Dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo revelam que o tempo de espera por uma consulta com especialista na rede de saúde da capital paulista voltou a subir. Apesar da promessa de que o prazo seria de até 60 dias, feita ainda na gestão do ex-prefeito e atual governador, João Doria (PSDB), e mentida pelo atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), os moradores do Itaim Paulista, na zona leste, chegam a ficar 148 dias – quase cinco meses – na fila de espera.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
Os moradores da região são os que mais sofrem com a demora, com prazo médio de 109 dias para conseguir uma consulta. Os bairros vizinhos de Itaquera e São Mateus têm prazos de 129 e 128 dias, respectivamente.
Em toda a cidade, o tempo médio de espera por uma consulta com especialista é de 85 dias. Em 2017, o prazo médio era de 73 dias. Os dados constam do boletim anual da Coordenação de Epidemiologia e Informação. A melhor situação é da região central, onde o tempo médio de espera é de 61 dias. Na zona oeste, são 66 dias, enquanto a sudeste tem prazo de 79 dias e a zona sul, de 88. A zona norte tem média de 85 dias, mas duas subprefeituras superam os 100 dias de espera: Freguesia do Ó/Brasilândia e Pirituba.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira, o aumento na espera por uma consulta com especialista está relacionado aos cortes orçamentários realizados pela gestão Covas. “Primeiro, há um desmonte feito com redução de orçamento. Eles fazem o orçamento, depois, no meio do ano, vão deliberando contingenciamentos. Com tanta demanda, com tanta necessidade de investimento em saúde, em educação e em outras áreas”, lamentou.
Terceirização
Outro problema destacado por Antiqueira é a falta de chamadas de aprovados em concursos públicos por determinação da área econômica, deixando as equipes com déficits graves, levando a maior demora por uma consulta com especialista. “Além disso, eles têm optado pelo processo de terceirização, entregando o atendimento, os serviços, para as organizações sociais de saúde (OSS). Que não tem fiscalização, a gente não sabe sequer se eles põe equipe mínimas pro atendimento”, criticou o presidente do Sindsep.
Já as consultas generalistas têm tempo médio de espera de 32 dias em toda a cidade. No entanto, há algumas discrepâncias entre as regiões. Enquanto a oeste tem o menor tempo médio de espera, 26 dias, na região sudeste a população aguarda quase dois meses por uma consulta com pediatra, ginecologista ou clínico geral: 49 dias. As regiões central (30), leste (28) e sul (27) estão dentro da média ideal de espera. Já a zona norte tem prazo de 32 dias.
O total de consultas realizadas na cidade de São Paulo também foi reduzido entre 2017 e 2018, nas gestões Doria e Covas. Em 2017 foram realizadas 34,6 milhões de consultas na rede municipal de saúde. No ano seguinte, foram 34,3 milhões. A maior redução foi nas consultas realizadas na Atenção Básica: de 15,3 milhões em 2017, para 14,5 milhões em 2018. Mas as consultas com especialistas também foram reduzidas: de 9,7 milhões para 9,5 milhões.