São Paulo – O Banco do Brasil teve lucro líquido ajustado de R$ 5,2 bilhões no primeiro semestre de 2017, crescimento de 67,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi influenciado principalmente pelo aumento da receita com tarifas, em 10%, e pela redução nas despesas com PDD (Provisão para Devedores Duvidosos).
Para o dirigente do Sindicato e bancário do BB Diego Pereira, o balanço do banco no semestre revela a opção da atual gestão, sob ordens do governo Temer, de abrir mão do papel social da instituição, como banco público, para aproximá-la cada vez mais de uma lógica exclusivamente de mercado, a mesma dos bancos privados.
“A redução de 2% nas despesas com pessoal levou o índice de eficiência para 38,9%, o patamar mais baixo da história. Isso revela a atual política da direção do banco, que, assim como os privados, utiliza a redução permanente de pessoal como prática de gestão. As demissões incentivadas, reestruturações constantes e descomissionamentos em massa são reflexos dessa política agressiva de busca de índices de eficiência cada vez menores”, critica Diego.
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Nos últimos 12 meses, o BB reduziu o número de funcionários em 10.012 trabalhadores, sendo 361 postos de trabalho a menos apenas nos últimos três meses. Além disso, foram fechadas 543 agências. Ao mesmo tempo, o número de clientes aumentou em 1,379 milhão. Se em junho de 2016 cada bancário de agência cuidava em média de 440 contas correntes, em junho deste ano esse numero subiu para 564 contas, crescimento de 28%.
“O que acontece hoje no BB é um grande processo de desmonte. Com a redução do quadro de funcionários e o fechamento de agências sofrem o bancário, que está extremamente sobrecarregado, e o cliente, que tem o atendimento precarizado. Sendo que só com o que arrecada com tarifas cobradas dos clientes, receita que alcançou mais de R$ 12 bi no semestre, o BB cobre em 114% suas despesas com pessoal”, destaca o dirigente do Sindicato.
Redução no crédito – Nos últimos 12 meses, a carteira de crédito ampliada do BB apresentou redução de 7,6%. A carteira de crédito PJ recuou 15,4% e a carteira PF, 2%. Já o crédito imobiliário teve avanço de 8% no período.
“Em 2013, apenas quatro anos atrás, o BB divulgou aumento de 78% em 12 meses, muito superior aos tímidos 8% atuais. Essa brusca diminuição do interesse do banco por financiamentos imobiliários é mais um indício do caminho adotado pelo governo Temer em relação ao BB. O abandono do seu importante papel para o desenvolvimento do país, com a promoção de medidas anticíclicas e a redução do custo do crédito, transformando-o em um banco coadjuvante, subordinado apenas aos interesses do mercado”, avalia Diego.
O dirigente enfatiza que, para barrar a retirada de direitos dos funcionários, o rebaixamento na remuneração com os descomissionamentos e a piora nas condições de trabalho acarretada pela redução no quadro e fechamento de agências, os bancários precisam estar mobilizados, ao lado do Sindicato, para defender o BB como banco público.
“O que ocorre no Brasil hoje é um ataque pelo governo Temer às empresas estatais e ao funcionalismo. Uma mudança de política de Estado. Se não defendermos o papel social do BB como banco público, explicando para a população a sua importância, vamos assistir o fim dos nossos direitos e empregos. O momento é de mobilização e luta. Não ao desmonte do BB e demais estatais! Não à terceirização! Não à precarização das relações de trabalho! Não à reforma da Previdência! Pelo fora Temer e eleições diretas para a Presidência, Câmara e Senado!”, conclama.