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Bancos propõem que categoria tenha perda real de 2,8% e podem jogar categoria na greve

Linha fina
Assembleias acontecem dia 01/09 em todo o país para definir se haverá greve a partir do dia 06; Na mesa de negociação, bancos também não resolvem o problema das demissões na categoria
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Enquanto propõem perda real de 2,8% para a categoria bancária, os bancos praticam elevada política de remuneração para seus altos executivos. Em 2014 e 2015 os bancários tiveram ganho real acumulado de 2,1%, e a proposta atual faz a remuneração da categoria regredir mais de dois anos.

A remuneração total anual média de um diretor executivo do Itaú, por exemplo, em 2016 será de R$ 12,5 milhões, no Santander R$ 7 milhões e no Bradesco R$ 5,3 milhões, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Um executivo do Itaú recebe anualmente 255 vezes o valor da remuneração anual de um escriturário, considerando salário, ticket refeição, alimentação e PLR. No Santander a diferença é de 145 vezes e no Bradesco 110 vezes.

A proposta dos bancos foi de 6,5% de reajuste com R$3.000 de abono para os trabalhadores. O que representa perda real de 2,8% (de acordo com a inflação de 9,57%).

O Comando Nacional dos bancários vai indicar a rejeição da proposta nas assembleias e a categoria pode entrar em greve a partir do dia 06.

“Enquanto oferecem um reajuste abaixo da inflação para os trabalhadores, elevam mais de 70 pontos percentuais as taxas de juros dos clientes, com cheque especial a 318,4% ao ano, com alta de 71,5 pontos percentuais em 12 meses. Lucram R$ 30 bilhões no semestre e fecham 7.897 postos de trabalho somente de janeiro a julho deste ano. Haverá assembleia no dia 01 em todo o país e vamos indicar a rejeição da proposta”,  disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

“Foram seis rodadas de negociação com os bancos e a proposta apresentada não contempla reivindicações importantes, como o reajuste do auxílio creche babá, que hoje está no valor de R$ 337, melhoria das condições de trabalho e fim do assedio moral”, disse Ivone Maria da Silva, secretaria geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

“A Fenaban quer impor o retrocesso com perdas nos salários. O reajuste proposto é muito ruim, não cobre nem a inflação. Em doze anos, conquistamos muitos avanços para categoria, com aumento real e não vamos retroceder. Os bancos estão jogando os bancários para a greve. Mais do que nunca, só a nossa luta irá garantir nossas conquistas. Estamos em um momento complicado, com ataque aos direitos dos trabalhadores, mas mobilização e unidade não faltarão à nossa categoria”, afirmou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários.

Lucro - Não há crise para o setor bancário. O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), nos seis primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 29,96 bilhões. Dos 25 setores com empresas de capital aberto avaliados pela Consultoria Economatica o setor bancário foi o de maior lucratividade no primeiro trimestre deste ano. As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceram 6,2% atingindo o valor de R$ 26,582 bilhões.

Apesar dos lucros bilionários o banco vem reduzindo a participação dos trabalhadores na riqueza gerada por eles mesmos. Entre 1999 e 2006 a parcela do valor adicionado nos bancos destinado a seus trabalhadores era de 46% e entre 2007 e 2014 tal parcela caiu para 39%. Por outro lado o percentual destinado aos acionistas subiu de 29% para 36%.

Campanha 2016 - A categoria entregou a pauta de reivindicações no dia 09 de agosto. Já foram discutidos os temas emprego, saúde, segurança e condições de trabalho, igualdade de oportunidades e remuneração. Data-base da categoria é 1º de setembro.

Dados da Categoria - Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional. Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. São cerca de 512 mil bancários no Brasil, sendo 142 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país. Nos últimos doze anos, a categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2015 de 20,85% e 42,1% no piso.

 Principais reivindicações Campanha Nacional Unificada 2016:
•      Reajuste Salarial de 14,78%, sendo 5% de aumento real, com inflação de 9,31%
•      PLR – três salários mais R$ 8.297,61
•      Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24)
•      Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá  – Salário Mínimo Nacional (R$ 880)
•      14º salário;
•      Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários;
•      Emprego – Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e precarização das condições de trabalho
•      Melhores condições de trabalho nas agências digitais
•      Mais segurança nas agências bancárias
•      Auxílio-educação

 

Cecilia Negrão
Assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região -
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