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São Paulo - O bancário Eurípedes Batalha sai da sua casa às 7h, apressado como sempre, já que precisaria cruzar a capital paulista para chegar à agência em que trabalha no centro da cidade antes das 9h. Batalha sabe que o dia será longo e, sendo muito otimista, o expediente se estenderá até às 18h. Porém, o bancário já está mais que acostumado a ultrapassar a jornada de 10 horas diárias em uma, duas, três horas, ou até mesmo entrar pela madrugada nos dias mais complicados. E sem receber nada a mais por isso.
Se a rotina de Eurípedes Batalha lhe causou estranheza, é preciso que entenda que esse era o cotidiano do bancário em 1922, quando iniciava a sua carreira no Banco do Estado de São Paulo. Um ano depois, em abril de 1923, nascia a Associação dos Funcionários de Bancos de São Paulo, a primeira do país. Seu primeiro estatuto foi aprovado em assembleia, no dia 16 de abril, da qual participaram 84 bancários. Batalha estava lá.
Num primeiro momento, a Associação buscava se credenciar junto aos bancários e criar uma identidade própria, pois, naquele período, muitos trabalhadores entendiam-se como comerciários. Para criar proximidade, a atuação da entidade nos primeiros anos caracterizou-se por manter atividades instrutivas e recreativas para a categoria, desvinculadas de qualquer orientação política.
A aproximação gerou organização e mobilização e, menos de 10 anos depois, em 1932, acontecia a primeira greve de bancários da história, quando em Santos funcionários do Banespa reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. Preso à sua dura rotina em São Paulo, Batalha ficou de fora dessa.
Porém, na mesma época, o bancário já se engajava em uma luta que iria melhorar bastante o seu cotidiano. Em novembro de 1933, após muita luta da categoria, uma grande conquista: a jornada de trabalho da categoria foi reduzida para seis horas diárias, mudando a vida de milhares de trabalhadores. Uma herança que Eurípedes Batalha e seus companheiros da Associação deixaram para os bancários dos dias de hoje.
Após aquela conquista, a Associação dos Funcionários de Bancos do Estado de São Paulo tornou-se o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região que todos os dias luta, ao lado dos trabalhadores, seja na defesa da jornada e outros tantos direitos que os bancos teimam em desrespeitar, seja na luta por novas conquistas que só vêm mesmo com a união da categoria. E o Eurípedes Batalha, que tanto lutou no início dessa história, hoje está vivo em cada trabalhador mobilizado por seus direitos e por uma sociedade melhor e mais justa. Como tantos personagens anônimos e tão essenciais à nossa história, Batalha é o retrato da vida dos trabalhadores antes dos sindicatos e depois dos sindicatos.
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> Leia todas as matérias da série Antes do Sindicato / Depois do Sindicato
Felipe Rousselet - 27/8/2015
Se a rotina de Eurípedes Batalha lhe causou estranheza, é preciso que entenda que esse era o cotidiano do bancário em 1922, quando iniciava a sua carreira no Banco do Estado de São Paulo. Um ano depois, em abril de 1923, nascia a Associação dos Funcionários de Bancos de São Paulo, a primeira do país. Seu primeiro estatuto foi aprovado em assembleia, no dia 16 de abril, da qual participaram 84 bancários. Batalha estava lá.
Num primeiro momento, a Associação buscava se credenciar junto aos bancários e criar uma identidade própria, pois, naquele período, muitos trabalhadores entendiam-se como comerciários. Para criar proximidade, a atuação da entidade nos primeiros anos caracterizou-se por manter atividades instrutivas e recreativas para a categoria, desvinculadas de qualquer orientação política.
A aproximação gerou organização e mobilização e, menos de 10 anos depois, em 1932, acontecia a primeira greve de bancários da história, quando em Santos funcionários do Banespa reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. Preso à sua dura rotina em São Paulo, Batalha ficou de fora dessa.
Porém, na mesma época, o bancário já se engajava em uma luta que iria melhorar bastante o seu cotidiano. Em novembro de 1933, após muita luta da categoria, uma grande conquista: a jornada de trabalho da categoria foi reduzida para seis horas diárias, mudando a vida de milhares de trabalhadores. Uma herança que Eurípedes Batalha e seus companheiros da Associação deixaram para os bancários dos dias de hoje.
Após aquela conquista, a Associação dos Funcionários de Bancos do Estado de São Paulo tornou-se o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região que todos os dias luta, ao lado dos trabalhadores, seja na defesa da jornada e outros tantos direitos que os bancos teimam em desrespeitar, seja na luta por novas conquistas que só vêm mesmo com a união da categoria. E o Eurípedes Batalha, que tanto lutou no início dessa história, hoje está vivo em cada trabalhador mobilizado por seus direitos e por uma sociedade melhor e mais justa. Como tantos personagens anônimos e tão essenciais à nossa história, Batalha é o retrato da vida dos trabalhadores antes dos sindicatos e depois dos sindicatos.
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Felipe Rousselet - 27/8/2015