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Chapéu
USO DO SOLO EM DEBATE

Agropecuária e uso do solo agravam quadro de mudanças climáticas, alerta IPCC

Linha fina
Relatório divulgado nesta quinta 8, mostra que há um ciclo que contribui para o aquecimento global criado a partir do desmatamento de áreas verdes para produção de gados, responsáveis pela emissão de metano, um dos gases de efeito estufa
Imagem Destaque
Arquivo EBC

A agropecuária, silvicultura e outros tipos de uso da terra já correspondem a quase um quarto das emissões humanas de gases de efeito estufa, de acordo com relatório divulgado na quinta-feira 8, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre os impactos do uso do solo na produção de alimentos e do clima.

A reportagem é da Rede Brasil Atual.

Como boa parte das emissões de metano, um dos gases que mais contribuem com o efeito estufa, vem do gado, práticas como a pecuária extensiva ou a agricultura comercial, em que grandes áreas verdes são desmatadas para pastagem desses animais, acabam por agravar o quadro de mudanças climáticas. A degradação da terra ainda traz outro tipo de prejuízo ao meio ambiente pois, segundo o presidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, Hans-Otto Pörtner, “os processos naturais do solo absorvem (um volume de) dióxido de carbono equivalente a quase um terço das emissões de dióxido de carbono oriundas de combustíveis fósseis e da indústria”.

Todo esse ciclo levou os avaliadores do IPCC a alertarem os governos de todo mundo de que é impossível conter as mudanças climáticas sem alterar o uso do solo e a forma como se produzem alimentos mundialmente. Pelo menos desde 1988 o órgão vem sendo responsável por fornecer internacionalmente conhecimentos científicos sobre as mudanças climáticas, suas implicações, riscos, além de propor estratégias de mitigação.

Entre as medidas propostas, o documento aponta para o uso mais sustentável da terra, tanto na gestão do solo pela agricultura e silvicultura como no seu uso por setores de energia e em processos industriais. “As escolhas que fazemos sobre a gestão sustentável do solo podem ajudar a reduzir e, em alguns casos, a reverter esses impactos adversos”, diz Kiyoto Tanabe, copresidente da Força-Tarefa sobre Inventários Nacionais de Gases do Efeito Estufa. “Num futuro com chuvas mais intensivas, o risco de erosão do solo em terras agrícolas aumenta, e a gestão sustentável do solo é uma forma de proteger as comunidades dos impactos prejudiciais dessa erosão e de deslizamentos de terra. Contudo, existem limites ao que pode ser feito, de modo que, em outros casos, a degradação pode ser irreversível.”

Reflexão sobre o consumo e o desperdício

De acordo com os avaliadores, a redução nas emissões de gases de efeito estufa por parte de todos esses setores “é essencial para que o aquecimento global seja mantido abaixo dos 2ºC ou até mesmo abaixo de 1,5°C”, como estabelecido em 2015 pelo Acordo de Paris.

O IPCC também chama atenção para a necessidade de redução do consumo excessivo e do desperdício de alimentos, ações que, segundo os pesquisadores, também contribuem para a diminuição das emissões de gases que agravam o aquecimento global, além de melhorar a segurança alimentar. A verdade é que o desperdício de alimentos e resíduos varia entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, ainda assim, um terço dos alimentos produzidos é perdido.

No tocante à segurança alimentar e refletindo sobre o consumo de carnes produzidas a partir da pecuária extensiva, por exemplo, o relatório aconselha uma dieta balanceada com alimentos à base de plantas, grãos, leguminosas, frutas e vegetais, ou mesmo de origem animal baseadas em um modelo sustentável, de baixa emissão de gases de efeito estufa. Ou seja, uma produção mais concentrada que não alimente o ciclo de desflorestamento para pastagem de gados que emitem metano. Nessa questão, o relatório também adverte para a eliminação do desmatamento e da queima das florestas.

Com informações da ONU

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