O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 8,8 bilhões no 1º semestre de 2023, uma queda de 36,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Já na comparação trimestral, houve crescimento de 5,5%, uma vez que o resultado do 2º trimestre foi de R$ 4,52 bilhões, frente ao lucro de R$ 4,28 nos três primeiros meses do ano.
O retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) ficou em 11,1%, queda de 7,1 pontos percentuais (p.p.) em doze meses.
PLR
O resultado semestral do Bradesco ainda sofre o impacto do caso Lojas Americanas, que em janeiro divulgou ao mercado a detecção de inconsistências contábeis de exercícios anteriores de cerca de R$ 20 bilhões, dos quais o Bradesco é um dos principais bancos afetados.
Uma das consequências do caso Lojas Americanas é justamente o aumento das despesas com PDD, que cresceram 44,7% em 12 meses, o que acarreta na redução do lucro e, por consequência, impacta na PLR dos bancários.
Por outro lado, a redução das despesas do PDD do primeiro para o segundo trimestre, de 3,2% - somado ao aumento do lucro de 5,5% no mesmo período - indicam uma tendência positiva para o resultado do Bradesco no decorrer do ano.
"A queda no lucro do Bradesco, quando comparamos o primeiro semestre deste ano com o mesmo período do ano passado, não é responsabilidade dos bancários. Em grande parte, é decorrência da irresponsabilidade de megaempresários. Responsabilidade também do próprio Bradesco, que não identificou os riscos envolvidos com a Americanas e seus controladores. Os bancários não podem pagar pela irresponsabilidade de terceiros e da própria gestão do banco"
Marcio Vieira Rodrigues, coordenador do coletivo do Bradesco no Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
"O trio de bilionários não devem ficar impunes. Eles não arcam com impostos sobre dividendos e colocam em risco o emprego de milhares de trabalhadores diretos e indiretos. Isso somente reafirma a fragilidade do mercado financeiro privado, que assume uma ganância pelo capitalismo na busca de resultados imediatos. É necessário a fiscalização e pressionar os órgãos competentes para que os trabalhadores não sejam lesados pela incompetência destes empresários", acrescenta.
Emprego
Mesmo com lucro muito expressivo no semestre e o crescimento registrado entre o primeiro e segundo trimestres do ano, o Bradesco segue eliminando posto de trabalho.
Além disso, em doze meses foram fechadas centenas de locais de atendimento ao cliente (agências, PABs e unidades de negócios).
“Não existe qualquer justificativa para que o Bradesco, com este lucro expressivo, siga demitindo e fechando unidades. Além de colocar pais e mães de família no desemprego, este tipo de gestão sobrecarrega os bancários que permanecem na instituição e prejudica o atendimento aos clientes”, avalia o dirigente do Sindicato.
“Uma completa falta de responsabilidade e respeito por parte de um banco que opera como concessão pública e que, portanto, deveria oferecer contrapartidas para a sociedade brasileira. Realmente, a vergonha continua Bradesco”, acrescenta Marcio.
Apenas com o que arrecada com prestação de serviços e tarifas bancárias, uma receita secundária, o Bradesco cobre com folga o total das suas despesas com pessoal.
Outros números
A Carteira de Crédito Expandida do banco apresentou alta de 1,6% em doze 1meses, somando R$ 868,7 bilhões em junho de 2023.
A carteira de pessoa física cresceu 5,7% em doze meses, totalizando R$ 361,1 bilhões e representando 41,6% do saldo total das operações de crédito do banco. Os destaques desse segmento foram o cartão de crédito (alta de 14,1% em doze meses), o crédito rural (+12,9%) e o imobiliário (+7,5%).
O segmento pessoa jurídica apresentou queda de 1,2% no período, totalizando R$ 507,6 bilhões. O saldo da carteira de grandes empresas caiu 0,7%, enquanto o das micro, pequenas e médias empresas, registrou queda de 2,1%.
A taxa de inadimplência superior a 90 dias ficou em 5,9% em junho de 2023, com alta de 2,4 p.p. em comparação ao mesmo período de 2022.