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Partidos não querem que Espanha reconheça Temer

Linha fina
Segundo Podemos e Esquerda Unida, é responsabilidade da comunidade internacional não reconhecer um governo que "preferiu chegar ao poder por esta via ilegítima"
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São Paulo – O partido político da Espanha Podemos divulgou nota oficial reivindicando que o Estado espanhol não reconheça o governo de Michel Temer que "alcançou o poder de maneira ilegítima como consequência da destituição da presidenta Dilma (Rousseff)”. Os parlamentares ligados ao Podemos reiteraram ainda uma petição protocolada em maio para a vice-presidenta da União Europeia, Federica Mogherini, que pede que o bloco não mantenha relações comerciais com o Brasil após o impeachment.

“Pedimos a nosso governo que não esqueça o compromisso com a democracia que deve guiar como princípio fundamental nossa política exterior”, diz a nota. “Nosso compromisso com a democracia se manteve, se mantém e se manterá sempre firme, e temos claro que há uma máxima que deixa pouco lugar para a interpretação: em uma democracia os mandatos se ganham e se mudam nas urnas.”

O partido Esquerda Unida (IU, na sigla em espanhol) também reivindicou ao Executivo que não reconheça o governo de Michel Temer. A deputada responsável pela área de política internacional do partido, Marina Albiol, condenou a “consumação do golpe de Estado no Brasil contra a presidenta Dilma Rousseff.”

O Podemos lembra que o Senado brasileiro, que votou pelo impeachment, tem pelo menos 60% dos seus integrantes acusados de corrupção, que Dilma foi democraticamente eleita há dois anos com mais de 54 milhões de votos e que três ministros do então governo interino de Michel Temer caíram por envolvimento com desvio de dinheiro.

Segundo os parlamentares, a “engenharia legislativa” do Congresso brasileiro se sobrepôs à “vontade democrática do povo” e é “responsabilidade da comunidade internacional não reconhecer um governo que preferiu chegar ao poder por esta via ilegítima em vez de esperar uma nova eleição”.

“É imprescindível que se respeite a vontade do povo brasileiro e que se modifique esse mandato pela única via democraticamente aceitável: vencer nas urnas”, diz o texto. “Não podemos permitir que o plano de restauração conservadora na América Latina, que busca pôr fim a uma década de redução de desigualdades, inclusão cidadã dos setores mais marginalizados e avanços na integração regional e na soberania, ponha em xeque a democracia em nosso continente irmão.”

A imprensa espanhola deu destaque hoje ao impeachment e às manifestações contrárias à decisão do Senado. A agência EFE afirmou que o Brasil deu um “giro à direita” com a posse de Michel Temer. O jornal La Vanguardia chamou a atenção que os protestos contrários ao impeachment ocorreram em pelo menos dez estados e que em São Paulo os simpatizantes de Dilma tiveram que enfrentar a Polícia Militar. O periódico destacou ainda que Temer está disposto a privatizar “tudo o que for possível”.


Rede Brasil Atual - 2/9/2016
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