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Golpe na democracia repercute muito mal

Linha fina
De ex-ministro de FHC a acadêmicos, críticas a processo que cassou mandato da presidenta Dilma Rousseff foram imediatas
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São Paulo – Depois de consumada a cassação do mandato da presidenta Dilma Rousseff na quarta-feira 31, a repercussão negativa sobre o processo de impeachment que conduziu definitivamente Michel Temer à Presidência foi imediata.

Paulo Sérgio Pinheiro, titular da pasta de Direitos Humanos no governo de Fernando Henrique Cardoso, criticou: “É um desastre para o Brasil. Um desastre que esse vice se torne presidente. Ele não se torna legítimo porque esse processo é totalmente ilegítimo. A crise política vai continuar, vai se agravar a tensão social, um governo totalmente antipopular, disposto a usar a lei antiterrorismo. Então, as perspectivas são as piores possíveis”.

“Esse processo já está marcado desde o seu início, foi produto de uma conspiração palaciana e parlamentar. Estamos agora na mesma galeria de Honduras e Paraguai. É grotesco, porque não há nenhum crime de responsabilidade e isso foi provado pelo Ministério Público Federal”, acrescentou.

Já o professor de Gestão Pública da USP Pablo Ortelado apontou que as medidas defendidas por Temer como, por exemplo, o congelamento de gastos públicos com Saúde e Educação pelos próximos 20 anos e as reformas previdenciárias e trabalhistas, dificilmente seriam aprovadas em eleição. “Ele vai aproveitar que passou sem o aval das urnas para tentar implementá-lo [programa de governo] nesses dois anos”, avalia.

Para o sociólogo Jessé de Souza, o impeachment foi um processo ilegítimo. “O que houve com o impeachment foi uma usurpação, porque ficou óbvio que foi um pretexto e não tem nenhuma legitimidade. Não houve crime, a presidenta não é corrupta, ela pode ser tudo, mas ela não é corrupta. As pessoas sabem. E o crime de responsabilidade tem a ver com isso”.
Por sua vez, o ex-presidente do PSB e um dos coordenadores da Frente Brasil Popular, Roberto Amaral, alerta para o aumento da repressão contra os movimentos sociais e sindicais. Para ele, o programa de governo de Temer vai “requerer repressão do movimento sindical em geral, em particular dos petroleiros, e dos movimentos do campo”.

Volta do neoliberalismo – Para o economista Márcio Pochmann, a chegada de Temer à Presidência marca o retorno das políticas econômicas neoliberais. “Essa vitória do impeachment e a ascensão do governo de Michel Temer se reconecta com as forças neoliberais dos anos 1990 e anuncia uma fase de retrocesso nos direitos sociais e trabalhistas que foram estabelecidos pela Constituição de 1988”.

Para resistir às ameaças aos direitos dos trabalhadores, que ganham força com Temer na Presidência, o professor e escritor José Arrabal, preso e torturado pela ditadura, aponta o caminho: “Diante da queda de Dilma e das dificuldades que se prenunciam com o governo ilegítimo de Michel Temer, reveladas pela PEC 241, o que há a se fazer é levantar, respirar, retomar as forças e seguir adiante com firmes convicções de que a história jamais caminha em linha reta, e se constrói através do tempo”.

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Redação, com informações da Rede Brasil Atual – 1º/9/2016  
 
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