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Setor mais lucrativo do país mantém perda salarial para os trabalhadores

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Índice foi rejeitado na mesa pelo Comando Nacional dos Bancários; Greve continua nesta segunda-feira (12), quando completa sete dias
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A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) chamou nesta sexta-feira (09) os bancários para apresentar nova proposta de reajuste para a categoria, no valor de 7% (com 2,39% de perda salarial) e abono de R$3.300. O Comando Nacional dos Bancários considerou a proposta insuficiente e já rejeitou na mesa de negociação.

Uma nova negociação acontece nesta terça-feira (13) às 14h. Até lá a greve esta mantida. A próxima assembleia (organizativa) será realizada na segunda-feira (12), na Quadra dos Bancários, a partir das 17h.

“Além de apresentar perda real nos salários, a proposta não dialoga com questões fundamentais, como condições de trabalho e emprego. No primeiro semestre 25% das negociações conquistaram ganho real, mesmo em setores muito menos lucrativos do que os bancos", disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “O setor mais lucrativo do país negou as principais reivindicações da categoria, com o argumento que a economia esta incerta, mas só no primeiro semestre os bancos tiveram um resultado de R$ 107,2 bilhões com títulos, muito influenciados pelo elevado patamar da taxa Selic no país. Enquanto todos perdem os bancos seguem ganhando”.

“A Fenaban continua querendo impor aos bancários um reajuste que não queremos, abaixo da inflação, e com artifícios para compensar as perdas deste índice rebaixado. Nossa resposta já está dada, vamos continuar lutando e esperamos que na próxima rodada de negociação os bancos nos apresentem uma proposta decente. Unidade e mobilização não faltam à categoria, que já mostrou sua força nesta primeira semana de greve, quando batermos o recorde de paralisações no primeiro dia”, afirma Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. 

Quatro dias de greve - Um balanço feito pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região mostra que 890 locais de trabalho, sendo 17 centros administrativos e 873 agências fecharam nesta sexta-feira (09), quarto dia de greve dos bancários, na base do Sindicato (São Paulo, Osasco e Região). Estima-se que 50 mil trabalhadores participaram das paralisações.

Dados:

Taxa de Juros – A taxa de juros, mantida alta, encarece o crédito e contribui para inibir o consumo das famílias e o investimento das empresas, fatores necessários para a retomada do crescimento. Em junho de 2016 os juros do cartão de crédito chegam a 447,44% ao ano e os juros do cheque especial chegam a 286,27% ao ano. Os bancos e fundos de investimento são os principais beneficiários dessas elevações da Selic, já que detêm cerca de 44% da dívida pública e são altamente remunerados com a alta nos juros. O dinheiro hoje vai para pagar banqueiros e investidores.

Lucro – Não há crise para o setor bancário. O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), nos seis primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 29,7 bilhões. Dos 25 setores com empresas de capital aberto avaliados pela Consultoria Economatica o setor bancário foi o de maior lucratividade no primeiro trimestre deste ano. As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceram 8,7% atingindo o valor de R$ 55 bilhões. Apesar dos lucros bilionários o banco vem reduzindo a participação dos trabalhadores na riqueza gerada por eles mesmos. Entre 1999 e 2006 a parcela do valor adicionado nos bancos destinado a seus trabalhadores era de 46% e entre 2007 e 2014 tal parcela caiu para 39%. Por outro lado o percentual destinado aos acionistas subiu de 29% para 36%

Altos executivos – Enquanto propõem perda real de 2,39% para a categoria bancária, os bancos praticam elevada política de remuneração para seus altos executivos. Em 2014 e 2015 os bancários tiveram ganho real acumulado de 2,1%, e a proposta atual faz a remuneração da categoria regredir mais de dois anos. A remuneração total anual média de um diretor executivo do Itaú, por exemplo, em 2016 será de R$ 12,5 milhões, no Santander R$ 7 milhões e no Bradesco R$ 5,3 milhões, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Um executivo do Itaú recebe anualmente 255 vezes o valor da remuneração anual de um escriturário, considerando salário, ticket refeição, alimentação e PLR. No Santander a diferença é de 145 vezes e no Bradesco 110 vezes.

Dados da Categoria - Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional. Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. São cerca de 512 mil bancários no Brasil, sendo 142 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país. Representa trabalhadores dos bancos públicos e privados que atuam nos seguintes municípios: São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Caucaia do Alto, Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jandira, Juquitiba, Pirapora do Bom Jesus, Santana do Parnaíba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra, Vargem Grande Paulista.

Nos últimos doze anos, a categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2015 de 20,85% e 42,1% no piso.

Principais reivindicações Campanha Nacional Unificada 2016:
•      Reajuste Salarial de 14,78%, sendo 5% de aumento real, com inflação de 9,62%
•      PLR – três salários mais R$ 8.297,61
•      Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24)
•      Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá  – Salário Mínimo Nacional (R$ 880)
•      14º salário;
•      Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários;
•      Emprego – Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e precarização das condições de trabalho
•      Melhores condições de trabalho nas agências digitais
•      Mais segurança nas agências bancárias
•      Auxílio-educação

 

Cecilia Negrão
Assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região - 
(11) 99610-5594
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