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RdB aborda bancos e seus ganhos com a crise

Linha fina
Edição de setembro mostra como instituições financeiras mantêm seus lucros nas alturas apostando em desemprego e títulos da dívida pública, sem nenhum compromisso com desenvolvimento do país
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São Paulo – Com os bancários em plena campanha por melhor remuneração e condições de trabalho, a Revista do Brasil de setembro traz na capa reportagem sobre o sistema bancário brasileiro e seus altíssimos ganhos mesmo com o país em crise. Enquanto a previsão para a variação do PIB para os próximos dois anos é de menos 2%, os lucros dos três maiores bancos privados no país crescem, e muito: o resultado líquido do Itaú no primeiro semestre deste ano (R$ 11,942 bilhões) é 25,7% superior ao do mesmo período de 2014; o do Bradesco é 20,6% maior (R$ 8,8 bilhões); e o do Santander cresceu 15,5% (R$ 3,3 bilhões). Somados ao BB e à Caixa, os cinco maiores bancos lucraram, juntos, R$ 36,3 bi, crescimento de 27,3% em relação ao primeiro semestre de 2014.

A receita para esse desempenho? Extinção de empregos, rotatividade (os recém-contratados têm salários bem menores que os demitidos) e terceirização. Além dos ganhos com a dívida pública. “Na comparação com o primeiro semestre de 2014, o resultado do Itaú Unibanco com Títulos e Valores Mobiliários (TVM) cresceu 95,1%, o do Bradesco 44,8% e o do Santander 64,5%. Os três somados arrecadaram R$ 62,6 bilhões com TVM, em que tem grande peso os títulos da dívida da União remunerados com base na taxa básica de juros do Banco Central, a Selic, que está em 14,25% e proporciona ganhos reais (acima da inflação), próximos de 4% ao ano”, informa a revista.

Ouvido pela reportagem, o economista e professor da Unicamp José Carlos Braga, denuncia: “O sistema bancário do país não é partícipe do processo de industrialização como é tradição dos países em que políticas industriais se desenvolveram e se internacionalizaram. Desde o Plano de Metas de JK, nos anos 1950, constituiu-se um sistema bancário privado inapto a apoiar o desenvolvimento”.

E o governo brasileiro, que no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff ensaiou frear o financismo – baixando sucessivamente a Selic até o menor patamar histórico de 7,25% ao ano e forçando a concorrência entre os bancos com a queda dos juros das instituições públicas, BB e Caixa – recuou da batalha, frente à resistência de setores poderosos: “Se a trajetória do sistema bancário brasileiro sempre foi de papel passivo na economia, beneficiário dos títulos da dívida pública, faltou ousadia ao governo para reverter”, afirma o economista.

Outras reportagens – O número 110 da RdB traz ainda reportagem sobre a matriz energética brasileira e os desafios da energia limpa; sobre as perspectivas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) diante de seu 12º Congresso, em outubro; sobre as iniciativas dos governo de Goiás, Pará (ambos do PSDB) e Espírito Santo (do PMDB) de privatizar a gestão de escolas públicas. Traz ainda reportagens sobre cultura (os 80 anos de Geraldo Vandré), mundo (O negócio global da droga) e uma entrevista com a jornalista Daniela Arbex, autora de reportagens contundentes que se transformaram em livros como O Holocausto Brasileiro. Além dos textos dos articulistas Marcio Pochmann, Lalo Leal e Emir Sader.

Receba em casa – Os textos da Revista do Brasil podem ser lidos na íntegra pelo www.redebrasilatual.com.br. Bancários sindicalizados também podem recebê-la, gratuitamente, em casa. Para isso, é só se cadastrar pelo site do Sindicato (clique aqui).


Redação – 17/9/2015
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