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Quase 8 milhões no plebiscito da reforma política

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E 97% votaram “sim”. Resultados serão levados aos três poderes da República nos dias 14 e 15 de outubro para pressionar pela instituição de uma consulta oficial nos mesmos moldes
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São Paulo – Com mais de 90% das urnas apuradas em todos os estados do país, 7,754 milhões de cidadãos participaram do Plebiscito Constituinte pela Reforma Política. A consulta popular esteve na internet e nas ruas de todo o Brasil entre os dias 1º e 8 de setembro perguntando aos cidadãos sobre a criação de uma Assembleia Constituinte para reestruturar o sistema eleitoral brasileiro. E a esmagadora maioria, mais precisamente 97,05% do total apurado, optou pelo “sim”, ou seja, pela criação desse colegiado para promover a reforma política.

“É um resultado extraordinário levando em consideração a força contrária em relação ao plebiscito, fundamentalmente a de não dar voz ao processo na mídia tradicional, que mais uma vez ignorou um ato de cidadania, como se isso não tivesse a mínima importância”, declarou o presidente da CUT, Vagner Freitas, durante a coletiva de imprensa (foto abaixo), na quarta 24,  que divulgou os resultados.

Houve, ainda, 2,57% de votos para o “não” e 0,37% de brancos e nulos. O plebiscito foi promovido por movimentos sociais, como a CUT e o Sindicato, e não tem poder legal, já que apenas o Congresso Nacional pode criar uma consulta oficial nos mesmos moldes.

Os 90% de votos apurados levam em conta cédulas convencionais e via internet. Ao todo, foram 40 mil urnas físicas espalhadas por dois mil comitês distribuídos por todos os estados do país.

“Como é que vai fazer a reforma agrária com mais de 160 ruralistas no Congresso Nacional? Quando serão aprovadas as 40 horas semanais de trabalho com mais de 270 empresários no Congresso Nacional? Quando o aborto será descriminalizado com menos de 10% de mulheres no Congresso Nacional?”, questionou o integrante da Secretaria Operativa Nacional do Plebiscito Constituinte pela Reforma Política, Júlio Turra, defendendo a necessidade de mudanças no sistema vigente.

Para João Paulo Rodrigues, outro integrante da Secretaria e da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), a votação foi resultado das mobilizações de rua que ocorreram em todo o país em junho do ano passado.

“As pessoas que foram às ruas disseram ‘queremos mudanças, queremos melhorias nas políticas publicas’ e somente com essa forma de representatividade [como o plebiscito] nós conseguiremos”, afirmou.

Vagner Freitas ressaltou a participação da juventude na mobilização pela reforma política, mesmo com as denúncias de proibição do governador Geraldo Alckmin de levar as urnas do plebiscito às escolas estaduais.

> Governo Alckmin impede votação e discussão de plebiscito nas escolas

“Eu até entendo, porque ele é defensor do financiamento empresarial. Se não fosse, duvido que com a força popular conseguiria que o partido dele tivesse a representação que tem hoje no Congresso Nacional”, criticou.

Pressão em Brasília – Agora o passo seguinte será levar os resultados do plebiscito aos três poderes da República para cobrar pela instituição de uma consulta nos mesmos moldes, mas oficial. E isso será feito nos dias 14 e 15 de outubro em um grande ato público.

“Só tem um jeito de a nossa proposta ser vitoriosa, que é igual a fazer feijão: panela de pressão. Com oito milhões de pessoas se manifestando, é óbvio que existe caldo na sociedade”, afirmou o presidente da CUT. “A única forma de fazermos a nossa proposta andar é pressionar, organizadamente, dentro do Congresso e fora dele, ganhado a consciência popular das pessoas”, finalizou Vagner Freitas.


Rodolfo Wrolli - 24/9/2014
(Atualizado às 17h43)

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