Discursos religiosos e biológicos têm sido utilizados para naturalizar o preconceito contra as populações trans e travestis, como denunciam ativistas que lutam pela visibilidade da causa. Reconhecidos muitas vezes por meio de estatísticas informais que revelam o genocídio dessas pessoas, a discussão ganhou destaque na quinta -feira 16, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, sob o tema "A exclusão de pessoas trans e travestis – uma questão social".
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
"É importante que isso esteja ocorrendo no Nordeste, que tem produzido debates intelectuais altamente qualificados", analisa a ativista independente, mulher negra e trans Neon Cunha ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a região concentra o maior número de assassinatos: são 69 casos, que correspondem a 39% de todos os registros feitos pelo Brasil em 2017.
Para Neon, a violência contra essas populações é alimentada por "discursos religiosos e uma pretensa ideia de naturalidade, a partir da biologia". "É dizer que existe uma ciência que tem promovido a eugenia, identificando quais são as vidas e os corpos legítimos dentro de uma pretensa normalidade com viés de moralidade", declara.
A abertura do 1º Ciclo Estadual de Conferências Sobre Identidade Trans e Travesti na Uneb, que se encerrou no dia 17, é avaliado pela presidente da ONG Amapô SP, Nicolle Mahier, como a comprovação do quanto essa população está à margem da sociedade. "A gente começa a falar que sim, o genocídio da população trans existe e não são apenas crimes de intolerância, são crimes de ódio e com resquícios de brutalidade muito forte".
Ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual.