fecha plenária lembrando vítimas da ditadura

Linha fina
Delegados também aprovaram o Plano Nacional de Lutas que vai nortear as ações da Central até o congresso do ano que vem
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Guarulhos - A 14ª Plenária Nacional da CUT foi encerrada na manhã de sexta 1º com um ato em memória dos trabalhadores e trabalhadoras mortos e desaparecidos vítimas da ditadura e com a aprovação do Plano Nacional de Lutas. O documento vai nortear as ações da Central daqui até a realização do próximo Congresso, em 2015.

Na homenagem, nomes e fotos de vítimas do regime militar foram colados em cartazes expostos à frente do plenário. Ao som da música 'Andanças', interpretada pela cantora Beth Carvalho, os delegados e delegadas balançavam uma rosa com uma frase do poeta Bertold Brecht - "Os poderosos podem matar uma ou duas rosas, mas nunca conseguirão deter a chegada da primavera".

"Contar a história pelas nossas mãos para que nunca mais aconteça", resumiu Expedito Solaney, secretário de Políticas Sociais da CUT, que mais uma vez fez questão de ressaltar a atuação dos militares para desmantelar a organização da classe trabalhadora.

Somente no primeiro dia do golpe, 400 sindicatos do campo e da cidade sofreram intervenções. Ao longo dos 21 anos de ditadura, diversas diretorias foram cassadas, líderes sindicais perseguidos, torturados, mortos e muitos ainda seguem desaparecidos.

Uma das primeiras ações dos militares foi acabar com a estabilidade no emprego. Logo depois vieram os inúmeros atropelos aos direitos trabalhistas como a lei do arrocho salarial, lei de greve, demissões, ataque a liberdade, fim das organizações sindicais.

Quando o governo militar promulgou a Lei de Anistia no final da década de 70, reconheceu a existência de 500 mortos e desaparecidos. Destes, quase 60% eram trabalhadores.

Contra a impunidade - O dirigente da CUT ressaltou o protagonismo da Central na luta pela redemocratização do país e elogiou a coragem do governo Dilma em instalar uma Comissão Nacional da Verdade, mesmo que tardia  (27 anos depois do fim da ditadura).

"Queremos que o relatório final da CNV traga em suas recomendações a revisão da Lei de Anistia para que possamos julgar e punir todos os militares", disse Solaney.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, acrescentou que julgamento e punição não podem se restringir aos militares, mas deve incluir todos que sustentaram o golpe, como empresários e banqueiros. “E os empresários, que financiaram a estrutura repressiva, torturadora, assassina do golpe? A sociedade precisa saber disso, e a divulgação de tal história também é uma tarefa nossa e da Comissão Nacional da Verdade”.

Houve espaço também para o lançamento de mais uma edição da revista Forma & Conteúdo. "Essa revista, com a contribuição de diversos educadores, assessores e dirigentes, reflete esse momento", afirmou o secretário de Formação da CUT, José Celestino, o Tino.

Plano de Lutas - O Plano Nacional de Lutas foi elaborado por consenso entre todas as correntes políticas que compõem a CUT. Entre os destaques, o firme posicionamento contra os bombardeios de Israel sobre o povo palestino e pelo fim do conflito que já dura décadas – tema que mereceu igualmente uma moção assinada por todos os presentes e que percorrerá todos os sindicatos antes de ser entregue a autoridades do Estado de Israel.

Outro tema recorrente é a necessidade de reeleger o projeto político representado pela presidenta Dilma, que inclui governadores e parlamentares. Neste item, ficou decidido que a CUT e integrantes de outras centrais que defendem a reeleição farão plenária de apoio no dia 7, no Ginásio do Canindé, em São Paulo.

Também foi definido empenho para obter uma maciça votação no Plebiscito Popular pela Reforma Política, que acontece entre os dias 1º e 7 de setembro. No dia 12 de agosto, acontece o Dia Nacional de Mobilização do Plebiscito, com panfletagem e corpo-a-corpo em todas as regiões do Brasil.

Avaliação - Sobre os resultados da Plenária, Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT e coordenador da atividade, afirmou: “Conversei com todos os delegados e delegadas ao longo dessa semana e todos têm me dito que saem desses debates muito mais energizados e bem preparados para enfrentar nossos desafios. Outro aspecto importante é acompanhar as intervenções em plenário e confirmar, mais uma vez, a qualidade e o preparo de nossos dirigentes e militantes. Por isso somos, disparados, a melhor Central sindical do Brasil”.

Para o presidente Vagner Freitas, a Plenária foi uma das mais importantes da história da Central. “A unidade com os movimentos sociais confirmada por esta Plenária, nosso posicionamento frente ao período eleitoral, a reação da direita a nossas ações comprovam que somos protagonistas no enfrentamento da elite preconceituosa e antinacionalista”, disse. E lançou um desafio: “Em cada esquina onde houver um conservador ou direitista falando inverdades, haverá um ou uma militante desta Central fazendo o debate político qualificado”.


Isaías Dalle e William Pedreira - 1º/8/2014

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